São Paulo, quarta-feira, 24 de julho de 2002

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De olho na FAB, franceses evitam criticar Raytheon

DE PARIS
DA AGÊNCIA FOLHA

De olho na licitação com valor inicial de US$ 700 milhões para fornecer caças à FAB (Força Aérea Brasileira), a empresa francesa Thales International evitou entrar na polêmica sobre a concorrência do Sivam -na qual foi derrotada com uso de espionagem, conforme a Folha revelou ontem, pela norte-americana Raytheon.
A Thales comunicou que considera a questão da licitação do Sivam "uma página virada" e que "aceitou os resultados".
A empresa foi derrotada pela Raytheon no processo de seleção do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), em 94. Na época, ela se chamava Thomson-CSF. Após uma série de aquisições, foi rebatizada Thales em 2000.
Em fax encaminhado à Folha para comentar a reportagem que mostra o uso de espionagem, o diretor-geral da empresa, Daniel Henner, escreve: "A Thales International informa que considera a questão Sivam uma página virada. A empresa informa ainda que aceitou os resultados da licitação internacional, encerrada em 1994. A Thales reafirma seu respeito e confiança na FAB e em todos os seus procedimentos".
A diplomacia das palavras tem sentido. A concorrência F-X, que vai definir o avião que irá substituir os antigos Mirage da FAB, está na fase decisiva.
Uma das propostas favoritas é a do Mirage 2000BR, um avião oferecido pela Dassault (França), em consórcio com a brasileira Embraer e as francesas Thales Airborne Systems (do Grupo Thales) e Snecma. Além disso, a Thales faz parte do grupo de empresas francesas que comprou 20% da Embraer em 1999.
Desde o princípio da F-X havia o temor, por parte dos concorrentes, de que os franceses seriam favorecidos por dois motivos. Primeiro, por oferecer montar o Mirage na Embraer. Segundo, porque uma vitória na F-X poderia servir como "compensação" pela derrota francesa no Sivam.
Até agora, não há nada que fundamente o segundo temor. A concorrência está sendo duramente disputada. Na avaliação sigilosa da FAB, o melhor avião oferecido é o Sukhoi 35, do consórcio da russa Rosoboronexport e a brasileira Avibrás. Mas estão em jogo também transferência tecnológica e compensações comerciais.
Hoje, Mirage e Sukhoi são favoritos. Depois, vêm o F-16 (Lockheed Martin, EUA) e o Gripen, (Saab, Suécia/BAe, Reino Unido), que também têm forte lobby. Sem chances está o russo MiG-29.
(ALCINO LEITE NETO E IGOR GIELOW)



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