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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/PESQUISA
Praticamente estável, avaliação positiva do governo é de 35%; reprovação aumenta quatro pontos percentuais e atinge 23%
Lula é visto como honesto por 62%, mas perde 11 pontos
DA SUCURSAL DO RIO
O governo do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva é aprovado
por 35% dos eleitores -oscilação
negativa de um ponto percentual
em relação ao levantamento de
junho- e reprovado por 23%
-uma taxa quatro pontos percentuais maior do que na pesquisa Datafolha anterior.
O governo recebeu dos entrevistados nota média 5,8 -a menor dos 11 levantamentos feitos
em dois anos e sete meses da administração petista.
Em 35 dias, a parcela de entrevistados que rotulam Lula como
honesto caiu 11 pontos percentuais, de 73% para 62%. O índice
dos que o apontam como sincero
recuou de 66% para 60% e o dos
que o chamam de falso passou de
22% para 25%.
O desempenho pessoal de Lula
foi definido como ótimo ou bom
por 51% dos entrevistados, mas
está em ascendência o número
daqueles que o vêem como ruim
ou péssimo -era 6% em outubro
de 2003, passou para 9% em março de 2004, foi a 10% em junho
passado e chegou agora a 12%.
Entre a pesquisa Datafolha de 16
de junho e a realizada na quinta-feira passada, o presidente Lula
tentou reagir à crise instalada no
governo, mas foi ofuscado por
uma série de revelações que só
ampliaram os envolvidos no chamado escândalo do "mensalão".
Lula colocou a ministra Dilma
Rousseff na Casa Civil da Presidência, em substituição ao ministro José Dirceu, cedendo à pressão externada pelo deputado federal Roberto Jefferson em depoimento no Conselho de Ética da
Câmara. "Sai daí rápido, Zé, senão você vai fazer réu um homem
inocente, que é o presidente Lula", disse Jefferson em ameaça
transmitida ao vivo pela televisão.
Na tentativa de conter a crise, o
presidente começou uma reforma
ministerial na qual reduziu o espaço do PT e ampliou o do PMDB
e de aliados como o PP.
Mas revelações como a de que o
publicitário Marcos Valério foi
avalista do PT em empréstimos
-obrigando ao afastamento da
cúpula do partido- e existência
de saques em dinheiro vivo efetuados por parlamentares e assessores da base aliada em contas das
agências SMPB e DNA frustraram
o esforço do governo de controlar
a agenda política.
A origem da crise está em 14 de
maio, quando foi revelado um vídeo em que um funcionário dos
Correios recebe propina de empresários e anuncia a existência
de um esquema de corrupção nos
Correios que seria comandado
pelo PTB, partido aliado do governo, e por seu então presidente,
Roberto Jefferson. Para se defender, 23 dias depois, Jefferson trouxe a público as acusações do
"mensalão", colocando o governo
Lula em xeque.
Como mostra o Datafolha, o
efeito foi devastador. Para 78%
dos entrevistados, existem casos
de corrupção no governo Lula,
aumento de oito pontos percentuais em relação à pesquisa de 35
dias atrás. Para 31%, Lula tem
muita responsabilidade nesses casos. Para 49%, ele tem um pouco
de responsabilidade.
É majoritária a impressão de
que o PT pagava parlamentares
em troca de apoio no Congresso,
como apontam 67% dos entrevistados. Entre estes, 32% acreditam
que Lula não está envolvido, e
28% afirmam que o presidente está envolvido na compra de apoio
parlamentar.
De maneira geral, os entrevistados demonstraram esperança na
capacidade de desempenho de
Lula na crise daqui por diante:
65% esperam um final de mandato ótimo ou bom; 17% regular e
10% ruim ou péssimo.
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