São Paulo, terça-feira, 24 de agosto de 2004

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CASO BANESTADO

Tucano afirma que, sob o comando de José Dirceu, comissão criou um banco de dados sobre empresários

PT passou do limite legal em CPI, diz Tasso

Alan Marques - 29.out.03/Folha Imagem
O senador tucano Tasso Jereissati, que criticou o governo ontem


KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) disse ontem que a retomada do crescimento econômico, "que não é nada brilhante porque o ano passado foi muito ruim", leva o governo Luiz Inácio Lula da Silva a "botar as unhas de fora e querer atropelar todo mundo para impor de forma autoritária as suas visões".
Tasso afirmou que discursará hoje ou amanhã da tribuna do Senado a respeito da interpelação judicial movida pelo PT para que confirme declarações sobre o tesoureiro petista, Delúbio Soares.
Tasso disse que o PT e autoridades do governo "não ajudam ao tentar sempre criar um clima de guerra". Disse que "mais grave" do que suas declarações sobre Delúbio seria "o que o governo fez na CPI do Banestado".
"Ninguém duvida que, sob o comando do Zé Dirceu [ministro da Casa Civil], a CPI do Banestado montou um banco de dados sobre empresários, passando dos limites legais", afirmou.

"Roubalheira"
No início do mês, o tucano disse que poderia haver suposta "roubalheira" caso o projeto das PPPs (Parcerias Público-Privadas) fosse aprovado no Senado sem modificações. E emendou: "Para o Delúbio deitar e rolar".
Tasso disse que confirmará suas declarações, mas que as fará com "argumentação jurídica" e somente depois de ler a interpelação que o PT encaminhou ao STF (Supremo Tribunal Federal).
De acordo com Tasso, a interpelação para que confirme declarações sobre Delúbio Soares será um "tiro pela culatra". "Eles querem proibir o debate sobre o Delúbio, mas vão é arrastá-lo para o centro do debate."
Tasso afirmou que disse ao senador Tião Viana (PT-AC) que, sem mudanças, o PPP permitiria "roubalheira" e que depois falou "para o Delúbio deitar e rolar".

"Arrecadador"
"O "deitar e rolar" não significa acusação de "roubalheira'", disse Tasso à Folha, numa evidência de que já utiliza argumentação jurídica para responder à interpelação. Segundo o senador tucano, Delúbio se assume como "arrecadador, e é estranho o PT querer proibir que se fale dele".
Tasso Jereissati disse que o PT, quando era oposição, fez críticas "muito mais duras" aos tucanos.
"É abominável o que falaram do Eduardo Jorge [ex-secretário-geral da Presidência], do Ricardo Sérgio [ex-diretor do Banco do Brasil e arrecadador de recursos em campanhas tucanas] e do Sérgio Motta [morto em 1998, ex-tesoureiro de campanhas do PSDB e ministro das Comunicações no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso]."

Ética
Segundo Tasso, Eduardo Jorge, Ricardo Sérgio e Sérgio Motta foram publicamente acusados por petistas de falta de lisura ética e até de corrupção.
Dizendo que sempre teve relação cordial com Lula até o ano passado, primeiro ano do governo do petista, o senador Tasso Jereissati se declarou "decepcionado" com o presidente.
"No governo dele, há sempre gente disposta a acirrar os ânimos", afirmou, numa referência a Dirceu e "outros petistas".
"Essa onda que estão fazendo em cima de mim [interpelá-lo judicialmente] é para intimidar a oposição e aprovar o que o governo quer no Congresso sem discussão. Isso é muito ruim. O caminho da humildade e da negociação seria melhor para o país", afirmou o senador tucano.


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