São Paulo, segunda-feira, 24 de julho de 2000


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MST
Protesto será amanhã em todo o país
Levante do Campo vai priorizar o interior

ELIANE SILVA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PROMISSÃO

Gilmar Mauro, dirigente nacional do MST, afirmou ontem, durante uma romaria em Promissão (SP), que desta vez o interior do país é o alvo preferencial das ações de protesto do Levante do Campo, que acontece amanhã, Dia do Agrucultor, em todo o Brasil. No protesto de maio, os sem-terra ocuparam prédios do governo em 18 capitais.
Segundo Mauro, os atos vão ocorrer em frente a bancos, órgãos do governo e em praças públicas. Rodovias e fronteiras também estão entre os locais escolhidos para o protesto. Não estão descartadas invasões de fazendas em algumas regiões. Além dos sem-terra, devem participar pequenos agricultores, remanescentes de quilombos e posseiros.
Em algumas capitais, diz o dirigente, haverá atos específicos, como é o caso de Recife, onde os manifestantes vão protestar no porto contra a carga de milho transgênico.
Em São Paulo, o MST se junta à Central de Movimentos Populares num ato em frente ao Tribunal Regional do Trabalho, na Barra Funda, contra o desvio de verbas públicas durante a construção do prédio. Depois, haverá uma caminhada até a prefeitura.
Mauro diz que a jornada de lutas no Dia do Agricultor visa mostrar à sociedade o problema da migração do homem do campo para os centros urbanos.
"Nós lutamos para ficar na terra, mas é preciso mudar a política econômica e agrícola para gerar emprego e renda ou não haverá como permanecer no campo."
O dirigente sem-terra admite que tem havido alguns avanços nas últimas negociações do MST com o governo, mas, segundo ele, esses avanços são pontuais e insuficientes.
O protesto contará com o apoio nas ruas de integrantes da CPT (Comissão Pastoral da Terra), ligada à Igreja Católica. O bispo d. Tomás Balduíno, presidente da CPT, também afirma que as negociações recentes com o governo apontam para medidas compensatórias, mas não atacam de frente a necessidade de se fazer a reforma agrária no Brasil.

Ótimo relacionamento
O governador Mário Covas (PSDB) disse anteontem, em Engenheiro Coelho (180 km de São Paulo), que não vai tentar impedir a manifestação do MST. Ele afirmou que tem um "ótimo relacionamento" com o movimento.
Covas se reúne hoje com representantes do MST, entre eles o líder do movimento José Rainha Júnior, em Teodoro Sampaio, na região do Pontal. Em seguida, vai para Sandovalina, onde deve conhecer a produção dos sem-terra.
"O Rainha me convidou para conhecer o local porque eles estão com problemas para a industrialização dos produtos. Vou lá para ver o que o governo pode ajudar", disse.


Colaborou a Folha Campinas


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