São Paulo, segunda-feira, 24 de julho de 2000


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CASO TRT
Santos Neto ligou ao secretário-geral de Itamar para tratar do fórum
Ex-juiz pedia "apoio" para o TRT ao Planalto desde 1992

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Secretário-geral da Presidência da República no governo Itamar Franco (1992-1994), Mauro Durante afirmou ontem que o ex-juiz Nicolau dos Santos Neto o procurou para pedir "apoio" para a obra do TRT enquanto ele ainda estava no Palácio do Planalto.
Ele afirma ter recebido "dois ou três telefonemas" do juiz. Num deles, Nicolau teria pedido apoio para a obra. Na época, o terreno para a construção ainda estava sendo negociado. Durante diz ainda que não se lembra a que se referiam as outras ligações.
As afirmações do ex-assessor de Itamar foram divulgadas por meio de nota oficial distribuída aos jornais. A versão de Durante contrasta com os argumentos de Eduardo Jorge, que ocupou a Secretaria Geral na primeira gestão de Fernando Henrique Cardoso.
Desde que foram divulgados os telefonemas do ex-juiz para Eduardo Jorge, o ex-secretário afirma que mantinha apenas "relações institucionais" com Nicolau. Segundo EJ, os dois só conversavam sobre a indicação de juízes classistas comprometidos com a defesa do Plano Real.
Com a nota oficial, Durante mostra que Nicolau fazia lobby explícito para a construção da sede do TRT de São Paulo antes mesmo de Eduardo Jorge ocupar a Secretaria Geral da Presidência.
Na nota, Mauro Durante afirma ter dito ao juiz que não poderia fazer nada para ajudá-lo: "O então ministro Mauro Durante respondeu ao juiz Nicolau dos Santos Neto que nada poderia fazer, porquanto a Secretaria Geral da Presidência da República não cuidava de assuntos dessa natureza".
Em 1992, o governo liberou R$ 35,7 milhões para a obra do TRT. Nos dois anos seguintes, sob Itamar, as liberações somaram R$ 46,3 milhões e R$ 25,5 milhões.
A relação de telefonemas apurada pela CPI do Judiciário mostra que o ex-juiz Nicolau começou a fazer contato com o Palácio do Planalto desde o período em que Fernando Collor de Mello ainda era o presidente (1990-1992).
Em 92, o juiz e o empreiteiro Fábio Monteiro de Barros, responsável pela obra, fizeram pelo menos três chamadas para o gabinete do então secretário-geral Marcos Coimbra. O primeiro telefonema foi feito pelo juiz em fevereiro. O empreiteiro ligou para o Planalto duas vezes em setembro, dias antes da votação da abertura do processo de impeachment.
Na semana seguinte ao impeachment, com Itamar Franco no lugar de Collor e Durante no lugar de Coimbra, Nicolau ligou para o Planalto duas vezes. O primeiro telefonema durou cinco minutos e o segundo, um minuto.
Daí em diante, em 1993 e em 1994, apenas o juiz Nicolau telefonava. Foram 17 chamadas entre março de 93 e maio 94. A maior parte das ligações durou um minuto, mas houve uma chamada de cinco minutos, uma de quatro e uma de três. (MALU GASPAR)


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