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QUESTÃO AGRÁRIA
Integrantes do MST em Alagoas teriam matado outro líder local; Polícia Civil diz que um confessou
Sem-terra são presos acusados de morte
da Agência Folha
A Polícia Civil de Alagoas prendeu anteontem à noite José Alves
da Silva Neto e Zezito Manoel dos
Santos, respectivamente ex-presidente e presidente da Associação
do Assentamento Fazenda Samba,
em Maragogi (AL), acusados do
assassinato de Francisco Mendonça Dias, outro líder local.
O assassinato aconteceu no último domingo. Dias foi morto por
três tiros de espingarda durante o
banho. O MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra)
alagoano não havia se pronunciado sobre o caso até o início da noite de ontem.
Para a polícia, Dias teria sido
morto por ter feito denúncias de
corrupção na gestão das verbas da
associação, usadas de forma cooperativada pelos assentados.
O delegado responsável pelo caso, José Ailton Cavalcante, afirmou ontem que Silva confessou
ter atirado em Dias. Segundo o delegado, Silva afirmou que fez o
"serviço" a pedido do presidente da associação, Zezito Santos.
"Apesar de Zezito negar que
tenha encomendado a morte de
Dias, o crime está esclarecido. Há
outras testemunhas, além do Silva, que afirmam que ele fez os disparos", afirmou o delegado.
A Agência Folha não foi autorizada a falar com os acuados e não
localizou nenhum representante
legal deles.
O coordenador do MST em Alagoas, Marco Antônio da Silva,
também não foi localizado.
O coordenador estaria em Maragogi (120 km ao norte de Maceió)
visitando as 150 famílias de
sem-terra do movimento que invadiram na madrugada de ontem,
no município, a fazenda Quidaban, de 1.200 hectares.
A fazenda pertence ao ex-delegado da Polícia Civil de Pernambuco
João Acioly, que deve entrar na
Justiça com pedido de reintegração de posse da área.
Segundo Acioly, a fazenda é produtiva e a área invadida está arrendada por uma destilaria de álcool
da região.
Em vigília
O MST do Rio Grande do Norte
fará uma vigília, em frente ao Tribunal de Justiça de Natal, a partir
da próxima segunda-feira, às 10h.
A vigília é um protesto contra a
prisão de dois líderes do movimento no Estado e pela libertação
deles. Cerca de cem trabalhadores
serão levados de caminhão dos
acampamentos e assentamentos
do interior para Natal. O protesto
não tem prazo para terminar.
Os dois líderes presos são Onar
Nunes de Souza, no presídio de
Mossoró, e Francisco Antônio
Alexandre, na delegacia de Açu.
Souza foi preso sob acusação de
invadir a prefeitura de Carnaubais
(RN) há cerca de dois meses. O outro líder, Alexandre, está preso
sob acusação de saquear um caminhão próximo ao acampamento
da fazenda Ubarana, em Ipanguaçu, há pouco mais de um mês.
Eliane Lima, coordenadora estadual do MST, disse ontem que órgãos não-governamentais e movimentos ligados à Igreja Católica
devem aderir à vigília.
"É um movimento em solidariedade aos dois companheiros",
afirmou, prevendo que pode chegar a 300 o número de pessoas no
protesto.
Os dois líderes presos pertencem
ao acampamento da fazenda Ubarana, em Ipanguaçu. O Incra (Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária) considerou a fazenda produtiva em agosto.
Mas as famílias acampadas não
aceitam a avaliação do instituto e
permanecem ocupando a área.
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