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GOVERNO
Para Pimenta, contato deve levar ao desbloqueio dos repasses a Minas
Itamar visita ministérios e
inicia "convivência técnica"
da Sucursal de Brasília
O governador de Minas Gerais,
Itamar Franco (PMDB), começou
ontem uma fase de "convivência
técnica" com o governo federal, ao
visitar três ministérios (Política
Fundiária, Trabalho e Justiça).
Segundo o ministro Pimenta da
Veiga (Comunicações), coordenador político do governo, que encontrou Itamar no Ministério do
Trabalho, as conversas iniciadas
ontem "em algum momento vão
evoluir" para o desbloqueio dos repasses de recursos federais a Minas
Gerais, em razão da moratória decretada pelo Estado em janeiro.
Itamar recusou-se a dar entrevistas durante todo o dia, mas revelou, ao discursar no Ministério do
Trabalho, que sua vinda a Brasília
foi articulada pelo líder do PSDB,
Aécio Neves (MG), que o procurara no Palácio da Liberdade.
O governador referiu-se várias
vezes a esse encontro, elogiando a
iniciativa do deputado. "Chegamos à conclusão de que poderíamos ter uma convivência técnica
com o governo federal", resumiu
Itamar. Em seu discurso, Aécio
afirmou: "Hoje nós estamos fazendo história".
Questionado sobre uma possível
reaproximação de Itamar com o
presidente Fernando Henrique
Cardoso, o secretário de Governo
de Minas, Henrique Hargreaves,
afirmou: "Governador não marca
encontro com o presidente. Presidente é que marca encontro com
governador".
Os atritos entre FHC e Itamar
Franco, frequentes desde que um
sucedeu ao outro na Presidência,
se transformaram em rompimento
político depois da decretação da
moratória mineira. Em fevereiro,
FHC chegou a fazer reunião com
todos os governadores em Brasília.
Itamar Franco foi a única ausência
e só se reuniu com os governadores de oposição.
As cerimônias nos ministérios de
Política Fundiária e do Trabalho
foram eminentemente políticas,
embora tivessem pretexto administrativo.
No Ministério de Política Fundiária, Itamar assinou convênio de
cooperação técnica para "acelerar
e qualificar o processo de reforma
agrária no Estado". Os três últimos
tratados do gênero foram assinados nos respectivos Estados, para
onde o ministro Raul Jungmann se
deslocou.
No Ministério do Trabalho, o governador assinou convênio que
destina R$ 17 milhões do FAT
(Fundo de Amparo ao Trabalhador) a programas de qualificação
profissional em Minas. Nenhum
governador veio a Brasília assinar
convênio desse tipo.
As cerimônias nos dois ministérios foram marcadas pela troca de
gentilezas e por referências elogiosas a Minas Gerais.
Jugmann, que foi secretário-executivo do Ministério do Planejamento no governo Itamar (92-94),
só chamava o governador de "presidente", chegando a lembrar que
foi ele quem lançou o Plano Real.
Depois, Jungmann afirmou que
FHC tinha conhecimento de sua
intenção e que o incentivou.
O encontro com Renan Calheiros
(Justiça) não estava na agenda. Segundo Itamar, o ministro o convidou para um café, e ele aceitou.
O pagamento das dívidas de Minas Gerais para o Tesouro Nacional vem sendo feito, desde fevereiro, por meio da retenção de verbas
que deveriam ser repassadas para
o Estado. Esses recursos são transferidos para uma conta do governo
federal. Os pagamentos somam
cerca de R$ 60 milhões por mês.
(WILSON SILVEIRA, VIVALDO DE SOUZA e LUCIO VAZ)
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