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Advogado do PT acusa
promotor de seqüestro
DO COLUNISTA DA FOLHA
O Ministério Público de Goiás
ouviu na quarta o depoimento de
Antônio Carlos Soares, de 75
anos, pai de Delúbio Soares, tesoureiro do PT, no inquérito que
apura se houve enriquecimento
ilícito de Delúbio. O depoimento
foi colhido no Fórum de Buriti
Alegre, em Goiás, terra natal de
Delúbio e onde mora o seu pai.
O depoimento do pai do Delúbio causou revolta e indignação
no PT. O partido acusa o Ministério Público de ter agido de forma
arbitrária para colher o depoimento do pai de Delúbio, conhecido como "Catonho". Segundo a
assessoria do partido, o PT irá entrar com uma ação judicial contra
o Ministério Público de Goiás.
O advogado do pai de Delúbio,
Sebastião Ferreira Leite, acusa o
promotor Fernando Krebs, que
está a frente do inquérito contra
Delúbio, de tomar o depoimento
"à força". Segundo ele, Krebs cometeu quatro crimes: abuso de
poder, constrangimento ilegal,
cárcere privado e seqüestro.
Fernando Krebs afirmou à Folha que o depoimento foi colhido
"dentro dos ditames da lei" e o
objetivo do PT, ao fazer essas acusações, era de "criar algumas injúrias ao nosso trabalho". Segundo
ele, o PT quer tumultuar as investigações: "O PT está fazendo uma
tempestade num copo d'água".
As versões do PT e do promotor
são conflitantes. Segundo o advogado Ferreira Leite, o pai de Delúbio foi cercado pelos carros do
promotor Fernando Krebs e de
sua assistente, Mônica Faquinelli,
por volta das 18h e levado ao fórum sem que eles deixassem a testemunha tomar banho, já que estava chegando da fazenda, e sem
esperar que ele chamasse um advogado para acompanhá-lo. "Foi
um ato desumano com um senhor de 75 anos", diz o advogado.
Já a versão do promotor é outra.
De acordo com Krebs, eles chegaram no local por volta das 17h30 e,
quando o pai de Delúbio perguntou se ele poderia tomar um banho, eles disseram que não precisava, até porque assim ele poderia
ser liberado mais rápido. Sobre o
fato de não ter sido acompanhado
de um advogado, Krebs disse que
não precisava, porque ele não era
réu no processo. "Nós não o prendemos e nem o conduzimos arbitrariamente", afirmou Krebs.
Em relação ao depoimento,
Krebs afirmou que o pai de Delúbio disse que adquiriu no ano passado uma gleba de cerca de 31 alqueires por R$ 147 mil, "apesar de
ser um homem de poucas posses
e poucas rendas". O promotor
disse que o pai de Delúbio afirmou, no depoimento, que obteve
o dinheiro com a venda de 300
garrotes ao preço de R$ 600 e mais
um empréstimo de R$ 100 mil que
obteve de outro filho, Carlos Rubens de Castro, que foi candidato
a vereador pelo PT nas eleições
passadas. Na ação que irá entrar
hoje, o PT deverá tentar anular o
depoimento do pai de Delúbio.
(GUILHERME BARROS)
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