São Paulo, sexta-feira, 24 de junho de 2005

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Advogado do PT acusa promotor de seqüestro

DO COLUNISTA DA FOLHA

O Ministério Público de Goiás ouviu na quarta o depoimento de Antônio Carlos Soares, de 75 anos, pai de Delúbio Soares, tesoureiro do PT, no inquérito que apura se houve enriquecimento ilícito de Delúbio. O depoimento foi colhido no Fórum de Buriti Alegre, em Goiás, terra natal de Delúbio e onde mora o seu pai.
O depoimento do pai do Delúbio causou revolta e indignação no PT. O partido acusa o Ministério Público de ter agido de forma arbitrária para colher o depoimento do pai de Delúbio, conhecido como "Catonho". Segundo a assessoria do partido, o PT irá entrar com uma ação judicial contra o Ministério Público de Goiás.
O advogado do pai de Delúbio, Sebastião Ferreira Leite, acusa o promotor Fernando Krebs, que está a frente do inquérito contra Delúbio, de tomar o depoimento "à força". Segundo ele, Krebs cometeu quatro crimes: abuso de poder, constrangimento ilegal, cárcere privado e seqüestro.
Fernando Krebs afirmou à Folha que o depoimento foi colhido "dentro dos ditames da lei" e o objetivo do PT, ao fazer essas acusações, era de "criar algumas injúrias ao nosso trabalho". Segundo ele, o PT quer tumultuar as investigações: "O PT está fazendo uma tempestade num copo d'água".
As versões do PT e do promotor são conflitantes. Segundo o advogado Ferreira Leite, o pai de Delúbio foi cercado pelos carros do promotor Fernando Krebs e de sua assistente, Mônica Faquinelli, por volta das 18h e levado ao fórum sem que eles deixassem a testemunha tomar banho, já que estava chegando da fazenda, e sem esperar que ele chamasse um advogado para acompanhá-lo. "Foi um ato desumano com um senhor de 75 anos", diz o advogado.
Já a versão do promotor é outra. De acordo com Krebs, eles chegaram no local por volta das 17h30 e, quando o pai de Delúbio perguntou se ele poderia tomar um banho, eles disseram que não precisava, até porque assim ele poderia ser liberado mais rápido. Sobre o fato de não ter sido acompanhado de um advogado, Krebs disse que não precisava, porque ele não era réu no processo. "Nós não o prendemos e nem o conduzimos arbitrariamente", afirmou Krebs.
Em relação ao depoimento, Krebs afirmou que o pai de Delúbio disse que adquiriu no ano passado uma gleba de cerca de 31 alqueires por R$ 147 mil, "apesar de ser um homem de poucas posses e poucas rendas". O promotor disse que o pai de Delúbio afirmou, no depoimento, que obteve o dinheiro com a venda de 300 garrotes ao preço de R$ 600 e mais um empréstimo de R$ 100 mil que obteve de outro filho, Carlos Rubens de Castro, que foi candidato a vereador pelo PT nas eleições passadas. Na ação que irá entrar hoje, o PT deverá tentar anular o depoimento do pai de Delúbio.
(GUILHERME BARROS)

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