São Paulo, sexta-feira, 24 de junho de 2005

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VIOLÊNCIA

Em 2003, ele participou de depredação do Congresso

Agressor de equipe de TV trabalha para o PSTU em eleição sindical

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O principal suspeito de ter agredido a equipe de reportagem da TV Globo em frente à sede do PT, em São Paulo, é o mesmo que, em agosto de 2003, foi responsabilizado criminalmente pela depredação da fachada do Congresso. Nas duas ocasiões, Adriano Gomes da Silva, 25, foi flagrado pelas lentes de câmeras de TV.
A equipe da TV foi agredida a socos, chutes e pedradas na última terça-feira, por volta das 22h, quando se preparava para uma gravação. O operador de externa Marçal Queiroz foi agredido com o tripé da câmera de TV e sofreu fratura no maxilar esquerdo. Foi operado ontem e, segundo a emissora, está bem. O repórter Lúcio Sturm, atirado ao chão, sofreu ruptura nos ligamentos das mãos e escoriações. O cinegrafista Gilmário Batista também sofreu escoriações.
Além de Silva, a polícia identificou Flávio Rogério de Oliveira, que foi ouvido ontem. Em depoimento ao delegado Mário Jordão Toledo Leme, que apura o caso, confirmou ter atirado pedras no carro da Globo, mas disse que as agressões partiram de Silva, ainda não localizado. Um terceiro agressor não foi identificado.
Silva e Oliveira foram contratados pelo PSTU para trabalhar na eleição da nova diretoria do Sindicato dos Bancários, cuja sede é próxima ao prédio do PT. Um dia após a agressão, os dois foram desligados da eleição. Eles não são filiados ao sindicato.
Dirceu Travesso (PSTU), que faz parte da atual diretoria do sindicato, disse ser impossível controlar e conhecer todos os contratados para a eleição.
Durante um protesto contra a reforma da Previdência, em agosto de 2003, em Brasília, Silva foi um dos responsabilizados criminalmente pela destruição de 52 vidros do Congresso. Ele foi filmado por seguranças quebrando dois vidros, um com os pés e outro com a cabeça. Foi detido e liberado no mesmo dia.
A ANJ (Associação Nacional de Jornais) divulgou ontem nota em que "condena e lamenta" a agressão sofrida pela equipe da Globo.
"É revoltante e inadmissível que profissionais no exercício de sua atividade de informar a opinião pública sejam alvo da fúria e violência de um grupo de desordeiros, sob a capa de manifestantes políticos", afirma a nota, assinada por Nelson Sirotsky, presidente da ANJ.

Bahia
A polícia de Salvador prendeu ontem um homem suspeito de ter enviado dois pacotes com artefatos parecidos com bombas para as emissoras TV Bahia, afiliada da Rede Globo, e TV Itapoã, afiliada da TV Record. Os pacotes foram destruídos pelo Esquadrão Anti-Bombas da Polícia Militar. Uma perícia constatou que não havia explosivos na embalagem enviada à TV Bahia. A reportagem não conseguiu saber o resultado da perícia no material enviado à afiliada da TV Record.
Segundo informações do delegado Nelson de Almeida Gomes, da 14ª Delegacia de Salvador, Alfredo Costa Cunha, 56, confessou à polícia ter deixado os dois pacotes nas sedes das duas emissoras.
Em depoimento, ainda conforme o delegado, Cunha disse que enviou os pacotes em razão de ter sido torturado no regime militar. Ele não havia constituído advogado até a noite de ontem.


Colaborou a Agência Folha

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