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São Paulo, quinta-feira, 24 de julho de 2003

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PAINEL

Cem metros rasos
O tumulto na Câmara, entre manifestantes e policiais, levou os líderes do governo a acelerar a tramitação da reforma da Previdência. A intenção é aprovar tudo até o início de agosto, para abreviar o desgaste. A primeira votação no plenário poderá ocorrer já na próxima semana.

Com barreiras
Ciente da pressa do governo para a votação, as entidades de servidores tentarão antecipar para a próxima quarta a nova marcha a Brasília, prevista inicialmente para 12 de agosto. Querem reunir 25 mil pessoas na porta do Congresso para protestar contra a reforma petista.

Holofote desligado
Mais de 20 petistas assinaram manifesto a João Paulo (Câmara), condenando a ação de ontem da polícia na Câmara. Pretendia-se chamar toda a imprensa para dar publicidade à entrega do protesto contra o colega, mas a turma do deixa-disso conseguiu abortar a operação.

Momento oportuno
João Herrmann (PPS-SP) colhe assinaturas para projeto que permite a reeleição de João Paulo à presidência da Câmara e de José Sarney à do Senado.

Pagou a língua
José Roberto Arruda (PFL-DF) disse na tribuna que João Paulo "manchou a imagem do Legislativo" ao permitir a ação da PM na Câmara. A resposta veio por um terceiro: "Mancha a imagem do Legislativo quem frauda painel de votação", devolveu Arlindo Chinaglia (PT).

Sol em leão
Analogia usada por um ruralista para descrever a conversa do setor com Lula sobre as invasões de terras: o presidente usou a linguagem do horóscopo -serve para todo mundo, mas não resolve a vida de ninguém.

Fobia presidencial
Frase dita por Lula anteontem ao presidente do Suriname: "Estou ficando cada vez mais velho e com mais medo de avião".

Corda esticada
Maurício Corrêa (STF) considera que a greve de juízes, além de inconstitucional, é um grande "erro político". Tem dito que deixa o governo numa situação na qual não pode ceder em nada. Do contrário, todo mundo vai achar que, cruzando os braços, consegue dobrá-lo.

Recuo no horizonte
As associações de magistrados sentiram o baque. Ontem, líderes do governo foram procurados por emissários de juízes que prometeram suspender a greve caso o governo federal instale um canal de negociação.

Tema obscuro
Apenas quatro Tribunais de Justiça (AC, GO, RJ e SC) enviaram ao STF as informações sobre seus funcionários -inclusive o salário de seus desembargadores. O prazo acordado teria expirado em 30 de junho.

Conflito de interesses
A Comissão Pastoral da Terra representou ao Ministério Público contra Erico Feltrin, assessor da Casa Civil, por visitar a Monsanto dos EUA a convite do governo Bush. Responsável pelo projeto de Lula sobre transgênicos, teria ferido o código de conduta da administração.

Lobby reforçado
Oficiais de Justiça e guardas de trânsito procuraram senadores ontem pedindo que lhes fossem liberado o porte de armas.

De volta
Lula vai se reunir na segunda com governadores do NE no Ceará. Relançará a Sudene, cuja sede será em Recife. Paulo Hartung (ES) e Aécio Neves (MG) também devem participar.

Visita à Folha
Valdery Frota de Albuquerque, diretor-presidente do Banco Nossa Caixa S.A., visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Roger Ferreira, assessor de comunicação.

TIROTEIO

De Wilma Faria, governadora do Rio Grande do Norte, sobre a reforma tributária:
-Essa reforma não resolverá os problemas do Nordeste. Não precisamos de esmolas, mas de incentivos para promover o desenvolvimento. Na campanha, Lula prometeu reduzir as desigualdades regionais.

CONTRAPONTO

Gol contra

A reunião da comissão especial da reforma da Previdência, ontem na Câmara, foi muito tensa. Antes mesmo da briga entre servidores e policiais, houve troca de agressões verbais.
Em meio à confusão, o deputado Enéas Carneiro (Prona-SP) foi ao microfone orientar seus colegas de partido sobre como votar certos pontos da reforma. Ele é contra a proposta apresentada pelo governo.
Pediu silêncio. Mas ninguém o atendeu. Irritado, esbravejou:
-Quero silêncio, pois eu não falei durante o discurso dos colegas!
Todos respeitaram Enéas, instalando-se um silêncio sepulcral. Mas, do lado de fora, manifestantes que achavam que Enéas defendia o governo começaram a gritar:
-Traidor! Traidor!
Enéas abaixou a cabeça e começou a rir. E todo o plenário caiu na gargalhada.


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