São Paulo, quinta, 24 de setembro de 1998

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DISCURSO PRESIDENCIAL
Elogio a FHC partiu do Goldman Sachs, de Nova York, para 5.000 clientes em todo o mundo
Para banco dos EUA, atitude é positiva

ANTONIO CARLOS SEIDL
da Reportagem Local

A receita do presidente Fernando Henrique Cardoso para um rápido e profundo ajuste fiscal no país, sem descartar um acordo com o Fundo Monetário Internacional e aumento de impostos, foi saudada como um ato que diferencia um político de um estadista por analistas do risco Brasil do mercado financeiro de Nova York.
Dizendo ser "incomum" um presidente, principalmente a 11 dias das eleições, preparar a população para "apertar os cintos", o banco de investimentos Goldman Sachs divulgou uma nota a seus 5.000 clientes em todo o mundo, qualificando o discurso de FHC como "extremante positivo".
"O discurso deixou um saldo favorável para a campanha da reeleição porque é um trabalho de terraplanagem política muito bem feito, exatamente o tipo de postura que diferencia um político de um estadista", disse Paulo Leme, diretor de mercados emergentes do Goldman Sachs.
"Acreditamos que o objetivo das duras palavras do presidente é ser eleito com um forte mandato, deixando o Congresso e os governadores estaduais com o ônus político de apoiar suas propostas para ajuste fiscal e reformas."
Para o banco de investimentos Merrill Lynch, o anúncio de medidas econômicas ortodoxas, como aumento de juros e de impostos, em tempos de crise para defender o país de ataques especulativos fortalece a imagem de líder de FHC. "Numa crise, mesmo em época pré-eleitoral, o que se espera de um presidente é uma forte liderança", disse Eduardo Cabrera, economista para a América Latina do Merrill Lynch.
Paulo Leme disse que os três objetivos mais importantes da proposta fiscal de FHC são: a obtenção de superávits primários expressivos e de equilíbrio nas contas de Estados e de municípios e a conclusão da reforma da Previdência em outubro.
Os analistas consideram um acordo formal com as entidades multilaterais de crédito -FMI, Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento-, o que, calculam, daria uma injeção financeira de US$ 30 bilhões ao país, tão importante quanto um rigoroso programa fiscal.



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