São Paulo, Quarta-feira, 24 de Novembro de 1999


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CASO RIOCENTRO
Justiça pede quebra de sigilo de suspeito

FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio

O responsável pelas investigações da bomba no Riocentro, general-de-divisão Sérgio Conforto, pediu à Justiça Militar no Rio a quebra do sigilo bancário do coronel Wilson Luiz Chaves Machado, indiciado como um dos supostos autores do atentado.
No ofício enviado à Justiça, o general Conforto solicita a quebra do sigilo do coronel no período de abril de 1981 a dezembro de 1982, "por ser tal medida imprescindível para a correta apuração dos fatos", informa o registro de recebimento do ofício.
O documento, datado do dia 18 de novembro, foi protocolado na Justiça na sexta-feira passada.
Se o sigilo bancário de Machado for quebrado, o responsável pelas investigações vai obter informações sobre rendimentos do coronel na época do caso. É uma medida inédita na investigação.
O atentado a bomba no Riocentro, um parque de exposições em Jacarepaguá (zona oeste do Rio), aconteceu na noite de 30 de abril de 1981, num show de música popular em comemoração ao 1º de maio. O show era organizado pelo Cebrade (Centro Brasil Democrático), ligado ao Partido Comunista Brasileiro.
À época, Machado era capitão do Exército e integrante do DOI (Destacamento de Operações de Informações), órgão de repressão política do regime militar. Ele e o sargento Guilherme Pereira do Rosário estavam no Puma em que a bomba explodiu.
O sargento morreu -a bomba explodiu em seu colo. Machado ficou gravemente ferido. À época, os dois foram considerados vítimas de um atentado.
Com a retomada das investigações e a instauração de um novo IPM (Inquérito Policial Militar), Machado passou a ser investigado como um dos autores do atentado e acabou indiciado sob acusação de homicídio qualificado pela morte de Rosário.
O pedido de quebra do sigilo bancário está sendo analisado pelo juiz Claudio Amin Miguel, titular da 6ª Auditoria da 1ª Circunscrição Judiciária Militar e atualmente responsável também pela 5ª Auditoria, onde está o caso do Riocentro.
O juiz requisitou o inquérito ao general Conforto para avaliar seu pedido com base nas informações dos autos. Vai ouvir também o Ministério Público, e a decisão só deve sair na semana que vem.
O coronel Wilson Machado é hoje lotado na Diretoria de Movimentação do Exército, em Brasília. O pedido de quebra de sigilo bancário diz respeito apenas a ele, embora haja mais três indiciados.
O general Newton Cruz, ex-chefe do SNI (Serviço Nacional de Informações), foi indiciado sob acusação de falso testemunho, desobediência, condescendência criminosa e prevaricação. Só responderá pelos dois primeiros crimes, porque Conforto considerou os últimos dois prescritos.
Os outros dois indiciados estão mortos: são o sargento Rosário e o coronel Freddie Perdigão, apontado no novo IPM como um dos idealizadores do atentado.


Texto Anterior: Cesp: BNDES tem 48 horas para retomar verba
Próximo Texto: Pará: Interpol prende acusado de crime em 91
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.