São Paulo, domingo, 24 de outubro de 2004

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PAINEL

Missa do Galo 1
O governo Lula começou e encerrará a temporada eleitoral discordando da condução da campanha de Marta Suplicy. Agora, o motivo é a maneira como Duda Mendonça foi despachado depois de preso durante uma briga de galos no Rio.

Missa do Galo 2
Não que alguém esteja morrendo de amores pelo marqueteiro de Lula neste momento. Mas o Planalto acha que o estilo "fora daqui" contribuiu para aumentar a repercussão do episódio e ferir ainda mais uma campanha em que as más notícias já estavam de bom tamanho.

Magoei
Quem conversou com Duda Mendonça na sexta-feira, pouco depois de sua saída da prisão, percebeu que o marqueteiro não esperava nada parecido com a nota em que Marta esclareceu ser contra brigas de galos e nomeou um interino para cuidar de seus programas de TV.

Os pássaros
Piada que sobrevoa a campanha petista em São Paulo: Marta trocou um vice, Bicudo, por outro, Falcão. Está ameaçada de perder o cargo para um tucano e como se isso não bastasse foi atingida por uma briga de galos.

Perdas e ganhos 1
A perspectiva de derrota de Marta é pior para Antonio Palocci que para José Dirceu. O primeiro pertence a grupo petista mais próximo à prefeita. O segundo foi contrariado por ela nas decisões capitais da campanha, a começar pela recusa em ceder a vaga de vice ao PMDB.

Perdas e ganhos 2
Além de conviver com o fortalecimento de Dirceu dentro do PT, o ministro da Fazenda terá, caso Marta perca a eleição, de driblar a parcela de correligionários que atribuirão o resultado paulistano à política econômica federal (explicação na qual nem os tucanos acreditam).

Mala direta
Em carta enviada a aposentados e pensionistas pouco antes do primeiro turno eleitoral, Lula e o ministro Amir Lando (Previdência) faturavam a aprovação do projeto que deu aos segurados acesso a linhas de crédito com taxas de juros reduzidas.

Precedente
Lula e Lando: "Esperamos que a medida possa ajudá-lo a atender melhor às necessidades do dia-a-dia". A correspondência foi postada pela Dataprev. Em 1998, o então ministro Waldeck Ornélas usou o mesmo sistema para divulgar elogios a FHC. Encrencou-se com a Justiça.

Sem saída
O PSOL gaúcho, da deputada Luciana Genro, caracteriza o segundo turno em Porto Alegre como uma luta entre a "velha direita", que seria representada por José Fogaça (PPS), e a "nova direita", de Raul Pont (PT). Entre as duas, recomenda o voto nulo na capital gaúcha.

Censura prévia 1
Três jornalistas prestaram queixa na polícia na sexta-feira contra o candidato a prefeito de Manaus Amazonino Mendes . Eles alegam que foram constrangidos e ameaçados pelo pefelista. Valéria Costa, do jornal "A Crítica", afirma ter sido expulsa de uma reunião.

Censura prévia 2
A repórter da TV "A Crítica" Daniela Cardoso relata ter enfrentado constrangimento semelhante. Nêuton Corrêa, que tentou ouvir Amazonino sobre o caso, sustenta que foi ameaçado . "Ele mandou seguranças baterem em mim. Recuei e disse que tomaria providências".

Exame final
A eleição de Belém virou um referendo sobre o diploma de médico, falso segundo a Justiça, de Duciomar Costa, o candidato do PTB à prefeitura. Embora vetado no horário eleitoral, o assunto tornou-se a peça de resistência na guerra dos adesivos.

TIROTEIO

Do vereador tucano Ricardo Montoro sobre o marqueteiro do PT, Duda Mendonça, preso na quinta-feira no Rio, que ao final do debate de segundo turno da Band anunciou que iria ganhar a eleição em São Paulo:
-Ninguém mandou cantar de galo antes da hora.

CONTRAPONTO

De camarote

Prefeito por dois mandatos do pequeno município de Solidão, situado no interior de Pernambuco, João Vieira de vez em quando aparecia de surpresa para acompanhar as sessões da Câmara local, sempre realizadas no período noturno.
Em sua segunda passagem pela prefeitura, no início da década de 80, ele se dirigiu uma noite, logo depois do jantar, para a sede do Legislativo. Lá chegando, encontrou os ânimos exaltados.
À diferença do que costumava ocorrer nas sessões, vereadores trocavam acusações aos gritos. Calado, ele apenas acompanhava as discussões na platéia.
Até que um vereador, diante do circo armado, ponderou:
-Vamos ouvir o prefeito!
Político hábil, mas ruim no trato do idioma, na definição do deputado federal José Múcio (PTB), Vieira rebateu:
-Vocês me desculpem, mas aqui sou apenas expectorante.


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