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Planejamento terá mais status que Fazenda, com PT
ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, avisou a assessores diretos que, no
seu eventual governo, o Ministério do Planejamento terá mais
status do que o Ministério da Fazenda. Um ditará os rumos estratégicos, e o outro será o executor.
O nome mais cotado para o Planejamento é o do prefeito licenciado de Ribeirão Preto, Antônio
Palocci Filho, apontado no núcleo
duro do esquema de Lula como "a
grande revelação da campanha".
Ele também é lembrado para uma
outra pasta que o candidato trata
com especial atenção: o Ministério do Desenvolvimento.
A intenção de Lula é enviar um
sinal às bases do PT, aos aliados e
sobretudo aos empresários que o
apóiam de que seu eventual governo tratará com rigor da questão fiscal, mas privilegiando o desenvolvimento do país.
A questão resgata, de certa forma, uma das mais acirradas discussões havidas ao longo do governo FHC: entre os "desenvolvimentistas" e os "monetaristas".
No primeiro caso, figurava o
próprio adversário de Lula, José
Serra, do PSDB, que foi ministro
do Planejamento no primeiro
mandato. No segundo caso, o ministro Pedro Malan, da Fazenda.
Serra e os "desenvolvimentistas"
perderam a guerra. O equilíbrio
fiscal ditou o eixo da política econômica, os juros dispararam.
Conforme a Folha ouviu no comitê de Lula em São Paulo, o possível governo petista não pretende
puramente repetir o discurso de
Serra e dos "desenvolvimentistas"
do governo FHC, como os ex-ministros Sérgio Motta, morto em
98, e Luiz Carlos Mendonça de
Barros, que caiu depois das fitas
gravadas à época das privatizações das telecomunicações.
Na visão de assessores de Lula,
Serra, Motta e Mendonça de Barros defendiam equilíbrio fiscal
com políticas industriais e de exportação para gerar crescimento.
O objetivo petista é concentrar esforços em políticas industriais,
exportações, infra-estrutura e
programas sociais que gerem
mercado para daí criar condições
melhores para o equilíbrio fiscal.
É o que os assessores classificam
de "sustentabilidade da economia". Sem compromisso de curto
e médio prazo, por exemplo, com
a queda de juros.
De acordo com um deles, a intenção não é abandonar a linha
do atual governo, mas "transitar"
a partir dessa base herdada para
uma nova política econômica. Já é
um discurso de paz, uma espécie
de bandeira branca, para FHC e o
atual governo.
Destaque
Para compor esse mosaico, Lula
ouviu sobretudo Palocci, que entrou no comando da campanha
substituindo Celso Daniel, o prefeito assassinado de Santo André
(SP), e hoje é um dos dois nomes
considerados mais fortes junto a
Lula. O médico se transformou
num especialista em contas públicas, administração e desenvolvimento. E surpreendeu como o
principal contato com a área empresarial. Foi ele, por exemplo,
quem manteve os primeiros contatos com Eugênio Staub (Gradiente), um dos apoios mais comemorados da campanha.
Foi também Palocci quem manteve contato com o presidente do
Banco Central, Armínio Fraga,
quando este foi à TV falar do medo do mercado diante da vitória
de Lula. Agora, tanto pode ficar
no Planejamento, mais voltado
para o programa estratégico do
eventual futuro governo, ou no
Desenvolvimento, um ministério
"para fora", para estimular as indústrias, a exportação, o crescimento e o emprego.
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