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NO AR
O articulador
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Num dia, o presidente petista José Dirceu aparece dizendo que "quem manda" no
partido é ele. Era para desautorizar especulações sobre ministério e outras.
Em outro dia, como na entrevista à Bandeirantes, ele garante que não será o "homem forte"
de um eventual governo Lula,
até porque em administrações
democráticas, afinal, não existe
tal "figura".
Enquanto o presidente do PT
despista, vai se desenhando em
nível federal o que se viu acontecer em São Paulo.
Na cidade, José Dirceu responde pelo nome de Rui Falcão. É o
"articulador" -a expressão
usada pelo presidente petista
para descrever a si mesmo, na
Band, qualquer que seja o cargo
que venha a assumir.
Em São Paulo, enquanto Rui
Falcão articula, Marta Suplicy
dá as diretrizes e o espetáculo
para as câmeras.
Era o que Lula fazia ontem,
"emocionado", em Fortaleza.
Falou em buscar o "impossível",
no Jornal Nacional, disse que
não tem o direito de "falhar",
mas também não prometeu
"milagres" para os servidores,
por exemplo.
Eles terão que se acertar com o
articulador.
Também como aconteceu em
São Paulo, os tucanos querem
endurecer -e polarizar- com
os petistas na Câmara, no caso,
dos Deputados. Foi assim que,
na cidade, tiraram voto conservador do malufismo.
Até o governador eleito Aécio
Neves já fala abertamente em
"oposição", com estocadas leves
na oposição que o próprio PT fez
ao seu PSDB.
Aécio e outros tucanos tiraram a diretriz em reunião com
FHC. Jutahy Magalhães saiu dizendo que vai bater chapa com
o PT pela presidência da Câmara. Para tanto, quer um "blocão", na expressão usada por
outro tucano da reunião, Siqueira Campos.
Em resumo, para polarizar
com os petistas e não correr risco
de extinção, os tucanos federais
dependem, mais do que nunca,
dos peemedebistas.
Na verdade, um e outro, PT e
PSDB, ameaçam oferecer a mesma coisa ao PMDB: o poder no
Congresso. Era o que fazia o líder petista João Paulo, ontem
nos telejornais.
O que está pendente é o que fará o PMDB em sua conhecida
divisão de governistas e oposicionistas. Os primeiros se encontraram ontem -e o presidente
da legenda, Michel Temer, saiu
escorregando.
Não se declarou governo nem
oposição, nem no momento
nem no futuro.
Está à espera das eleições nos
Estados, que podem decidir a
balança no partido. No dizer de
Franklin Martins, o que se vê é
"luta dura nos Estados".
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