São Paulo, sexta-feira, 24 de setembro de 2004

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ENTENDA O CASO

Investigação começou após o escândalo Waldomiro

DO ENVIADO A RIBEIRÃO PRETO
DA FOLHA RIBEIRÃO

A investigação sobre o grupo Leão Leão, maior empresa de coleta de lixo de Ribeirão Preto (SP), com faturamento anual de R$ 200 milhões, foi iniciada após o escândalo Waldomiro Diniz, em fevereiro. Os executivos da Leão Leão são hoje investigados pelo Ministério Público do Estado de São Paulo e pela Polícia Civil por formarem uma suposta quadrilha que atua na cooptação de agentes públicos para beneficiar a empresa em licitações em pelo menos dez municípios do Estado.
Em fevereiro, o Ministério Público Federal de Brasília investigou a denúncia de que Waldomiro Diniz, ex-assessor do ministro da Casa Civil, José Dirceu, havia pedido uma propina de R$ 6 milhões em troca da renovação do contrato de R$ 650 milhões da multinacional GTech com a Caixa Econômica Federal. Dois executivos da GTech revelaram que esse dinheiro deveria ser pago, segundo as orientações de Waldomiro, à empresa BBS Consultores, dirigida em Ribeirão Preto (SP) pelo petista Rogério Buratti, ex-secretário do atual ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, durante a sua primeira gestão como prefeito de Ribeirão (93-96).
Buratti era, até o escândalo Waldomiro, vice-presidente da Leão Leão. Ele entrou na empresa após deixar a prefeitura de Ribeirão. Sua saída, em 1994, também foi cercada de polêmica. Buratti gravou uma conversa com um empreiteiro na qual comentava direcionamento de licitações públicas. A fita veio a público na Folha, e Buratti saiu da prefeitura.
Os caminhos da Leão Leão se cruzam com os do ministro Antonio Palocci Filho. Responsável pela coleta de lixo da cidade, ela foi a maior doadora da campanha eleitoral de Palocci à prefeitura em 2000, com R$ 150 mil declarados.
O atual chefe-de-gabinete do ministro, Juscelino Antonio Dourado, foi padrinho de casamento e sócio, até 1998, de Rogério Buratti numa empresa. Em Londres, em março, Palocci disse que a Leão Leão era uma empresa "exemplar" e "orgulho" da cidade.
Após as denúncias dos executivos da GTech, o Ministério Público de Ribeirão abriu um procedimento para investigar Buratti. Os promotores conseguiram autorização judicial para fazer interceptações telefônicas nos aparelhos de Buratti e de outros executivos da Leão Leão. Transcrições de parte dessas escutas foram entregues anteontem pelo Ministério Público à Justiça e a duas delegacias seccionais de polícia na região. As escutas revelam supostas combinações entre executivos da Leão Leão e outras empresas de lixo que participaram ou queriam participar de concorrências e a cooptação de servidores públicos.
Em 10 de setembro, a Justiça autorizou operações de busca e apreensão na sede da Leão Leão e na casa de Buratti, mas o Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo decidiu impedir que os documentos sejam usados como prova.


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