São Paulo, Quarta-feira, 24 de Novembro de 1999


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PAINEL

Fogo econômico 1

Um documento confidencial de 13 páginas, intitulado ""Nota Para o Presidente da República", entregue ontem por Malan a FHC, matou politicamente a proposta de reforma tributária do relator Mussa Demes e gerou crise em Brasília. Planalto, PFL, Fazenda e Estados de um lado. O resto da base do outro.

Fogo econômico 2

Na nota, está dito sobre o relatório de reforma tributária de Mussa Demes: "desequilibra as finanças públicas" e "aumenta a carga tributária, a ser suportada pelo consumidor por preços mais altos" (inflação) e, tiro fatal!, 12 Estados perderiam, entre os quais a BA (ACM) e PE (Marco Maciel). Os demais ganhariam, de pouco a muito.

Logo de manhã...

Malan foi a FHC, que chamou pefelistas e ACM, que decidiu radicalizar ainda mais. O presidente queria criar uma comissão tripartite (União, Estados e Congresso) para enrolar. O cacique pefelista, votar contra.


Contra-ataque

Ao saber que FHC queria matar suavemente a reforma tributária e ACM, de morte matada; Temer e Arnaldo Madeira (PSDB-SP) se rebelaram. Atropelado, o tucano pode sair da liderança do governo na Câmara.

Momento tenso

Temer ligou para FHC e disse não poder não votar nada. O presidente da Câmara e o PSDB votaram na comissão especial, mas FHC quer engavetá-la ou desfigurá-la juridicamente.

Promete briga

Na Câmara, quem falou com Temer ouviu: se numa semana não sair acordo (o que é difícil), ele continua a votar. Estaria armado um impasse na base. No voto, parece que a vitória seria do Planalto e aliados táticos.

O que diz Malan

Estados que mais perderiam receita: TO (94%), RO (60%), MT (40%), ES (28%), DF (24%), Sul (20%), SE (16%), BA (16%) e PE (11,5%). Alguns Estados que ganhariam: AC (10%), PA (22%), AP (94%), MA (58%).


Na mira 1

A Procuradoria Geral da República encaminhou ao Supremo Tribunal Federal duas denúncias contra José Aleksandro (PFL-AC), que assumiu a vaga de Hildebrando. Geraldo Brindeiro pede que o STF solicite à Câmara licença para que o deputado possa ser processado.

Na mira 2

Investigado pela CPI do Narcotráfico, José Aleksandro é acusado de ter fraudado licitação da Câmara de Rio Branco, da qual era primeiro-secretário, para favorecer empresa de sua propriedade. O parlamentar teria também falsificado documentos públicos e forjado a publicação de atos oficiais.

Dedo oculto

Segundo parlamentares, o verdadeiro autor do texto-bomba contra o relatório de Mussa Demes é Everardo Maciel, secretário da Receita).

Flagrante federal

Uma raposa comenta: ""FHC diz que quer a reforma tributária desde 95, mas, na hora de votá-la, joga contra e se desmente. É amadorismo político ou falta de coragem para governar e dizer o que pretende".

Pura chantagem
Juízes classistas ameaçam divulgar uma lista de parlamentares que apadrinharam nomeações nos tribunais dos seus Estados. Para tentar impedir a extinção da categoria, que deve ser votada na semana que vem.

Manobra

O PMDB e o PPS do MT articulam uma aliança para enfrentar os tucanos nas próximas eleições no Estado. Pelo acordo, o PMDB lança o candidato a prefeito de Cuiabá em 2000. E o PPS encabeça a chapa para a disputa ao governo em 2002.

Visita à Folha

Fernando Collor de Mello, presidente da República impedido em 1992 e pré-candidato a prefeito de São Paulo pelo PRTB, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado do coordenador de pré-campanha, Fernando Fantauzzi.

TIROTEIO

De João Herrmann (PPS), sobre o superávit primário de R$ 30,560 bilhões em setembro e a falta de apoio do governo à reforma tributária proposta pelo relator Mussa Demes (PFL):
- Com um superávit desses, qual governo vai querer fazer uma reforma tributária?

CONTRAPONTO

Oposição doméstica
Para o almoço dos 14 governadores que estiveram anteontem em Maceió (AL) discutindo a reforma tributária, o anfitrião Ronaldo Lessa (PSB) encomendou um bufê das irmãs Rocha, muito apreciado na cidade.
O sucesso foi estrondoso. Os governadores, do início ao fim do almoço, não cansaram de elogiar as iguarias típicas de Alagoas preparadas pelas famosas irmãs.
Entre um elogio e outro, Jaime Lerner (PR) propôs ao anfitrião:
- Ronaldo, quero fazer uma troca com você.
- Qual? - perguntou o governador alagoano.
- Você manda as irmãs Rocha para o Paraná, que eu mando os irmãos Dias (os senadores paranaenses Álvaro e Osmar, do PSDB) para Maceió!
Os governadores presentes caíram na gargalhada. Ronaldo Lessa ainda perguntou se sairia ganhando ou perdendo.
Resposta de Jaime Lerner:
- Eu não sei, não. Só posso dizer que você vai comer um prato bem indigesto!


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