São Paulo, quinta-feira, 24 de outubro de 2002

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PSDB avalia que uso político de ataque afeta PT

JULIA DUAILIBI
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

A cúpula da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) avalia que um suposto uso político do assassinato do policial militar Diógenes Barbosa Paiva, 38, morto anteontem à noite enquanto fazia a segurança do filho caçula do governador, será desfavorável ao PT do candidato José Genoino.
A tese leva em consideração o fato de a família de Alckmin, candidato à reeleição, estar no papel de vítima da ação. Para os tucanos, críticas à política de segurança pública do governo por conta do episódio não resultariam em votos para o petista.
Alckmin passou quase toda a madrugada de ontem reunido com a cúpula do PSDB paulista no Palácio dos Bandeirantes. Entre os presentes, estavam o presidente estadual do partido, Edson Aparecido, o presidente da Assembléia, Walter Feldman, e o secretário da Segurança, Saulo de Abreu Castro Filho.
Na reunião improvisada, Alckmin ouviu a opinião dos líderes tucanos sobre o episódio e seus desdobramentos. Por volta da 1h30, o governador recebeu um telefonema do presidenciável do PSDB, José Serra, que ligou para prestar solidariedade a Alckmin.
De acordo com integrante da cúpula tucana, um rastreamento telefônico feito com eleitores pelo partido, logo após a divulgação do crime, sinalizou que o episódio não teve um impacto negativo.
O governador recebeu a notícia do crime no estúdio da TV Cultura, onde participou de uma entrevista ao vivo com jornalistas. Os assessores, antes de qualquer comunicado, disseram a Alckmin que o filho dele estava bem.
Só depois relataram o ocorrido ao tucano, que reclamou por não ter sido avisado antes, já que, quando o programa teve início, às 22h, duas pessoas que o acompanhavam já sabiam do crime.
De imediato, Alckmin demonstrou ter ficado assustado com a informação, mas foi contido. Comentou com os jornalistas que não gostaria de ver o episódio utilizado politicamente.
Em seguida, pediu para ir direto ao palácio visitar o filho. No caminho, telefonou para Thomaz.
A decisão dos assessores de não comunicar o governador ainda durante o programa, encabeçada pelo coordenador da campanha, João Carlos Meirelles, levou em consideração o medo de Alckmin aparentar nervosismo e transmitir ao telespectador uma sensação de descontrole.

Último showmício
Por conta do ocorrido com o filho, o governador alterou ontem o encerramento de sua campanha. Em seu último showmício, em São Bernardo do Campo, Alckmin fez um discurso de agradecimento, mas evitou voltar ao palco quando o cantor sertanejo Daniel começou a cantar.
O combinado seria Daniel anunciar a entrada de Alckmin após a segunda música. O governador, então, iria distribuir flores ao público. Mas, de última hora, o candidato preferiu um desfecho mais sóbrio, em respeito à família do policial morto.
"Esse evento praticamente encerra a campanha. Viemos agradecer à população e, ao mesmo tempo, reforçar o apoio para o próximo domingo. Claro que estamos tristes. Levei minha solidariedade à família do policial falecido e visitei o policial ferido, que não corre risco de morte", afirmou Alckmin.
Em seu discurso no palco, Alckmin pediu votos para o candidato tucano José Serra. "Quero pedir apoio ao meu companheiro de chapa, um homem preparado e à altura da responsabilidade que é governar o Brasil, peço apoio a José Serra para a Presidência", disse Alckmin, que evitou durante a campanha associar sua candidatura à do presidenciável. Segundo a assessoria, hoje Alckmin deverá descansar e se preparar para o debate televisivo.


Colaboraram LILIAN CHRISTOFOLETTI e JOÃO CARLOS SILVA, da Reportagem Local



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