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Senador do PT leva assessor de acusada a depoimento
Sibá Machado permitiu acesso a reunião da CPI com empresário Darci Vedoin
Serys Slhessarenko (PT), envolvida no escândalo dos sanguessugas, pode ter tido acesso a conversa sigilosa; ela nega interesse no caso
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador Sibá Machado
(PT-AC), integrante da CPI dos
Sanguessugas, levou um assessor da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) para assistir a
um depoimento reservado feito
aos membros da comissão, em
Cuiabá (MT). A senadora é uma
das parlamentares apontadas
pela família Vedoin como tendo envolvimento no esquema
de vendas superfaturadas de
ambulâncias a prefeituras.
No dia 11 de julho, membros
da CPI estavam em Cuiabá para
uma audiência sigilosa com
Darci Vedoin, proprietário da
Planam, principal empresa da
quadrilha dos sanguessugas.
Darci e outros integrantes da
família Vedoin têm revelado
detalhes de como funcionava o
esquema de pagamento de propina a parlamentares.
Na audiência, os integrantes
da CPI descobriram a presença
do assessor de Serys com o senador Sibá Machado. A cena
causou constrangimento entre
os demais membros da CPI, incluindo o também petista deputado Antonio Carlos Biscaia
(RJ), que preside a comissão.
Num primeiro momento, segundo a Folha apurou, Sibá
tentou mantê-lo na audiência,
dizendo tratar-se de um assessor seu. Após a insistência de
Biscaia sobre a impossibilidade
de pessoas de fora da CPI assistirem ao depoimento, Sibá admitiu que era um funcionário
de Serys. Biscaia, então, exigiu
que o assessor deixasse a sala.
Os membros da CPI desconfiaram que poderia ser alguém
ligado à senadora porque ela
telefonara várias vezes para Sibá ao longo da audiência. E, enquanto esteve em Cuiabá, Sibá
circulou em carro da senadora.
Serys confirmou à Folha que
cedeu um assessor seu para
acompanhar o colega, mas para
servi-lo como motorista.
Disse também que telefonou,
sim, para Sibá, mas só duas vezes, pois a primeira ligação teria caído. Negou, no entanto,
que tenha pedido a Sibá que levasse o assessor à audiência.
Ela disse que a pergunta deveria ser feita ao senador.
"Tenho certeza de que a meu
pedido não foi [que seu assessor assistiu ao depoimento].
Não tenho o menor interesse
no assunto, porque não tenho
nada a ver com essa história."
Serys acrescentou que não
poderia ter interesse no caso se
até então -na data do depoimento de Darci à CPI- nenhuma acusação contra ela ou seu
genro havia sido divulgada.
Cronologia
Antes de Darci falar à CPI,
seu filho, Luiz Antonio Vedoin,
apontado pela PF como chefe
da quadrilha, já havia feito uma
série de denúncias envolvendo
uma centena de congressistas,
incluindo a senadora Serys.
Se ela ainda não sabia do teor
do depoimento de Luiz Antonio quando Darci foi ouvido pela CPI, Sibá Machado já tinha
conhecimento das acusações.
O depoimento de Luiz Antonio começou no dia 3 deste mês
e se estendeu até o dia 12. Os integrantes da CPI, incluindo Sibá, chegaram a Cuiabá no dia 10, quando tiveram uma conversa com o juiz Jeferson
Schneider, da 2ª Vara Federal,
responsável pelo depoimento
de Luiz Antonio. Naquele mesmo dia, souberam das denúncias envolvendo três senadores,
entre os quais, Serys.
Ou seja, um dia antes do depoimento de Darci (dia 11), Sibá
já sabia da acusação que atingia
a colega. Os outros membros da
CPI deixaram Cuiabá na quarta-feira. Sibá ficou para tentar
pegar uma cópia da transcrição
do depoimento de Darci. Por
ordem de Biscaia, porém, ele foi
impedido de levar o papel. Um
funcionário da CPI foi encarregado de levar o documento.
Luiz Antonio não afirmou
que pagou propina à senadora.
Ele disse que depositou R$ 35
mil a um genro da parlamentar
identificado como Paulo Roberto. Seria uma "comissão"
por conta de uma emenda que a
senadora teria apresentado, no
valor de R$ 700 mil, para compra de ambulâncias que teria
beneficiado a quadrilha.
Segundo Luiz Antonio, Paulo
Roberto pedira a ele, em 2003,
que o ajudasse a saldar "dívidas
de campanha" da senadora. Pelo suposto acerto, a parlamentar apresentaria a emenda e,
em troca, a Planam pagaria a
ele uma propina de 10%.
Colaborou HUDSON CÔRREA , da Agência Folha,
em Cuiabá
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