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ENTENDA O CASO
Investigação começou após o escândalo Waldomiro
DO ENVIADO A RIBEIRÃO PRETO
DA FOLHA RIBEIRÃO
A investigação sobre o grupo
Leão Leão, maior empresa de coleta de lixo de Ribeirão Preto (SP),
com faturamento anual de R$ 200
milhões, foi iniciada após o escândalo Waldomiro Diniz, em fevereiro. Os executivos da Leão Leão
são hoje investigados pelo Ministério Público do Estado de São
Paulo e pela Polícia Civil por formarem uma suposta quadrilha
que atua na cooptação de agentes
públicos para beneficiar a empresa em licitações em pelo menos
dez municípios do Estado.
Em fevereiro, o Ministério Público Federal de Brasília investigou a denúncia de que Waldomiro Diniz, ex-assessor do ministro
da Casa Civil, José Dirceu, havia
pedido uma propina de R$ 6 milhões em troca da renovação do
contrato de R$ 650 milhões da
multinacional GTech com a Caixa
Econômica Federal. Dois executivos da GTech revelaram que esse
dinheiro deveria ser pago, segundo as orientações de Waldomiro,
à empresa BBS Consultores, dirigida em Ribeirão Preto (SP) pelo
petista Rogério Buratti, ex-secretário do atual ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, durante a sua primeira gestão como
prefeito de Ribeirão (93-96).
Buratti era, até o escândalo Waldomiro, vice-presidente da Leão
Leão. Ele entrou na empresa após
deixar a prefeitura de Ribeirão.
Sua saída, em 1994, também foi
cercada de polêmica. Buratti gravou uma conversa com um empreiteiro na qual comentava direcionamento de licitações públicas. A fita veio a público na Folha,
e Buratti saiu da prefeitura.
Os caminhos da Leão Leão se
cruzam com os do ministro Antonio Palocci Filho. Responsável pela coleta de lixo da cidade, ela foi a
maior doadora da campanha eleitoral de Palocci à prefeitura em
2000, com R$ 150 mil declarados.
O atual chefe-de-gabinete do
ministro, Juscelino Antonio Dourado, foi padrinho de casamento e
sócio, até 1998, de Rogério Buratti
numa empresa. Em Londres, em
março, Palocci disse que a Leão
Leão era uma empresa "exemplar" e "orgulho" da cidade.
Após as denúncias dos executivos da GTech, o Ministério Público de Ribeirão abriu um procedimento para investigar Buratti. Os
promotores conseguiram autorização judicial para fazer interceptações telefônicas nos aparelhos
de Buratti e de outros executivos
da Leão Leão. Transcrições de
parte dessas escutas foram entregues anteontem pelo Ministério
Público à Justiça e a duas delegacias seccionais de polícia na região. As escutas revelam supostas
combinações entre executivos da
Leão Leão e outras empresas de lixo que participaram ou queriam
participar de concorrências e a
cooptação de servidores públicos.
Em 10 de setembro, a Justiça autorizou operações de busca e
apreensão na sede da Leão Leão e
na casa de Buratti, mas o Tribunal
de Alçada Criminal de São Paulo
decidiu impedir que os documentos sejam usados como prova.
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