São Paulo, sábado, 24 de agosto de 2002

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NO AR

A imagem é deles

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

- A minha imagem é minha!
Era Ciro Gomes, avançando contra o câmera do PT que gravou a presença dele, em ação de campanha, num prédio público do Ceará. A Globo reproduziu as imagens.
É começar o horário eleitoral que os candidatos, os "homens públicos", passam a pensar assim -que têm o domínio sobre suas imagens, que nada pode sair de seu controle.
Como se fosse um ator de novela, uma celebridade, sua imagem pública é sua para vender como quiser.
Ronaldo, o Fenômeno, foi filmado pelos marqueteiros de Ciro dando uma camiseta para Patrícia Pillar, mas proibiu a reprodução na propaganda. A imagem é dele. Ciro se imagina agora um Ronaldo.
Lula se imagina um Ronaldo. Ele tem Duda Mendonça para cuidar de sua imagem, assim como José Serra tem Nizan Guanaes e mais um batalhão de marqueteiros.
É disso que Boris Casoy falou, ao reagir à estréia do horário eleitoral, no início da semana, questionando o "monólogo" dos candidatos.
Sustentada no horário nobre com dinheiro público, a imagem de Lula, Ciro, Serra é só deles, sem que o eleitor -que paga a propaganda- tenha direito a contraponto.
Sobra o monólogo de um para atacar o outro. Mas, como diz Franklin Martins, em referência aos últimos ataques recíprocos de Serra e Ciro:
- Espetáculo de acusações em que ninguém está preocupado em provar nada.
E é assim, informado por este "túmulo da verdade", para citar Boris Casoy uma vez mais, que o eleitor brasileiro vai às urnas -eleger mais um presidente da República.
 
Seguindo com Franklin Martins, comentarista das Globos, ele avalia que a decisão de Tasso Jereissati, de apoiar Ciro publicamente, "é uma senha para que outros tucanos possam entrar na mesma picada que ele está abrindo".
De fato, mas não apenas outros tucanos, outros políticos do PSDB. Por toda parte, Ciro já não é Collor -agora que Tasso está com ele.
Alexandre Garcia, com poucas horas de diferença do aviso do colega de Globo, dizia que Tasso formalizou o abandono de Serra "incomodado pelas críticas tucanas contra seu amigo e companheiro Ciro".
É assim, aqui e ali na opinião pública, que se inicia a cada eleição a debandada na direção do novo poder.



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