São Paulo, domingo, 24 de dezembro de 2000

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Para FHC, Tasso é melhor candidato



KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso avalia que o governador do Ceará, Tasso Jereissati, é o melhor candidato tucano para concorrer à eleição presidencial de 2002, mas que o ministro da Saúde, José Serra, é o mais bem preparado para governar o país.
Segundo a Folha apurou, o presidente transmitiu essa avaliação a auxiliares e ao próprio Serra, em jantar realizado logo após o governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), ter lançado Tasso para presidente.
Para FHC, Serra tem dificuldade de agregar aliados até no PSDB, não conta com a simpatia de Antonio Carlos Magalhães (BA), principal líder do PFL, e possui características pessoais que fariam dele um candidato menos simpático do que Tasso.
Reservadamente, o presidente costuma dizer que Serra é inteligente, mas não tem carisma.
Na análise de FHC, Tasso é um nome mais fácil de ser trabalhado eleitoralmente. Tem mais apoio no PSDB (ganhou o aval de Covas, o que é seu principal trunfo) e transita tão bem ou melhor do que o ministro no empresariado. Isso faria de Tasso o candidato com mais chances de vencer a disputa em 2002.
Em termos de alianças partidárias, FHC acredita que Serra conseguiria o apoio do PMDB, mas Tasso levaria o do PFL. Ou seja, ambos teriam de vencer resistências nas duas siglas aliadas para serem sustentados por três partidos (PSDB, PMDB e PFL).
A vantagem de Serra, crê FHC, seria estar mais preparado para a Presidência do que Tasso.
Também de forma reservada, FHC menciona uma suposta tendência conservadora do governador do Ceará, que teria visão atrasada da economia, ao contrário de Serra. Daí julgar o ministro melhor para governar.
No encontro que manteve com Serra no Palácio da Alvorada em 7 de dezembro, FHC aconselhou o ministro a não se afobar.
Serra estava perturbado pela atitude pró-Tasso de Covas. No Planalto, porém, fala-se com cautela em uma suposta razão pessoal para o governador estar desgostoso com o ministro.
Covas teria ficado contrariado com avaliações que teriam partido de pessoas próximas a Serra dando conta de que o governador estava fora do páreo sucessório devido ao seu estado de saúde. Os comentários teriam sido feitos antes mesmo do reaparecimento do câncer.
Tasso, ao contrário, dirigiu-se a Covas com reverência. Em junho, disse que o governador de São Paulo deveria ser o candidato a presidente e afirmou que traçaria seus planos para 2002 de acordo com sua estratégia.
Até a manifestação de Covas, Serra tinha a mais bem articulada candidatura presidencial no bloco governista. Procurado pela Folha, ele nega sua atuação no bastidor. "Só quero fazer um bom trabalho no ministério. Não penso em candidatura", disse.
No entanto o ministro tem conversado com peemedebistas abertamente sobre uma aliança em 2002. No jantar com FHC, ouviu do presidente que era melhor para ambos não antecipar o debate sobre sucessão.
Para FHC, Covas reforçou Tasso, bombardeando parte da articulação de Serra no PSDB e em setores do PFL. No PMDB, o ministro continua o tucano preferido, como disse o presidente da Câmara, Michel Temer (SP).
Deputados federais tucanos, por exemplo, têm ido em grupo falar com Tasso no Ceará. O articulador das viagens é Nárcio Rodrigues (MG), que deseja ser líder do seu partido na Câmara com apoio de Tasso. O candidato de Serra é Jutahy Magalhães (BA).
Nárcio e Jutahy já estão em campanha para substituir Aécio Neves (MG), caso ele se eleja presidente da Câmara. Procurado pela Folha, Tasso não respondeu.


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