São Paulo, sábado, 24 de agosto de 2002

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Na Embraer, Serra volta a atacar Ciro

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E DA AGÊNCIA FOLHA, EM UBERLÂNDIA

O candidato à Presidência José Serra (PSDB) voltou a atacar ontem o adversário Ciro Gomes (PPS) em visita à Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica), em São José dos Campos (SP).
O tucano disse não ter se sentido atingido com a declaração de Ciro de que iria apurar escândalos e dizer com todos os "esses" e "erres", quem era o ladrão -supostamente em referência a Serra.
"Não me senti atingido até porque ele pode começar [a apurar os escândalos" pela campanha dele. Teve gente que deu avião, que paga o escritório dele em Brasília e tudo mais. Ele deve começar por aí, naturalmente", disse Serra.
O tucano também criticou declarações de Ciro sobre o déficit externo e a taxa de juros.
"Ele [Ciro" fala do problema que é o déficit externo da economia brasileira e do tamanho da taxa de juros. Só que, quando ele foi ministro da Fazenda -felizmente, foi só por 116 dias-, deixou uma taxa de juros que é pelo menos duas vezes e meia a taxa de juros real de hoje, disse Serra.
Segundo ele, Ciro também teria gerado o primeiro déficit comercial do Brasil, entre os meses de novembro e dezembro de 1994.
"Ele [Ciro" gerou R$ 1,2 bilhão de déficit no exterior. Ele é exatamente o oposto daquilo que predica. O que praticou como ministro foi a política do déficit externo, do juro elevado e do desemprego. Não tem moral para abordar agora questões econômicas atuais."
Serra criticou ainda a construção do Canal do Trabalhador, feito quando Ciro era governador do Ceará. "É um Canal do Trabalhador desastroso, que até hoje envolve custos. Não só não funcionou como até hoje envolve custos enormes para o Estado do Ceará."
Foi a segunda visita de Serra ao fabricante de aviões. Em 95, quando era ministro do Planejamento, participou do lançamento do jato regional Embraer 145.
Segundo o diretor-presidente da Embraer, Maurício Novis Botelho, o pedido de visita partiu de Serra, que permaneceu nas instalações por cerca de 90 minutos.
O presidenciável disse ainda acreditar que a decisão sobre o consórcio vencedor da licitação aberta pelo governo para reequipar a FAB (Força Aérea Brasileira) só deve ser anunciada após as eleições. "Tenho certeza de que o presidente Fernando Henrique vai ouvir o presidente eleito."

Ensino superior
Em seguida, Serra embarcou para Uberlândia (MG), onde prometeu aumentar em no mínimo 50% as vagas nas universidades públicas brasileiras. A promessa foi feita para lideranças empresariais e políticas do Triângulo Mineiro, com cerca de 250 pessoas.
À Agência Folha, Serra disse depois que a sua proposta abrange todas as universidades públicas, não apenas as federais. Disse ser um número muito alto de vagas a serem criadas, por isso não poderia quantificar naquele momento.
Também sem dar números, o candidato prometeu "duplicar os estudantes no ensino médio" e ainda "duplicar o ensino profissionalizante". "Vamos promover trabalho e estudo nas segundas-feiras", disse ele, propagandeando o seu projeto Segunda-Feira.
Amenizando o tom adotado em São José dos Campos, em relação a Ciro, Serra declarou que "ninguém está acusando nada" e que "estamos debatendo idéias".
Depois, questionado sobre o apelo feito anteontem por FHC para que não ocorram ataques pessoais na campanha, disse: "É outro candidato que é especializado em insultos, não eu".
Serra fez caminhada pelo centro de Uberlândia e, ao ver que pessoas acenavam para ele de dentro de um ônibus parado no semáforo, foi até o interior do veículo para cumprimentá-las, seguido por sua vice, Rita Camata (PMDB).
Ele terminou a visita em uma unidade de call center do Grupo Algar, onde trabalham cerca de 3.000 pessoas.



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