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CASO TRT
Santos Neto ligou ao secretário-geral de Itamar para tratar do fórum
Ex-juiz pedia "apoio" para o TRT ao Planalto desde 1992
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Secretário-geral da Presidência
da República no governo Itamar
Franco (1992-1994), Mauro Durante afirmou ontem que o ex-juiz Nicolau dos Santos Neto o
procurou para pedir "apoio" para
a obra do TRT enquanto ele ainda
estava no Palácio do Planalto.
Ele afirma ter recebido "dois ou
três telefonemas" do juiz. Num
deles, Nicolau teria pedido apoio
para a obra. Na época, o terreno
para a construção ainda estava
sendo negociado. Durante diz
ainda que não se lembra a que se
referiam as outras ligações.
As afirmações do ex-assessor de
Itamar foram divulgadas por
meio de nota oficial distribuída
aos jornais. A versão de Durante
contrasta com os argumentos de
Eduardo Jorge, que ocupou a Secretaria Geral na primeira gestão
de Fernando Henrique Cardoso.
Desde que foram divulgados os
telefonemas do ex-juiz para
Eduardo Jorge, o ex-secretário
afirma que mantinha apenas "relações institucionais" com Nicolau. Segundo EJ, os dois só conversavam sobre a indicação de
juízes classistas comprometidos
com a defesa do Plano Real.
Com a nota oficial, Durante
mostra que Nicolau fazia lobby
explícito para a construção da sede do TRT de São Paulo antes
mesmo de Eduardo Jorge ocupar
a Secretaria Geral da Presidência.
Na nota, Mauro Durante afirma
ter dito ao juiz que não poderia fazer nada para ajudá-lo: "O então
ministro Mauro Durante respondeu ao juiz Nicolau dos Santos
Neto que nada poderia fazer, porquanto a Secretaria Geral da Presidência da República não cuidava de assuntos dessa natureza".
Em 1992, o governo liberou R$
35,7 milhões para a obra do TRT.
Nos dois anos seguintes, sob Itamar, as liberações somaram R$
46,3 milhões e R$ 25,5 milhões.
A relação de telefonemas apurada pela CPI do Judiciário mostra
que o ex-juiz Nicolau começou a
fazer contato com o Palácio do
Planalto desde o período em que
Fernando Collor de Mello ainda
era o presidente (1990-1992).
Em 92, o juiz e o empreiteiro Fábio Monteiro de Barros, responsável pela obra, fizeram pelo menos três chamadas para o gabinete do então secretário-geral Marcos Coimbra. O primeiro telefonema foi feito pelo juiz em fevereiro. O empreiteiro ligou para o
Planalto duas vezes em setembro,
dias antes da votação da abertura
do processo de impeachment.
Na semana seguinte ao impeachment, com Itamar Franco
no lugar de Collor e Durante no
lugar de Coimbra, Nicolau ligou
para o Planalto duas vezes. O primeiro telefonema durou cinco
minutos e o segundo, um minuto.
Daí em diante, em 1993 e em
1994, apenas o juiz Nicolau telefonava. Foram 17 chamadas entre
março de 93 e maio 94. A maior
parte das ligações durou um minuto, mas houve uma chamada
de cinco minutos, uma de quatro
e uma de três.
(MALU GASPAR)
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