São Paulo, sábado, 24 de agosto de 2002

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AVIAÇÃO

Presidente espera resultado das eleições para decidir com próximo governo grupo que fornecerá novos caças à FAB

FHC escolherá consórcio com o sucessor

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu aguardar a eleição do próximo presidente para ouvi-lo sobre a escolha do consórcio que vai fornecer os novos caças à FAB (Força Aérea Brasileira). A concorrência, de US$ 700 milhões, vai substituir os 12 Mirages IIIEBR, sediados na Base Aérea de Anápolis (GO). A Folha apurou que a decisão será anunciada em reunião do Conselho Nacional de Defesa que pode ocorrer até a próxima semana.
A escolha do consórcio vencedor será feita conjuntamente entre o atual e o próximo governo durante o período de transição, que começa logo após o segundo turno das eleições, marcado para o dia 27 de outubro.
O parecer técnico produzido pelo Ministério da Defesa, sobre as vantagens e as desvantagens dos cinco consórcios que concorrem à venda dos 12 caças para a FAB, será entregue ao presidente eleito. Disputam os russos Sukhoi Su-35 e MiG-29, o anglo-sueco Gripen, o norte-americano F-16 e o francês Mirage-2000BR.
A Folha apurou que FHC decidiu adiar a escolha do consórcio para depois das eleições para evitar especulações em torno do assunto, que foi alvo de denúncias.
O resultado da concorrência, que começou há cerca de um ano, deveria ter sido divulgado em maio. O governo afirma que o atraso ocorreu por causa de várias alterações nas propostas apresentadas pelos cinco consórcios.

Denúncias
Na última terça-feira, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Almeida Baptista, e o ministro da Defesa, Geraldo Quintão, concederam uma entrevista, na qual negaram a informação da revista "IstoÉ" de que os EUA teriam embutido na aprovação do acordo de US$ 30 bilhões com o FMI (Fundo Monetário Internacional) a escolha do Gripen.
Segundo a revista, como o caça americano F-16 estava praticamente fora da disputa, os EUA teriam forçado a escolha do Gripen porque esse consórcio utiliza principalmente peças e equipamentos americanos na produção dos caças. Segundo Quintão, "é uma total inverdade".
Congressistas de oposição já chegaram a cogitar a possibilidade de cancelar a compra dos aviões e sugeriram favorecer o Mirage, da francesa Dassault em parceria com a Embraer.
Baptista teme que o clima de denúncia gere atrasos na chegada dos caças, que deveriam entrar em operação em 2007.
Como a vida útil dos Mirages acaba em 2005, o brigadeiro vai propor que sejam feitas operações de leasing (aluguel) de 12 caças Kfir C10 israelenses, que deixaram de operar nos anos 90.
Os aviões seriam utilizados por dois anos, até que os novos fossem entregues. Segundo o brigadeiro, o aluguel dos aviões israelenses é mais barato do que operações de leasing com consórcios que disputam a venda dos caças.


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