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Violência segue riqueza, aponta estudo
DA ENVIADA A CAXAMBU
A violência está se deslocando
das capitais do país e segue a rota
da riqueza, principalmente no caminho da expansão do agronegócio, observou o coordenador do
núcleo de violência da USP (Universidade de São Paulo), Sérgio
Adorno, em debate sobre a vulnerabilidade das metrópoles brasileiras realizado ontem no encontro anual da Anpocs.
Além do fenômeno do deslocamento dos crimes violentos para
o interior, Adorno chamou a
atenção para a impunidade -um
dos sintomas mais evidentes da
dificuldade do Estado para combater a violência.
Ao pesquisar 344 mil boletins de
ocorrência policial numa região
de São Paulo com população de
aproximadamente 1,4 milhão de
pessoas, Adorno verificou que só
6,46% dos registros de crimes foram transformados em inquéritos
policiais entre 1991 e 1997.
Supondo que parte dos inquéritos foi arquivada e só uma parcela
dos que seguiram adiante terminou em condenação, Adorno
concluiu que apenas 2% dos crimes cometidos no período receberam algum tipo de punição. O
relatório da primeira fase da pesquisa, desenvolvida nos últimos
três anos, será publicado no mês
que vem. Ele faz parte de um projeto maior sobre a impunidade.
Embora a pobreza deixe os grupos sociais mais vulneráveis à violência, é no caminho da riqueza
que ela se desloca, afirmou o pesquisador. Ele citou o caso de
Campinas, que registrou em 1997
um índice maior de homicídios
do que a cidade de São Paulo, onde a taxa tende a se estabilizar,
acompanhando o que aconteceu
no Rio de Janeiro.
Segundo Sérgio Adorno, o processo de desenvolvimento de cidades vem sendo acompanhado
pelo deslocamento do crime organizado para as regiões metropolitanas e para o interior. "O crime encontra ambiente propício
onde há riqueza, se instala, forma
um mercado consumidor local
[de drogas] e vai parar até nas licitações públicas, porque precisa
lavar dinheiro", teorizou.
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