São Paulo, quarta-feira, 24 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bush cometeu "falcatruas", afirma petista

PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em palestra a 378 empresários, o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que "o Império está em crise" e disse que o presidente dos EUA, George W. Bush, "fez falcatruas".
O petista se referia à situação que classificou como "delicada" do cenário internacional e às acusações de que o presidente norte-americano burlou leis do mercado acionário, quando era diretor da empresa texana Harken Energy, ao fazer uma venda privilegiada de ações que lhe renderam US$ 16 milhões.
Lula participou em São Paulo de encontro com empresários ligados ao Instituto Ethos, que prega a responsabilidade social das empresas. Ele afirmou que, dada a crise internacional, o PT precisa para de dizer sobre o que é contra. "Agora o PT precisa dizer o que fazer. Em política econômica não existe milagre. Ou se define uma prioridade ou se contenta com a mesmice", disse o petista.
O candidato reafirmou que uma eventual gestão sua priorizaria a negociação para a retomada do desenvolvimento. "Já me chamaram a atenção que esse negócio de negociação não cai bem na cabeça do povo, mas é isso que vou fazer", declarou, referindo-se a pesquisas qualitativas que associam o termo a concessões indevidas aos setores mais organizados.
Lula disse que sua campanha vai priorizar a discussão sobre emprego e deixará de falar em superávit primário (economia para pagamento de juros da dívida).
"Com um governo novo, se você aumentar um pouco a base de arrecadação, e isso é inteiramente possível, se gastar melhor o pouco dinheiro que tem e atacar a corrupção no primeiro ano, vai perceber que pode obter um superávit maior do que o governo está prevendo, sem precisar fazer nenhum grande sacrifício."
Em defesa da criação de cooperativas no Brasil, Lula lembrou um kibutz (fazenda coletiva) que visitou em Israel: "Eles são tão sectários que nem eu tenho coragem de propor aqui no Brasil", afirmou, em alusão ao princípio de cada um dar de acordo com sua capacidade e receber conforme sua necessidade.
No encontro, o candidato a vice de Lula, senador José Alencar (PL), leu uma carta que seu filho recebeu do presidente da Gradiente, Eugênio Staub, quando foi acertada a aliança PT-PL.
"Acho que isso não só ajuda ao Lula, mas especialmente ao Brasil. Seu pai tem papel importante a desempenhar nesse cargo. Primeiro ajudando a diminuir as resistências absurdas ao Lula num radicalismo absolutamente incompreensível. A presença de um homem como seu pai na chapa vai fazer esses radicais refletirem um pouco, antes de falarem muitas das bobagens que estão falando hoje. Mas o mais importante é que, se eles ganharem, como indica o cenário atual, com poucas chances, na minha opinião, de se reverter, ele terá um papel importantíssimo a desempenhar em prol do Brasil", diz Staub.


Texto Anterior: Campanha de Lula sacrifica petistas históricos
Próximo Texto: Janio de Freitas: A trama
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.