São Paulo, Quarta-feira, 24 de Novembro de 1999


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Traficante colombiano fugiu no ano passado de prisão no PR

WAGNER OLIVEIRA
da Agência Folha, em Paranaguá

O colombiano Joaquin Hernando Castilla Jimenez, 30, é foragido da Justiça Federal desde agosto de 98, quando escapou da Colônia Penal Agrícola de Curitiba (PR).
Em maio daquele ano, ele havia sido condenado a dois anos e quatro meses por tentar corromper o delegado da PF José Augusto Mello Chueire, que o prendeu em Paranaguá, em 5 de dezembro de 97, com o carro do ex-jogador de futebol e atual técnico do Vitória, Toninho Cerezo.
Jimenez iria depor ontem em sessão da CPI, em Brasília. Até a conclusão desta edição, o depoimento não havia começado.
Ao ser investigado pela PF, o colombiano foi considerado apenas um estelionatário que aplicava golpes em pessoas inocentes.
Em seu depoimento, apresentou-se com oito diferentes nomes, um dos quais a sua verdadeira identidade.
Ele declarou que era venezuelano e que havia dado um grande golpe no Banco Construccion, de Caracas, que havia lhe rendido mais de US$ 100 milhões. Ele afirmou que havia fugido da Venezuela por estar sendo procurado pela Interpol.
Com o colombiano, a PF apreendeu anotações de número de contas de bancos no exterior e cartões de apresentações de dez pessoas que moravam em várias cidades brasileiras.
A PF, então, apurou junto ao governo venezuelano que Jimenez não era cidadão daquele país e que jamais fora funcionário do Banco Construccion. Na Colômbia, descobriram sua verdadeira identidade.
Ao ser preso por tentativa de suborno, o colombiano contou que já havia dado R$ 300 mil em propinas a policiais de Vitória (ES) para se livrar da prisão.
A PF descobriu que Jimenez, de fato, esteve preso em Vitória, em 97, por ter sido apanhado com um carro que havia furtado em Ilhéus (BA). Investigada, a história do suborno não foi confirmada e ele foi libertado sob fiança.
O colombiano teve passagens pela polícia também no Piauí, quando, no dia 24 de julho último, foi detido com o nome Carlos Dumont Paris em uma barreira na BR-343, em Parnaíba (PI), com um Gol roubado em São Luís (MA). Foi liberado dois meses depois.

Farsa
Os números de contas que o colombiano levava quando foi preso em Paranaguá foram investigados no exterior. Nenhum era verdadeiro.
As pessoas cujos nomes apareciam nos cartões de visita foram investigadas e não se comprovou nenhuma ligação entre elas e Jimenez.
"Para nós, da Polícia Federal em Paranaguá, esse colombiano é uma farsa, um sujeito que vive de pequenos golpes e inventa história mirabolantes envolvendo o nome de pessoas com as quais ele conseguiu uma aproximação", afirmou o delegado Chueire.
A defesa de Jimenez no Paraná alegou que ele era um aventureiro inconsequente. "Trata-se de um louco fantasioso, um lunático, sonhador e alienado, de cujo conteúdo tais exteriorizações de pensamento não merecem o mínimo crédito", argumentaram os advogados Gandura Aboufadres e Ricardo Ravazzani. Eles não receberam os honorários.
Tal era a dúvida sobre a personalidade do colombiano que, em abril de 98, Jimenez foi submetido a exame de saúde mental a pedido do Ministério Público Federal. O diagnóstico é de que ele é uma pessoa normal.


Colaboraram Paulo Mota, Fábio Guibu e Fernanda Santiago, da Agência Folha

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