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DISCURSO PRESIDENCIAL
Empresários e economistas ouvidos pela Folha comentam a fala de FHC sobre a crise financeira
Alta de imposto sofre crítica generalizada
da Sucursal do Rio
Empresários e economistas ouvidos pela Folha reagiram de forma diversa ao discurso de Fernando Henrique Cardoso. Há consenso de que medidas duras são necessárias e sobram críticas ao
eventual aumento de imposto.
"O presidente recuperou o tom
positivo e forte que tinha no início
do governo, assumindo que enfrentará as corporações e o déficit
público", afirmou Horácio Lafer
Piva, presidente eleito da Fiesp
(Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
A posição de Piva é acompanhada pelo presidente do conselho de
administração da Sadia, Luiz Fernando Furlan, e pelo ex-ministro
da Fazenda Mailson da Nóbrega.
Já o economista Paulo Yokota
afirmou que o presidente foi muito
mais genérico do que o momento
permite. "A situação é séria. Continuamos perdendo reservas e as
medidas que o governo tomou até
agora não são suficientes. Ele não
falou nada de novo."
"O presidente está ganhando
tempo. Faltam sete dias úteis para
as eleições, mas, ao mesmo tempo,
ele está sinalizando que virão medidas duras", avaliou Furlan.
"O recado mais duro que o presidente já deu no sentido de que
não dá mais para usar disfarces para mascarar os problemas criados
pela Constituição", frisou Mailson. "Não é possível gravar mais a
sociedade. A carga de impostos já
passou de 25% do PIB para 31% do
PIB. Já estamos sufocados", afirmou Piva.
O presidente interino da CNI
(Confederação Nacional da Indústria), Arthur João Donato, também criticou o eventual aumento.
"É uma preocupação do empresariado, que não receberá com "fair
play' (sem críticas) um aumento
de impostos", disse Donato.
"O fato de o presidente anunciar
que o governo pode vir a ser obrigado a discutir o aumento de impostos, não significa que os impostos vão subir. Entendo que o
presidente fará o possível para defender o Brasil com o menor sacrifício possível", diz Edmundo
Klotz, presidente da Abia (Associação Brasileira das Indústrias da
Alimentação).
Roberto Faldini, diretor do departamento de economia da Fiesp,
diz que o discurso mostrou que o
Brasil tem soluções para enfrentar
a crise, "mas que são soluções que
precisam ter o apoio da sociedade.
Ninguém gosta de aumento de impostos".
Para Synésio Batista da Costa,
presidente da Abrinq, associação
que reúne a indústria de brinquedos, o presidente anunciou ontem
o que ele vai fazer.
"Os impostos de pessoas jurídicas e físicas vão subir e o acordo
com o FMI (Fundo Monetário Nacional) vai sair. O Natal será o mais
cristão dos últimos tempos. O consumidor vai passar em casa rezando para que o dia seguinte seja melhor", ironizou.
Boris Tabacof, presidente da
Bracelpa (Associação Brasileira de
Papel e Celulose), diz que não é hora de criticar ou não a alta de impostos, mas de apoiar uma profunda reforma tributária.
Sérgio Reze, presidente da Fenabrave (federação das concessionárias de veículos), diz que FHC decidiu antecipar medidas que deverá adotar logo após as eleições para
enfrentar a crise econômica.
"Ele não quer que digam depois
que somente falou sobre cortar
gastos e aumentar impostos após
as eleições", disse Reze.
Já para o sócio-diretor da agência
de classificação de risco SR Rating,
Paulo Rabelo de Castro, a afirmação do presidente deixa os empresários desconfiados com relação
aos aumentos de impostos.
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