São Paulo, Sábado, 24 de Julho de 1999
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POLÊMICA
Senador diz que Bahia estaria melhor se houvesse ocupado cargo
ACM diz que há miséria porque não foi presidente

LUIZ FRANCISCO
da Agência Folha, em Amargosa (BA)

O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) insinuou ontem em Amargosa (BA) que cabe ao presidente da República a execução de projetos para erradicar ou diminuir os índices de pobreza do país.
"Na Bahia, eu não consegui diminuir a pobreza porque não sou nem fui presidente da República", disse o senador, que participou no final da manhã da inauguração de uma fábrica de calçados em Amargosa (231 km de Salvador).
Políticos ligados a ACM consideram que a afirmação do senador baiano é uma resposta à entrevista concedida pelo presidente Fernando Henrique Cardoso anteontem em Lima (Peru).
Na entrevista, FHC disse que a pobreza não pode ser erradicada em "um passe de mágica", em referência à proposta do presidente do Congresso de criar um imposto contra a miséria.
"Ele (ACM) não conseguiu, nem eu", disse o presidente. Ontem, Antonio Carlos Magalhães voltou a dizer que não quer ser o "pai do projeto" que pretende acabar com a miséria no Brasil.
"É claro que eu não quero ser o pai da idéia. Agora, o que eu não quero ser mesmo é o pai dos ricos", acrescentou.
ACM disse que o presidente Fernando Henrique Cardoso também quer acabar com a pobreza no Brasil.
"Vou procurar o presidente para discutir a criação de um fundo para financiar medidas de combate à pobreza", afirmou.
Para o senador, até o final do ano o esboço do projeto de combate à pobreza deverá estar concluído. "Também vou ouvir a opinião de todos os líderes oposicionistas para concluir o projeto."
Antonio Carlos Magalhães afirma que a proposta de criar um fundo contra a pobreza não é uma estratégia de marketing para o eventual lançamento de sua candidatura à sucessão de FHC.

Minuta do projeto
Na próxima terça-feira, quando retorna às suas atividades no Congresso, Antonio Carlos Magalhães analisará a minuta do projeto que solicitou à assessoria jurídica do Senado.
Durante a visita às instalações da fábrica Daiby em Amargosa, Antonio Carlos Magalhães disse que "somente um doente pode ser contra a diminuição da pobreza no Brasil".
Antes de conhecer as instalações da fábrica, ACM fez um rápido discurso de improviso.
Sem citar nomes, criticou o governador Mário Covas (PSDB-SP) e alguns setores empresariais de São Paulo, que defenderam o veto aos incentivos fiscais concedidos pelo governo para a instalação da fábrica da Ford em Camaçari (região metropolitana de Salvador).
"Se os paulistas se zangam, azar deles. Se quiserem, podem trabalhar na Bahia que nós os receberemos de braços abertos", disse, acompanhado pelo governador César Borges (PFL).


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