São Paulo, quarta-feira, 24 de julho de 2002

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LOBBY INTERNACIONAL

Oliveira admite ter negociado com o governo dos EUA declaração de que aviões do Sivam não seriam usados com objetivos militares

Brigadeiro nega ter favorecido americanos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Marcos Antônio de Oliveira, negou ontem, por intermédio do centro de comunicação social, que tenha privilegiado "grupos ou governos" no processo de seleção, conduzido em 1994, para a contratação da fornecedora de equipamentos ao Sivam. Oliveira também negou ter prometido aos EUA que eles teriam acesso a dados colhidos pelo Sivam caso a Raytheon ganhasse a licitação.
"Isso é muito grave, jamais foi dito a representantes do governo americano ou de qualquer outro governo que eles poderiam ter acesso às informações do Sivam, no caso de suas empresas serem vencedoras", diz nota divulgada no início da noite de ontem.
Oliveira admitiu, porém, ter negociado com os americanos uma declaração "de que as aeronaves não seriam utilizadas, prioritariamente, para fins militares". Ele nega, porém, que os americanos tenham escrito o rascunho da carta. Afirma que a "versão em inglês foi preparada pelo próprio banco", referindo-se ao Eximbank.
A nota informa: "Foi negociada uma declaração de que as aeronaves [do Sivam" não seriam utilizadas, prioritariamente, para fins militares. A minuta dessa declaração foi discutida por mim [Oliveira" com a adjunta comercial do consulado americano e os representantes do Eximbank".
A Folha divulgou ontem documentos oficiais do governo americano mostrando que, semanas antes da definição do processo de seleção do Sivam, a Casa Branca soube, por meio de seus serviços de inteligência, que a proposta financeira da americana Raytheon estava em desvantagem.
A informação permitiu manobra para alterar a situação e tirar a concorrente francesa do páreo. A manobra teria consistido em obter do governo brasileiro uma carta que deveria ser assinada pela secretaria brasileira de Assuntos Estratégicos. A carta pediria financiamento adicional ao Eximbank, banco de apoio às exportações dos EUA, para a compra de aviões dentro do projeto Sivam.
Segundo os documentos americanos, Oliveira teria recebido o rascunho dessa carta das mãos de uma diplomata americana e entregue a ela um memorando interno sobre o mesmo assunto do governo brasileiro.
Oliveira também negou veementemente ter privilegiado os EUA durante o processo de seleção. Explicou na nota que o governo americano teve acesso aos mesmos documentos que o governo francês.


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