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Na Embraer, Serra volta a atacar Ciro
FREE-LANCE PARA A FOLHA VALE
E DA AGÊNCIA FOLHA, EM UBERLÂNDIA
O candidato à Presidência José
Serra (PSDB) voltou a atacar ontem o adversário Ciro Gomes
(PPS) em visita à Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica),
em São José dos Campos (SP).
O tucano disse não ter se sentido atingido com a declaração de
Ciro de que iria apurar escândalos
e dizer com todos os "esses" e "erres", quem era o ladrão -supostamente em referência a Serra.
"Não me senti atingido até porque ele pode começar [a apurar os
escândalos" pela campanha dele.
Teve gente que deu avião, que paga o escritório dele em Brasília e
tudo mais. Ele deve começar por
aí, naturalmente", disse Serra.
O tucano também criticou declarações de Ciro sobre o déficit
externo e a taxa de juros.
"Ele [Ciro" fala do problema
que é o déficit externo da economia brasileira e do tamanho da taxa de juros. Só que, quando ele foi
ministro da Fazenda -felizmente, foi só por 116 dias-, deixou
uma taxa de juros que é pelo menos duas vezes e meia a taxa de juros real de hoje, disse Serra.
Segundo ele, Ciro também teria
gerado o primeiro déficit comercial do Brasil, entre os meses de
novembro e dezembro de 1994.
"Ele [Ciro" gerou R$ 1,2 bilhão
de déficit no exterior. Ele é exatamente o oposto daquilo que predica. O que praticou como ministro foi a política do déficit externo,
do juro elevado e do desemprego.
Não tem moral para abordar agora questões econômicas atuais."
Serra criticou ainda a construção do Canal do Trabalhador, feito quando Ciro era governador do
Ceará. "É um Canal do Trabalhador desastroso, que até hoje envolve custos. Não só não funcionou como até hoje envolve custos
enormes para o Estado do Ceará."
Foi a segunda visita de Serra ao
fabricante de aviões. Em 95, quando era ministro do Planejamento,
participou do lançamento do jato
regional Embraer 145.
Segundo o diretor-presidente
da Embraer, Maurício Novis Botelho, o pedido de visita partiu de
Serra, que permaneceu nas instalações por cerca de 90 minutos.
O presidenciável disse ainda
acreditar que a decisão sobre o
consórcio vencedor da licitação
aberta pelo governo para reequipar a FAB (Força Aérea Brasileira) só deve ser anunciada após as
eleições. "Tenho certeza de que o
presidente Fernando Henrique
vai ouvir o presidente eleito."
Ensino superior
Em seguida, Serra embarcou
para Uberlândia (MG), onde prometeu aumentar em no mínimo
50% as vagas nas universidades
públicas brasileiras. A promessa
foi feita para lideranças empresariais e políticas do Triângulo Mineiro, com cerca de 250 pessoas.
À Agência Folha, Serra disse depois que a sua proposta abrange
todas as universidades públicas,
não apenas as federais. Disse ser
um número muito alto de vagas a
serem criadas, por isso não poderia quantificar naquele momento.
Também sem dar números, o
candidato prometeu "duplicar os
estudantes no ensino médio" e
ainda "duplicar o ensino profissionalizante". "Vamos promover
trabalho e estudo nas segundas-feiras", disse ele, propagandeando o seu projeto Segunda-Feira.
Amenizando o tom adotado em
São José dos Campos, em relação
a Ciro, Serra declarou que "ninguém está acusando nada" e que
"estamos debatendo idéias".
Depois, questionado sobre o
apelo feito anteontem por FHC
para que não ocorram ataques
pessoais na campanha, disse: "É
outro candidato que é especializado em insultos, não eu".
Serra fez caminhada pelo centro
de Uberlândia e, ao ver que pessoas acenavam para ele de dentro
de um ônibus parado no semáforo, foi até o interior do veículo para cumprimentá-las, seguido por
sua vice, Rita Camata (PMDB).
Ele terminou a visita em uma
unidade de call center do Grupo
Algar, onde trabalham cerca de
3.000 pessoas.
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