São Paulo, terça, 24 de novembro de 1998

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INVESTIGAÇÃO
Órgão quer apurar suposto favorecimento na venda da Telebrás
Procuradoria do Rio ouve citados na segunda-feira

da Sucursal de Brasília


A Procuradoria da República no Rio de Janeiro vai tomar os depoimentos, na próxima segunda-feira, de Daniel Dantas e Pérsio Arida, sócios no banco Opportunity, e de Carlos Jereissati, do consórcio Telemar. A Procuradoria quer ouvi-los sobre eventuais favorecimentos no processo de privatização do Sistema Telebrás.
O ministro demissionário das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, será convocado a depor em um dos inquéritos civis públicos que investigam se houve atos de improbidade administrativa no processo de venda das teles.
Daniel Sarmento, um dos procuradores que conduz o inquérito no Rio, disse que o presidente demissionário do BNDES, André Lara Resende, o vice-presidente demissionário da instituição, Pio Borges, e o diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira também deverão prestar depoimento.
Os procuradores do Rio e de Brasília estão disputando a investigação. "A atribuição para oficiar nesse caso é, sem dúvida, da Procuradoria do Rio. A privatização foi lá, o grupo que teria sido favorecido é de lá e todo o desenrolar da questão foi lá", disse Sarmento.
Ele e outros três procuradores do Rio reuniram-se ontem com o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro. Na última sexta, Brindeiro conversou com membros do Ministério Público Federal em Brasília, que são favoráveis à ação para anular a privatização.
Os dois grupos estão apurando se houve tentativa de favorecimento, por parte de Mendonça de Barros e Lara Resende, ao consórcio liderado pelo Opportunity na privatização da Tele Norte Leste.
Sarmento descartou, por enquanto, a possibilidade de ajuizamento de uma ação pedindo a anulação do processo de privatização da Tele Norte Leste. "Por hora, não questionamos (a privatização). O grupo que teria sido favorecido (Opportunity) não ganhou."
Ele também afirmou que não utilizará as fitas das conversas telefônicas grampeadas na investigação. Em sua opinião, elas representam prova ilegal e, por isso, "contaminariam" outras provas.
No Rio, também há um inquérito civil público para apurar a fragilidade do sistema telefônico e um inquérito criminal sobre o crime da escuta telefônica.



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