São Paulo, domingo, 24 de julho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/PESQUISA

Praticamente estável, avaliação positiva do governo é de 35%; reprovação aumenta quatro pontos percentuais e atinge 23%

Lula é visto como honesto por 62%, mas perde 11 pontos

DA SUCURSAL DO RIO

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é aprovado por 35% dos eleitores -oscilação negativa de um ponto percentual em relação ao levantamento de junho- e reprovado por 23% -uma taxa quatro pontos percentuais maior do que na pesquisa Datafolha anterior.
O governo recebeu dos entrevistados nota média 5,8 -a menor dos 11 levantamentos feitos em dois anos e sete meses da administração petista.
Em 35 dias, a parcela de entrevistados que rotulam Lula como honesto caiu 11 pontos percentuais, de 73% para 62%. O índice dos que o apontam como sincero recuou de 66% para 60% e o dos que o chamam de falso passou de 22% para 25%.
O desempenho pessoal de Lula foi definido como ótimo ou bom por 51% dos entrevistados, mas está em ascendência o número daqueles que o vêem como ruim ou péssimo -era 6% em outubro de 2003, passou para 9% em março de 2004, foi a 10% em junho passado e chegou agora a 12%.
Entre a pesquisa Datafolha de 16 de junho e a realizada na quinta-feira passada, o presidente Lula tentou reagir à crise instalada no governo, mas foi ofuscado por uma série de revelações que só ampliaram os envolvidos no chamado escândalo do "mensalão".
Lula colocou a ministra Dilma Rousseff na Casa Civil da Presidência, em substituição ao ministro José Dirceu, cedendo à pressão externada pelo deputado federal Roberto Jefferson em depoimento no Conselho de Ética da Câmara. "Sai daí rápido, Zé, senão você vai fazer réu um homem inocente, que é o presidente Lula", disse Jefferson em ameaça transmitida ao vivo pela televisão.
Na tentativa de conter a crise, o presidente começou uma reforma ministerial na qual reduziu o espaço do PT e ampliou o do PMDB e de aliados como o PP.
Mas revelações como a de que o publicitário Marcos Valério foi avalista do PT em empréstimos -obrigando ao afastamento da cúpula do partido- e existência de saques em dinheiro vivo efetuados por parlamentares e assessores da base aliada em contas das agências SMPB e DNA frustraram o esforço do governo de controlar a agenda política.
A origem da crise está em 14 de maio, quando foi revelado um vídeo em que um funcionário dos Correios recebe propina de empresários e anuncia a existência de um esquema de corrupção nos Correios que seria comandado pelo PTB, partido aliado do governo, e por seu então presidente, Roberto Jefferson. Para se defender, 23 dias depois, Jefferson trouxe a público as acusações do "mensalão", colocando o governo Lula em xeque.
Como mostra o Datafolha, o efeito foi devastador. Para 78% dos entrevistados, existem casos de corrupção no governo Lula, aumento de oito pontos percentuais em relação à pesquisa de 35 dias atrás. Para 31%, Lula tem muita responsabilidade nesses casos. Para 49%, ele tem um pouco de responsabilidade.
É majoritária a impressão de que o PT pagava parlamentares em troca de apoio no Congresso, como apontam 67% dos entrevistados. Entre estes, 32% acreditam que Lula não está envolvido, e 28% afirmam que o presidente está envolvido na compra de apoio parlamentar.
De maneira geral, os entrevistados demonstraram esperança na capacidade de desempenho de Lula na crise daqui por diante: 65% esperam um final de mandato ótimo ou bom; 17% regular e 10% ruim ou péssimo.


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