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De olho na FAB,
franceses evitam
criticar Raytheon
DE PARIS
DA AGÊNCIA FOLHA
De olho na licitação com valor
inicial de US$ 700 milhões para
fornecer caças à FAB (Força Aérea Brasileira), a empresa francesa
Thales International evitou entrar
na polêmica sobre a concorrência
do Sivam -na qual foi derrotada
com uso de espionagem, conforme a Folha revelou ontem, pela
norte-americana Raytheon.
A Thales comunicou que considera a questão da licitação do Sivam "uma página virada" e que
"aceitou os resultados".
A empresa foi derrotada pela
Raytheon no processo de seleção
do Sivam (Sistema de Vigilância
da Amazônia), em 94. Na época,
ela se chamava Thomson-CSF.
Após uma série de aquisições, foi
rebatizada Thales em 2000.
Em fax encaminhado à Folha
para comentar a reportagem que
mostra o uso de espionagem, o diretor-geral da empresa, Daniel
Henner, escreve: "A Thales International informa que considera a
questão Sivam uma página virada. A empresa informa ainda que
aceitou os resultados da licitação
internacional, encerrada em 1994.
A Thales reafirma seu respeito e
confiança na FAB e em todos os
seus procedimentos".
A diplomacia das palavras tem
sentido. A concorrência F-X, que
vai definir o avião que irá substituir os antigos Mirage da FAB, está na fase decisiva.
Uma das propostas favoritas é a
do Mirage 2000BR, um avião oferecido pela Dassault (França), em
consórcio com a brasileira Embraer e as francesas Thales Airborne Systems (do Grupo Thales)
e Snecma. Além disso, a Thales faz
parte do grupo de empresas francesas que comprou 20% da Embraer em 1999.
Desde o princípio da F-X havia
o temor, por parte dos concorrentes, de que os franceses seriam favorecidos por dois motivos. Primeiro, por oferecer montar o Mirage na Embraer. Segundo, porque uma vitória na F-X poderia
servir como "compensação" pela
derrota francesa no Sivam.
Até agora, não há nada que fundamente o segundo temor. A concorrência está sendo duramente
disputada. Na avaliação sigilosa
da FAB, o melhor avião oferecido
é o Sukhoi 35, do consórcio da
russa Rosoboronexport e a brasileira Avibrás. Mas estão em jogo
também transferência tecnológica e compensações comerciais.
Hoje, Mirage e Sukhoi são favoritos. Depois, vêm o F-16 (Lockheed Martin, EUA) e o Gripen,
(Saab, Suécia/BAe, Reino Unido),
que também têm forte lobby. Sem
chances está o russo MiG-29.
(ALCINO LEITE NETO E IGOR GIELOW)
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