São Paulo, quarta-feira, 24 de julho de 2002

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Campanha de Lula sacrifica petistas históricos

DA REPORTAGEM LOCAL

A imagem do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na inauguração do comitê dos peemedebistas Orestes Quércia, candidato ao Senado, e Fernando Morais, que disputa o governo de São Paulo, é a materialização do preço que o partido está disposto a pagar em nome da eleição nacional, que inclui até o sacrifício de lideranças petistas históricas.
A presença de Lula impulsiona a candidatura de Quércia -que está em segundo lugar de acordo com o último Datafolha, com 42%, e bate o petista Aloizio Mercadante, com 22%, numa corrida ao Senado liderada por Romeu Tuma (PFL), com 55%.
Ajuda o peemedebista Morais, mesmo que setores petistas avaliem sua candidatura como mero trampolim no horário eleitoral gratuito em favor de Quércia.
No Datafolha, Morais tem 2%, contra 9% do petista José Genoino, que está em terceiro na disputa estadual, atrás de Paulo Maluf (PPB), com 43%, e de Geraldo Alckmin (PSDB), com 25%.
Formalmente, tanto Mercadante quanto Genoino afirmam concordar com a estratégia até aqui. "Achei a presença de Lula na inauguração do comitê do PMDB absolutamente normal. Quanto mais apoio ao Lula, melhor para minha candidatura, beneficiada pela maior identidade entre nossos nomes", avalia Genoino.
A situação é pior para Mercadante, que tem em Quércia o principal adversário para obter uma das duas vagas ao Senado.
O diretório estadual do PT de São Paulo autorizou em 28 de maio uma coligação branca com Quércia. Foi o encerramento de uma negociação que resultou no sepultamento do lançamento da candidatura do vereador José Eduardo Cardozo ao Senado, formando dupla com Mercadante.
O caso de São Paulo talvez seja o mais emblemático -envolve um antigo adversário ardoroso e dois dos fundadores e principais nomes históricos da legenda petista-, mas não é o único.
Lula se aproximou de Quércia na tentativa de trazer o PMDB como aliado formal. O ex-governador paulista controla uma das quatro seções do partido que estavam mais próximas do PT do que da candidatura de José Serra (PSDB) - as outras são Ceará, Goiás e Minas Gerais, comandados por Paes de Andrade, Maguito Vilela e Newton Cardoso.
Em nome da política de alianças nacionais, Lula tem apelado "ao espírito de homens de partido". Por exemplo, na Paraíba, o candidato petista Avenzoar Arruda está em segundo plano, já que o governador Roberto Paulino (PMDB) apóia Lula e tenta sua reeleição.
Em Minas, Nilmário Miranda (PT) sofre, como cabo eleitoral de Lula, a concorrência de Newton Cardoso, candidato do PMDB ao governo, e de Itamar Franco, que apóia o tucano Aécio Neves. Em Goiás, a petista Marina Sant'anna perde espaço para Maguito e também para o governador Marconi Perillo (PSDB), que tem parte do secretariado em campanha para a chapa Lula/Marconi.


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