São Paulo, Quarta-feira, 24 de Novembro de 1999


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CRIME ORGANIZADO
Governador diz receber proposta de intervenção federal na segurança do Estado com naturalidade
PF deve combater tráfico, afirma Covas

PATRICIA ZORZAN
da Reportagem Local


Um dia depois de a CPI do Narcotráfico ter ameaçado entrar com um pedido de intervenção federal na Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo, o governador Mário Covas (PSDB) afirmou que o combate ao tráfico de drogas e ao contrabando de armas é uma ""obrigação" do governo federal.
""Às vezes a gente não se lembra, mas a prerrogativa ou a obrigação constitucional de tratar disso é da Polícia Federal (PF) e não da estadual. Não tenho dúvidas de que os problemas aumentaram (no meu governo), mas a polícia do Estado é subsidiária nisso."
Recusando-se a avaliar a atuação da PF no combate aos dois tipos de crime -""Tenho que cuidar da minha vida"-, Covas declarou que, apesar de receber a proposta de intervenção com ""naturalidade", não vê motivos para a adoção da medida.
""Duvido que haja Estado brasileiro, ou até mesmo a Polícia Federal, com um nível maior de demissões por fatos delituosos cometidos pela polícia do que aqui."
Dados da Secretaria da Segurança Pública indicam que, de janeiro a novembro deste ano, cerca de 500 policiais militares e civis já foram demitidos por envolvimento em irregularidades.
Segundo Covas, o número de punições não é maior devido à lentidão dos processos. ""As coisas nem sempre caminham na velocidade que a gente gostaria. Elas exigem um procedimento de natureza jurídica que às vezes até irrita pela demora."
O governador também se disse disposto a receber os membros da CPI em audiência, conforme proposta feita anteontem pelo sub-relator da comissão, deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS).
A idéia do encontro com Covas e da intervenção no Estado surgiu depois de Mattos ter sido informado sobre uma fuga de presos de um distrito policial de Campinas, uma das cidades onde as investigações têm se concentrado.
Na quinta-feira passada, membros da comissão já haviam criticado o comportamento das Polícias Civil e Militar paulistas, solicitando, inclusive, que o governo promovesse uma devassa nas duas corporações. ""Quem quiser fazer críticas, em geral, não atrapalha. Ajuda. Mas essas não acho que estejam nem ajudando nem atrapalhando. A CPI está fazendo sua tarefa. A gente também."
O governador ainda aproveitou para responder aos ataques do ex-prefeito Paulo Maluf (PPB), que anteontem atribuiu ao tucano o aumento do crime organizado no Estado. ""Imagine falar de quadrilha com o Maluf. Vou levar desvantagem. Desse assunto ele entende muito mais do que eu."


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