São Paulo, Quinta-feira, 24 de Junho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GOVERNO
Para Pimenta, contato deve levar ao desbloqueio dos repasses a Minas
Itamar visita ministérios e inicia "convivência técnica"

da Sucursal de Brasília

O governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), começou ontem uma fase de "convivência técnica" com o governo federal, ao visitar três ministérios (Política Fundiária, Trabalho e Justiça).
Segundo o ministro Pimenta da Veiga (Comunicações), coordenador político do governo, que encontrou Itamar no Ministério do Trabalho, as conversas iniciadas ontem "em algum momento vão evoluir" para o desbloqueio dos repasses de recursos federais a Minas Gerais, em razão da moratória decretada pelo Estado em janeiro.
Itamar recusou-se a dar entrevistas durante todo o dia, mas revelou, ao discursar no Ministério do Trabalho, que sua vinda a Brasília foi articulada pelo líder do PSDB, Aécio Neves (MG), que o procurara no Palácio da Liberdade.
O governador referiu-se várias vezes a esse encontro, elogiando a iniciativa do deputado. "Chegamos à conclusão de que poderíamos ter uma convivência técnica com o governo federal", resumiu Itamar. Em seu discurso, Aécio afirmou: "Hoje nós estamos fazendo história".
Questionado sobre uma possível reaproximação de Itamar com o presidente Fernando Henrique Cardoso, o secretário de Governo de Minas, Henrique Hargreaves, afirmou: "Governador não marca encontro com o presidente. Presidente é que marca encontro com governador".
Os atritos entre FHC e Itamar Franco, frequentes desde que um sucedeu ao outro na Presidência, se transformaram em rompimento político depois da decretação da moratória mineira. Em fevereiro, FHC chegou a fazer reunião com todos os governadores em Brasília. Itamar Franco foi a única ausência e só se reuniu com os governadores de oposição.
As cerimônias nos ministérios de Política Fundiária e do Trabalho foram eminentemente políticas, embora tivessem pretexto administrativo.
No Ministério de Política Fundiária, Itamar assinou convênio de cooperação técnica para "acelerar e qualificar o processo de reforma agrária no Estado". Os três últimos tratados do gênero foram assinados nos respectivos Estados, para onde o ministro Raul Jungmann se deslocou.
No Ministério do Trabalho, o governador assinou convênio que destina R$ 17 milhões do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) a programas de qualificação profissional em Minas. Nenhum governador veio a Brasília assinar convênio desse tipo.
As cerimônias nos dois ministérios foram marcadas pela troca de gentilezas e por referências elogiosas a Minas Gerais.
Jugmann, que foi secretário-executivo do Ministério do Planejamento no governo Itamar (92-94), só chamava o governador de "presidente", chegando a lembrar que foi ele quem lançou o Plano Real.
Depois, Jungmann afirmou que FHC tinha conhecimento de sua intenção e que o incentivou.
O encontro com Renan Calheiros (Justiça) não estava na agenda. Segundo Itamar, o ministro o convidou para um café, e ele aceitou.
O pagamento das dívidas de Minas Gerais para o Tesouro Nacional vem sendo feito, desde fevereiro, por meio da retenção de verbas que deveriam ser repassadas para o Estado. Esses recursos são transferidos para uma conta do governo federal. Os pagamentos somam cerca de R$ 60 milhões por mês.
(WILSON SILVEIRA, VIVALDO DE SOUZA e LUCIO VAZ)

Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Peemedebista reafirma críticas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.