São Paulo, terça-feira, 24 de setembro de 2002

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Paulinho mudou para ser meu vice, afirma Ciro na TV

DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, afirmou ontem, durante entrevista ao ""Jornal Nacional", que, para ser seu vice, o sindicalista Paulo Pereira da Silva (PTB), admitiu que a idéia de flexibilização da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) é ""errada".
""Sou a favor de modernizar a CLT, mas flexibilização podem entender como sinônimo de enfraquecer o poder dos trabalhadores", declarou Ciro. "[Paulinho] era [a favor], mas, para ser vice, inclusive concordou que essa era uma idéia errada", disse ao ser questionado sobre o tema.
O PDT de Leonel Brizola, um dos partidos da Frente Trabalhista que dá sustentação à candidatura Ciro, é contrário à flexibilização. A defesa de Paulinho da idéia era um dos principais impedimentos para que o pedetista concordasse com a indicação do sindicalista para a chapa.
Para ser aceito, Paulinho assumiu com o ex-governador o compromisso de promover uma "profunda discussão" antes de "qualquer alteração" na legislação trabalhista e de submeter eventuais mudanças a plebiscitos caso a população demonstrasse estar dividida sobre o assunto.
O sindicalista negou ontem constrangimentos pela declaração de Ciro. "Achei bom [o que disse o pepessista]. Modernização é exatamente o que eu quero, e essa é uma discussão que nem existe mais", afirmou Paulinho.
O presidenciável, que, segundo o Datafolha, ocupa a terceira colocação na preferência do eleitorado, também disse estar "cheio de cicatrizes de pancadas, mas vivo e animado" na disputa. Ainda atribuiu a fama de "pavio curto" a ataques e "impertinências" de adversários, criados com o objetivo de "desorientar" o eleitor.
Voltou também a lembrar que o presidente Fernando Henrique Cardoso se referiu aos aposentados como "vagabundos", afirmando ter sido "mal compreendido" pelas declarações polêmicas que, de acordo com seus aliados, custaram-lhe o segundo lugar nas pesquisas. "A forma como eu fui criado, no interior do Ceará, me dá uma linguagem que talvez no Sul ou no Sudeste não seja muito compreendida."
"O que acho, entretanto, é que essa fase passou. Agora, que o povo está caminhando para a decisão, rapidamente as pessoas estão percebendo que ninguém me atacou a honestidade, a seriedade das nossas propostas, a nossa competência", completou.
Afirmou acreditar, com base em levantamentos próprios, que há hoje um empate "muito tenso" por uma vaga para o segundo turno. Defendeu também o voto obrigatório e o ensino voluntário de religião nas escolas.
A entrevista rendeu média de 37 pontos de audiência à TV Globo, com picos de 38, segundo dados preliminares do Ibope. Cada ponto corresponde a 47 mil telespectadores na Grande São Paulo.
É a mesma audiência obtida com a entrevista concedida pelo pepessista em julho. A média do telejornal ontem foi de 36 pontos.
Após a entrevista, em uma churrascaria do Rio, o candidato disse que "a desvalorização do real é febre de uma infecção extensa, que está puxando de volta a inflação para o país", ao referir-se à alta recorde do dólar.
Nem a presença da mulher, da filha, da irmã, da mãe e da tia do presidenciável conseguiu empolgar uma caminhada do candidato pelo centro de São Paulo ontem.
O grupo passava sob gritos de "Lula, Lula" ou "Patrícia Pillar [mulher de Ciro], linda, eu te amo, mas voto é no Lula".


Colaboraram LIEGE ALBUQUERQUE, da Reportagem Local e a Sucursal do Rio


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