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Mindlin lembra pressões para afastar Herzog
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Desde o telefonema que
recebeu, nos EUA, num domingo, com a notícia da
morte de Vladimir Herzog,
ocorrida na véspera no Doi-Codi, em São Paulo, o então
secretário de Cultura, José
Mindlin, 91, nunca teve dúvidas de que o jornalista foi
assassinado.
Mindlin relembra as pressões que sofreu -às quais
resistiu- para afastar Herzog da direção do Departamento de Jornalismo da TV
Cultura, vinculada à sua secretaria. Segundo ele, uma
das queixas do SNI (Serviço
Nacional de Informações)
em relação a Herzog era que
o jornalista dava mais ênfase, no noticiário de atentados no mundo, às mortes de
terroristas, praticamente ignorando as de policiais.
Mindlin lembra conversa
com o coronel Paiva, chefe
do SNI em São Paulo, a
quem Herzog foi submetido
a uma consulta por telefone.
"Ele me disse que o Vlado
era mal orientado, pois, no
dia da posse, a TV Cultura
exibiu um documentário sobre Ho Chi Min [líder vietnamita]. Respondi que já devia se tratar de assunto decidido antes da posse, independentemente do Vlado."
"Sugeri", diz Mindlin, "um
encontro dele [coronel Paiva] com o Vlado. E que lhe
desse a orientação que considerasse adequada. Se ele
não cumprisse, eu poderia
concordar com a demissão."
Quando Herzog foi preso,
Mindlin estava num seminário nos EUA, e não descarta
a possibilidade de que Herzog tivesse sido morto para
atingi-lo. "Os jornalistas
presos me disseram, depois,
que a tônica dos interrogatórios era a minha ligação com
o Partido Comunista. O que
nunca houve", disse.
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