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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CASO CELSO DANIEL
Gilberto Carvalho, assessor do presidente, será confrontado a irmãos de prefeito assassinado
Acareação sobre Celso Daniel deixa Planalto no foco de CPI
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
No momento em que esbanja
bom humor em eventos públicos
e demostra enxergar um arrefecimento na crise política, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrentará uma semana de depoimentos e acareação no Congresso
que podem atingi-lo direta ou indiretamente.
A atenção do Palácio do Planalto está voltada justamente para a
CPI dos Bingos, dominada pela
oposição e rotulada pelo próprio
presidente como a comissão do
"fim do mundo". Segundo o governo, a CPI fugiu de seu foco de
criação para investigar gestões do
PT em prefeituras como as de Ribeirão Preto e Santo André.
Na quarta-feira, no Senado, haverá uma acareação entre Gilberto Carvalho, chefe-de-gabinete de
Lula, e Bruno e João Francisco
Daniel, irmãos de Celso Daniel
(PT), prefeito assassinado de Santo André. Eles acusam Carvalho
de participação num suposto esquema de arrecadação de propina
na cidade para o caixa nacional do
PT, o que, segundo o Ministério
Público de São Paulo, tem ligações com o seqüestro e a morte de
Daniel, em janeiro de 2002.
Secretário de Governo de Santo
André na gestão de Daniel, Carvalho nega as acusações e diz ter recebido o apoio de Lula para a acareação (leia texto nesta página).
Apesar das articulações do Planalto e de senadores da base aliada, a acareação deve ser aberta e
transmitida ao vivo para todo o
país. Trata-se da chance da oposição de ligar o Palácio do Planalto
com o caso Santo André, até hoje
motivo de turbulência por conta
das dúvidas em torno do assassinato do prefeito.
"Se mentiu, vai ser desmascarado. O que está em jogo é o nascedouro do mensalão. Finalmente
vai ficar claro se o Gilberto Carvalho é o sacerdote ou o satanás",
disse o líder do PFL no Senado,
José Agripino Maia (RN), numa
referência à atuação religiosa do
chefe-de-gabinete no passado.
A CPI dos Bingos deve definir
também nesta semana a data do
depoimento ex-tesoureiro petista
e atual presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, que diz ter pago empréstimo de R$ 29,4 mil de Lula
com o PT. A oposição afirma que
o dinheiro para quitar o empréstimo pode ter vindo de empresas
do empresário Marcos Valério de
Souza, suposto operador do
"mensalão".
Diante da empolgação de tucanos e pefelistas, o Planalto promete arregaçar as mangas. Depois de
terem ameaçado ir ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra a
CPI dos Bingos, os governistas
querem pelo menos fechar as portas da acareação, decisão que caberá ao presidente da comissão,
senador Efraim Morais (PFL-PB).
Além disso, Planalto e parlamentares da base prometem investir na conexão de Valério com
o presidente nacional do PSDB,
senador Eduardo Azeredo (MG).
Amanhã a CPI dos Bingos ouvirá o juiz federal afastado João Carlos da Rocha Mattos, preso sob
acusação de venda de decisões judiciais. Em recente entrevista à revista "Veja", ele disse que o chefe-de-gabinete de Lula interferiu na
investigação do caso Celso Daniel.
Dirceu
Nesta semana o Conselho de
Ética da Câmara promete votar o
relatório do deputado Júlio Delgado (PSB-MG) que pede a cassação do deputado e ex-ministro da
Casa Civil, José Dirceu. "De quarta-feira não passa", disse o presidente da comissão, deputado Ricardo Izar (PTB-SP).
Petistas tentarão derrubar a sessão, para dar mais um dia de prazo a Dirceu, mas os oposicionistas
já se articularam para ter o número mínimo de parlamentares
amanhã.
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