São Paulo, sábado, 24 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ciro discutiu com médicos ao governar CE

DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

A troca de farpas entre os candidatos à Presidência Ciro Gomes (PPS) e José Serra (PSDB), em que o primeiro foi chamado de "governador do cólera" e o segundo de "ministro da dengue", remete ao governo de Ciro no Ceará (91 a 94), quando houve a maior greve de médicos da história do Estado.
Foram 67 dias de paralisação, entre janeiro e março de 92, em que apenas os casos de emergência eram atendidos pelos médicos nos hospitais estaduais. A relação entre o então governador e os grevistas foi muito tensa, com ameaças mútuas de demissões gerais.
Em uma ocasião, Ciro comparou a categoria a "sal, que é branco, barato e que se encontra em qualquer esquina", para responder à ameaça de demissão geral.
Os grevistas também foram chamados por Ciro de "mercenários". A principal reivindicação dos médicos era reajuste salarial.
Quando era prefeito de Fortaleza, Ciro já não mantinha boa relação com a classe médica do município. Em 89, o então prefeito disse em entrevista que o presidente do Sindicato dos Médicos, Francisco Monteiro, "não servia nem para presidente do sindicato dos carniceiros".

Epidemias
O difícil relacionamento foi coroado, em 1993, com uma epidemia de cólera. Por dois anos seguidos o Ceará foi líder de casos da doença no país: em 93, foram 22.738 casos, com 187 mortes; em 94, o número baixou para 19.997 casos da doença e 159 mortes.
Em 94, último ano do governo Ciro, o problema foi a dengue. O Ceará, segundo a Fundação Oswaldo Cruz, também foi campeão de casos, com 47.889 casos só naquele ano, o equivalente a 84% dos casos notificados no país.
Pela primeira vez no Estado apareceram casos de dengue hemorrágica, causando dez mortes. Até mesmo o próprio Ciro foi vítima de dengue.
O secretário de Saúde do governo Ciro, o senador Lúcio Alcântara, hoje candidato ao governo do Estado pelo PSDB, foi procurado para falar sobre esses problemas, mas sua assessoria informou que ele estava em viagem pelo interior do Estado. A assessoria de Ciro informou que ele não comentaria o caso. (KAMILA FERNANDES)



Texto Anterior: Campanha: Ciro ataca Serra e Lula, após condenar "agressividade"
Próximo Texto: PFL estimula discursos mais agressivos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.