São Paulo, segunda-feira, 24 de julho de 2000


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PAINEL

Melhor tratar bem
Apesar de ter dito a emissários de FHC que não trairá o presidente, Eduardo Jorge enviou sinal claro de que deseja falar diretamente com o ex-chefe. Pessoalmente ou por telefone. Mesmo que publicamente FHC continue a negá-lo, EJ quer afago.

Queixo caído
O Planalto enviou ao ministro Luiz Felipe Lampreia (Itamaraty) relato sobre o rastreamento das contas do ex-juiz foragido Nicolau dos Santos Neto no exterior. Lampreia ficou de boca aberta ao ver como está adiantada a investigação na Suíça.

Tucano em baixa
Com o caso EJ (Eduardo Jorge), a candidatura de Aécio Neves (PSDB-MG) a presidente da Câmara dos Deputados em 2001 perde o favoritismo. O PFL está pedindo o posto para ajudar a abafar a investigação do escândalo. E o PMDB, que namorava os tucanos, está bem quieto.

Apelido de infância
Só depois do escândalo do Fórum Trabalhista de São Paulo é que Eduardo Jorge passou a ser chamado de Dudu, um dos integrantes da trinca que ainda tem Lalau (Nicolau dos Santos Neto) e Lulu (Luiz Estevão). Atualmente, virou sigla: EJ. Mas, na família, sempre foi carinhosamente chamado de "Doli".

Prato frio
Um cacique aliado está rindo da desgraça de Eduardo Jorge: Jader Barbalho. O peemedebista culpa EJ por não ter sido nomeado ministro dos Transportes em 98, quando Eliseu Padilha cogitava disputar o governo gaúcho. O ex-secretário teria vazado dossiês contra o senador.

Cunha paulista
Apesar de flerte, são cada vez mais frequentes as conversas no PPS e no PMDB em torno de uma chapa Ciro Gomes-Michel Temer para 2002. Não foi esquecimento o PMDB não ter comparecido à festa de 60 anos do pefelista Marco Maciel, prestigiada por FHC e tucanos.

Fábrica de projetos
Após os planos de segurança e de combate à miséria (este ainda nem no papel), o Planalto discute um megaprojeto na área do desenvolvimento urbano. FHC acertou os detalhes gerais do projeto em reunião que durou mais de três horas semana passada, no Palácio da Alvorada.

SOS tucano
O programa, que deve atender basicamente à periferia das metrópoles, deve sair na esteira do plano de combate à miséria. Tudo para tentar ajudar FHC a sair do buraco no qual caiu após o escândalo EJ. A iniciativa pretende ainda tentar dar um gás aos tucanos na eleição de outubro. Estão mesmo precisando.

Mostrando serviço
FHC tem pressa e deve acelerar na próxima semana o IDH-12, como está sendo chamado provisoriamente o plano de combate à miséria. A idéia é mostrar ao país que o governo não está paralisado pelo escândalo EJ. O desânimo, visível aos visitantes de qualquer ministério, começou a mudar após o Banco Central reduzir os juros.

Rédea curta
ACM não pára de apontar corrupção no DNER, mas a Bahia foi o Estado mais beneficiado pelo "Projeto Conservar" (recuperação de estradas). Recebeu R$ 21 mi, mais do que qualquer outro da Federação. A suspeita, no órgão, é que o baiano pressiona para obter mais verbas.

Negócios à parte
Vice do tucano Geraldo Alckmin, Campos Machado (PTB) enviou uma carta a Romeu Tuma, a quem chama de "meu senador". Prestando solidariedade ao candidato do PFL à Prefeitura de SP, atingido pelas fitas de Nicolau dos Santos Neto.

TIROTEIO

Do senador José Eduardo Dutra (PT-SE), sobre o líder do PSDB na Câmara, Aécio Neves (MG), ter dito que, antes de pedir CPI para o caso EJ, o PT deveria fazer "auditoria, chamando o João Coser, o José Genoino e a Marta Suplicy para explicar por que assinaram emendas ao Orçamento para a construção do prédio do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo":
- O PT não tem medo de investigação. Se o Aécio quiser, a gente faz um acordo. Abrimos uma CPI e chamamos os três petistas para depor. Só depois, chamamos o Eduardo Jorge.

CONTRAPONTO

Coreto bagunçado

No início dos anos 90, o pianista João Carlos Martins dava aulas na faculdade de Edevaldo Alves da Silva, um dos caciques do malufismo. Anos depois, Martins faria parte do caso Pau Brasil (contribuições irregulares para a campanha de Maluf).
Os alunos adoravam Martins, que contava piadas de modo teatral. Em um evento da escola, Edevaldo fez um discurso chato:
- Comecei a vida como engraxate. Sofri, batalhei muito e finalmente venci. Hoje, tenho milhares de alunos...
Ao final do discurso, Edevaldo deu a palavra a Martins. Apesar de surpreso, ele não perdeu a piada. Em tom solene, disse:
- Tenho um tio que começou a vida como engraxate. Sofreu, batalhou muito e finalmente venceu. Hoje, já é barbeiro...
Foi o suficiente para a multidão cair na gargalhada, Edevaldo sair espumando, e Martins pedir demissão no dia seguinte.

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