São Paulo, quinta, 24 de setembro de 1998

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DISCURSO PRESIDENCIAL
CUT e Força prevêem recessão
Desemprego subirá, dizem sindicalistas

da Reportagem Local

Para sindicalistas ouvidos pela Folha, a cota de sacrifício exigida pelo país, segundo o presidente Fernando Henrique Cardoso, para a solução da crise, vai ser suportada pelo trabalhador, que já enfrenta desemprego recorde -8,02%, segundo o IBGE.
"O sacrifício vai significar menos emprego", disse Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical.
Segundo Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, presidente da CUT, nas fábricas os trabalhadores já estavam apreensivos antes do pronunciamento de FHC.
Vicentinho disse estar ainda mais preocupado agora. "Eu imaginei que ele fosse ser mais alentador, nem que fosse uma atitude eleitoreira."
Na sua opinião, ao assumir a gravidade da situação, FHC mostra que a crise é mais profunda do que se esperava.
Luiz Marinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, não ficou surpreso com o discurso do presidente. "Eu já esperava um ano de arrocho, com demissões em massa", diz ele.
Os sindicalistas também rechaçaram um possível aumento de imposto, sugerido por FHC.
Segundo ele, as pessoas mais ricas conseguem evitar o imposto. "Quem arca com a conta são as pessoas que tem o imposto descontado na fonte."
Paulinho, por sua vez, afirma: "Aumentar os impostos será lamentável."
Na sua opinião, o governo precisa combater a sonegação. "No Brasil, poucas pessoas pagam muitos impostos", afirma ele.
"O presidente teve coragem de falar do problema a dez dias da eleição. A tendência seria negar a crise", diz Paulinho, que apóia a reeleição de FHC.
Para Marinho, o presidente continua negando sua responsabilidade sobre a crise. "É preciso enfatizar que chegamos aqui por culpa do atual governo."
Marinho também cobra uma postura mais transparente do governo. "Ele está discutindo com a sociedade as possíveis soluções para crise", disse Marinho.
Para ele, o discurso "revela o que todos sabem, que a situação é grave e que é preciso agir".



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