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NO AR
A imagem é deles
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
- A minha imagem é
minha!
Era Ciro Gomes, avançando
contra o câmera do PT que gravou a presença dele, em ação de
campanha, num prédio público
do Ceará. A Globo reproduziu
as imagens.
É começar o horário eleitoral
que os candidatos, os "homens
públicos", passam a pensar assim -que têm o domínio sobre
suas imagens, que nada pode
sair de seu controle.
Como se fosse um ator de novela, uma celebridade, sua imagem pública é sua para vender
como quiser.
Ronaldo, o Fenômeno, foi filmado pelos marqueteiros de Ciro dando uma camiseta para
Patrícia Pillar, mas proibiu a reprodução na propaganda. A
imagem é dele. Ciro se imagina
agora um Ronaldo.
Lula se imagina um Ronaldo.
Ele tem Duda Mendonça para
cuidar de sua imagem, assim como José Serra tem Nizan Guanaes e mais um batalhão de
marqueteiros.
É disso que Boris Casoy falou,
ao reagir à estréia do horário
eleitoral, no início da semana,
questionando o "monólogo" dos
candidatos.
Sustentada no horário nobre
com dinheiro público, a imagem
de Lula, Ciro, Serra é só deles,
sem que o eleitor -que paga a
propaganda- tenha direito a
contraponto.
Sobra o monólogo de um para
atacar o outro. Mas, como diz
Franklin Martins, em referência
aos últimos ataques recíprocos
de Serra e Ciro:
- Espetáculo de acusações
em que ninguém está preocupado em provar nada.
E é assim, informado por este
"túmulo da verdade", para citar
Boris Casoy uma vez mais, que o
eleitor brasileiro vai às urnas
-eleger mais um presidente da
República.
Seguindo com Franklin Martins, comentarista das Globos,
ele avalia que a decisão de Tasso
Jereissati, de apoiar Ciro publicamente, "é uma senha para
que outros tucanos possam entrar na mesma picada que ele
está abrindo".
De fato, mas não apenas outros tucanos, outros políticos do
PSDB. Por toda parte, Ciro já
não é Collor -agora que Tasso
está com ele.
Alexandre Garcia, com poucas
horas de diferença do aviso do
colega de Globo, dizia que Tasso
formalizou o abandono de Serra
"incomodado pelas críticas tucanas contra seu amigo e companheiro Ciro".
É assim, aqui e ali na opinião
pública, que se inicia a cada
eleição a debandada na direção
do novo poder.
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