São Paulo, domingo, 24 de novembro de 2002

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PAINEL

Marketing civil
Lula avisou ao PT que pelo menos cinco ministérios serão ocupados por pessoas sem filiação partidária. É uma tentativa do presidente eleito de garantir o apoio da sociedade civil ao seu governo e de tirar um pouco a coloração de esquerda do primeiro escalão do governo.

Em andamento
Entre os cotados na sociedade civil para o ministério de Lula estão o físico Pinguelli Rosa (Minas e Energia ou Ciência e Tecnologia), o médico Adib Jatene (Saúde), o juiz Sepúlveda Pertence (Justiça), o ex-ministro Rubens Ricupero (Relações Exteriores) e o bispo Mauro Morelli (Combate à Fome).

Abandonados no ninho
O PSDB desistiu de lançar candidato à presidência da Câmara. Como o PFL já decidiu que apoiará o nome lançado pelo PT, o eventual candidato tucano não teria chances de vitória.

Plano B
A cúpula do PT já deu sinal verde para o deputado João Paulo (SP) articular com líderes de partidos aliados a sua candidatura à presidência da Câmara.

Carta marcada
Marco Maciel avisou ao PFL que só será candidato à presidência do Senado se ele for consenso entre todos os partidos.

Caminho sem volta
Waldeck Ornélas (PFL-BA), afilhado político de ACM, fez discurso no Senado aconselhando Lula a não colocar um nome do PMDB no Ministério dos Transportes. Segundo o senador, a gestão peemedebista na pasta nos anos FHC "acabou com as estradas brasileiras".

Ouvidos moucos
Políticos que pedem cargos no governo a José Dirceu e João Paulo Cunha estão impressionados com a capacidade que os petistas têm de só dizer o que os interlocutores querem ouvir: "A gente sai da conversa feliz da vida, mas com os bolsos vazios".

Enorme exceção
Das 13 campanhas eleitorais nas quais atuou em 2002, a empresa de consultoria MCI, do sociólogo Antônio Lavareda, venceu em 12, incluindo as dos governos do CE, do MA, do PA, da PB e de PE e as de sete senadores eleitos. O resultado negativo foi "apenas" um: José Serra.

Fim de caso
O Congresso tomou uma medida para acabar com a guerra por gabinetes travada entre parlamentares recém-eleitos. No Senado, os eleitos terão de ocupar as salas que pertenciam a seus conterrâneos que deixam a Casa. Aloizio Mercadante (PT-SP), por exemplo, ficará no gabinete que era de Serra (PSDB).

Direito adquirido
Na Câmara, os gabinetes serão ocupados após um sorteio. Quem se reelegeu manterá o gabinete, a menos que queira ocupar um melhor. Nesse caso, terá prioridade no sorteio. Os demais gabinetes serão rifados entre os recém-chegados.

Garantir o futuro
Depois de Pedro Parente (Casa Civil), mais dois ministros de FHC consultaram a Comissão de Ética Pública sobre convites feitos pela iniciativa privada: um, para dar aulas numa faculdade particular, e o outro, para integrar conselho administrativo de instituição financeira. Para ambos, o sinal será verde.

Bancada Silva
Irmão mais velho de Lula, Frei Chico tem sido o negociador da participação da família Silva no dia da posse. Calcula que podem chegar a 80 os interessados em ir a Brasília. Discutirá nesta semana com o PT a hipótese de a sigla custear hospedagem e deslocamento de parte do grupo.

Primeira-família
Preocupados com o assédio da imprensa e de pessoas pedindo favores, familiares de Lula querem receber instruções oficiais do futuro governo sobre como se comportar. Reunião sobre o assunto é estudada para o dia 30 ou 31 de dezembro, em Brasília.

TIROTEIO

Do deputado João Caldas (PL-AL), sobre Inocêncio Oliveira (PFL-PE) ter reclamado do assédio dos liberais aos pefelistas, para filiações:
- Aprendemos com o deputado Inocêncio Oliveira.

CONTRAPONTO

O dia seguinte

O cansaço e o estresse do presidente do PT, José Dirceu, que cuida das articulações políticas para a formação da maioria parlamentar do governo Lula, estão se tornando notórios em Brasília. Na última quarta-feira, ele foi cercado por um grupo de jornalistas na sede do governo de transição. Queriam saber quando ele iria se reunir com o presidente do PPS, Roberto Freire.
- Vou discutir a participação do PPS no governo amanhã com o Freire, em São Paulo.
- Amanhã? Mas amanhã o senhor não estará em Brasília?- questionou um jornalista.
- Que dia é amanhã, quinta? Ah, está certo, eu vou estar em Brasília. A reunião com o Freire é na sexta-feira.
- E amanhã, o que o senhor vai fazer?- testou o repórter.
Atordoado, Dirceu virou-se para um assessor e perguntou:
- O que eu tenho para fazer amanhã mesmo?


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