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Campanha de Lula sacrifica petistas históricos
DA REPORTAGEM LOCAL
A imagem do presidenciável
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na
inauguração do comitê dos peemedebistas Orestes Quércia, candidato ao Senado, e Fernando
Morais, que disputa o governo de
São Paulo, é a materialização do
preço que o partido está disposto
a pagar em nome da eleição nacional, que inclui até o sacrifício
de lideranças petistas históricas.
A presença de Lula impulsiona
a candidatura de Quércia -que
está em segundo lugar de acordo
com o último Datafolha, com
42%, e bate o petista Aloizio Mercadante, com 22%, numa corrida
ao Senado liderada por Romeu
Tuma (PFL), com 55%.
Ajuda o peemedebista Morais,
mesmo que setores petistas avaliem sua candidatura como mero
trampolim no horário eleitoral
gratuito em favor de Quércia.
No Datafolha, Morais tem 2%,
contra 9% do petista José Genoino, que está em terceiro na disputa estadual, atrás de Paulo Maluf
(PPB), com 43%, e de Geraldo
Alckmin (PSDB), com 25%.
Formalmente, tanto Mercadante quanto Genoino afirmam concordar com a estratégia até aqui.
"Achei a presença de Lula na
inauguração do comitê do PMDB
absolutamente normal. Quanto
mais apoio ao Lula, melhor para
minha candidatura, beneficiada
pela maior identidade entre nossos nomes", avalia Genoino.
A situação é pior para Mercadante, que tem em Quércia o
principal adversário para obter
uma das duas vagas ao Senado.
O diretório estadual do PT de
São Paulo autorizou em 28 de
maio uma coligação branca com
Quércia. Foi o encerramento de
uma negociação que resultou no
sepultamento do lançamento da
candidatura do vereador José
Eduardo Cardozo ao Senado, formando dupla com Mercadante.
O caso de São Paulo talvez seja o
mais emblemático -envolve um
antigo adversário ardoroso e dois
dos fundadores e principais nomes históricos da legenda petista-, mas não é o único.
Lula se aproximou de Quércia
na tentativa de trazer o PMDB como aliado formal. O ex-governador paulista controla uma das
quatro seções do partido que estavam mais próximas do PT do que
da candidatura de José Serra
(PSDB) - as outras são Ceará,
Goiás e Minas Gerais, comandados por Paes de Andrade, Maguito Vilela e Newton Cardoso.
Em nome da política de alianças
nacionais, Lula tem apelado "ao
espírito de homens de partido".
Por exemplo, na Paraíba, o candidato petista Avenzoar Arruda está
em segundo plano, já que o governador Roberto Paulino (PMDB)
apóia Lula e tenta sua reeleição.
Em Minas, Nilmário Miranda
(PT) sofre, como cabo eleitoral de
Lula, a concorrência de Newton
Cardoso, candidato do PMDB ao
governo, e de Itamar Franco, que
apóia o tucano Aécio Neves. Em
Goiás, a petista Marina Sant'anna
perde espaço para Maguito e também para o governador Marconi
Perillo (PSDB), que tem parte do
secretariado em campanha para a
chapa Lula/Marconi.
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