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Radialistas admitem
que "faltou pressão"
RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Participantes da coletiva disseram concordar com o presidente.
"Faltou pressão", declarou Felipe
Bueno, chefe de reportagem da
rádio Eldorado.
"Ficou claro para mim que teve
gente que foi lá levar presentes.
Acho que não é assim que funciona. Teve gente que elogiou, abriu
a entrevista elogiando, dizendo
que era uma oportunidade incrível", disse Bueno, para quem os
jornalistas que entrevistam o presidente não devem ficar "deslumbrados", mas sim "representar o
interesse do ouvinte".
"Minha impressão é que o Lula
queria uma coisa meio camaradagem. Fora do ar ele quis passar essa imagem, "vamos tomar um café", uma coisa de compadres, de
colegas, de companheiros", afirmou. "Acho que ele quis passar
essa imagem de puxão de orelhas,
mas foi mais um alívio para ele."
José Paulo de Andrade, comentarista da rádio Bandeirantes, disse que a ausência de "dureza" é
fruto da amizade e do respeito.
"Numa entrevista dessas, reina
um clima de cordialidade."
"Há um respeito muito grande.
Há uma simpatia em relação ao
pessoal da Secretaria de Comunicação. O próprio André Singer estava lá. Eles receberam muito
bem, a equipe deles é muito boa. E
o próprio Lula, que nós conhecemos desde as lutas sindicais do
ABC. Nós da Bandeirantes temos
um relacionamento com ele daqueles tempos duros."
A crítica de que o presidente
sentiu falta, ele diz acreditar, foi
sobre tema ligado à imprensa.
"Tenho a impressão que ele ficou
esperando uma pergunta sobre o
Conselho Federal de Jornalismo",
disse Andrade. A proposta de
criação do CFJ, para "orientar,
disciplinar e fiscalizar" a atividade
foi encampada pelo governo, que
fez críticas ao "denuncismo" da
imprensa. O projeto, por sua vez,
foi criticado por várias entidades
por supostamente representar
ameaça à liberdade de expressão.
As perguntas sobre assuntos regionais também contribuíram para amenizar a entrevista, disseram
Andrade e Heródoto Barbeiro,
apresentador da CBN, para quem
o comentário do presidente Lula
sobre a falta de "dureza" na entrevista foi feito num "tom de brincadeira".
O radialista Mário Kertész, ex-prefeito de Salvador por duas vezes, disse que a "cobrança" pode
ser explicada por dois motivos:
"Ele estava muito bem-humorado e, realmente, ele não foi muito
apertado pelos jornalistas."
Colaborou a Agência Folha em Salvador
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