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LOBBY INTERNACIONAL
Oliveira admite ter negociado com o governo dos EUA declaração de que aviões do Sivam não seriam usados com objetivos militares
Brigadeiro nega ter favorecido americanos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, tenente-brigadeiro
Marcos Antônio de Oliveira, negou ontem, por intermédio do
centro de comunicação social,
que tenha privilegiado "grupos
ou governos" no processo de seleção, conduzido em 1994, para a
contratação da fornecedora de
equipamentos ao Sivam. Oliveira
também negou ter prometido aos
EUA que eles teriam acesso a dados colhidos pelo Sivam caso a
Raytheon ganhasse a licitação.
"Isso é muito grave, jamais foi
dito a representantes do governo
americano ou de qualquer outro
governo que eles poderiam ter
acesso às informações do Sivam,
no caso de suas empresas serem
vencedoras", diz nota divulgada
no início da noite de ontem.
Oliveira admitiu, porém, ter negociado com os americanos uma
declaração "de que as aeronaves
não seriam utilizadas, prioritariamente, para fins militares". Ele
nega, porém, que os americanos
tenham escrito o rascunho da carta. Afirma que a "versão em inglês
foi preparada pelo próprio banco", referindo-se ao Eximbank.
A nota informa: "Foi negociada
uma declaração de que as aeronaves [do Sivam" não seriam utilizadas, prioritariamente, para fins
militares. A minuta dessa declaração foi discutida por mim [Oliveira" com a adjunta comercial do
consulado americano e os representantes do Eximbank".
A Folha divulgou ontem documentos oficiais do governo americano mostrando que, semanas
antes da definição do processo de
seleção do Sivam, a Casa Branca
soube, por meio de seus serviços
de inteligência, que a proposta financeira da americana Raytheon
estava em desvantagem.
A informação permitiu manobra para alterar a situação e tirar a
concorrente francesa do páreo. A
manobra teria consistido em obter do governo brasileiro uma carta que deveria ser assinada pela
secretaria brasileira de Assuntos
Estratégicos. A carta pediria financiamento adicional ao Eximbank, banco de apoio às exportações dos EUA, para a compra de
aviões dentro do projeto Sivam.
Segundo os documentos americanos, Oliveira teria recebido o
rascunho dessa carta das mãos de
uma diplomata americana e entregue a ela um memorando interno sobre o mesmo assunto do
governo brasileiro.
Oliveira também negou veementemente ter privilegiado os
EUA durante o processo de seleção. Explicou na nota que o governo americano teve acesso aos
mesmos documentos que o governo francês.
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