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Para FHC, Tasso é melhor candidato
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso avalia que o governador do Ceará, Tasso Jereissati, é
o melhor candidato tucano para
concorrer à eleição presidencial
de 2002, mas que o ministro da
Saúde, José Serra, é o mais bem
preparado para governar o país.
Segundo a Folha apurou, o presidente transmitiu essa avaliação
a auxiliares e ao próprio Serra, em
jantar realizado logo após o governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), ter lançado Tasso para presidente.
Para FHC, Serra tem dificuldade
de agregar aliados até no PSDB,
não conta com a simpatia de Antonio Carlos Magalhães (BA),
principal líder do PFL, e possui
características pessoais que fariam dele um candidato menos
simpático do que Tasso.
Reservadamente, o presidente
costuma dizer que Serra é inteligente, mas não tem carisma.
Na análise de FHC, Tasso é um
nome mais fácil de ser trabalhado
eleitoralmente. Tem mais apoio
no PSDB (ganhou o aval de Covas, o que é seu principal trunfo) e
transita tão bem ou melhor do
que o ministro no empresariado.
Isso faria de Tasso o candidato
com mais chances de vencer a disputa em 2002.
Em termos de alianças partidárias, FHC acredita que Serra conseguiria o apoio do PMDB, mas
Tasso levaria o do PFL. Ou seja,
ambos teriam de vencer resistências nas duas siglas aliadas para
serem sustentados por três partidos (PSDB, PMDB e PFL).
A vantagem de Serra, crê FHC,
seria estar mais preparado para a
Presidência do que Tasso.
Também de forma reservada,
FHC menciona uma suposta tendência conservadora do governador do Ceará, que teria visão atrasada da economia, ao contrário
de Serra. Daí julgar o ministro
melhor para governar.
No encontro que manteve com
Serra no Palácio da Alvorada em 7
de dezembro, FHC aconselhou o
ministro a não se afobar.
Serra estava perturbado pela
atitude pró-Tasso de Covas. No
Planalto, porém, fala-se com cautela em uma suposta razão pessoal para o governador estar desgostoso com o ministro.
Covas teria ficado contrariado
com avaliações que teriam partido de pessoas próximas a Serra
dando conta de que o governador
estava fora do páreo sucessório
devido ao seu estado de saúde. Os
comentários teriam sido feitos
antes mesmo do reaparecimento
do câncer.
Tasso, ao contrário, dirigiu-se a
Covas com reverência. Em junho,
disse que o governador de São
Paulo deveria ser o candidato a
presidente e afirmou que traçaria
seus planos para 2002 de acordo
com sua estratégia.
Até a manifestação de Covas,
Serra tinha a mais bem articulada
candidatura presidencial no bloco governista. Procurado pela Folha, ele nega sua atuação no bastidor. "Só quero fazer um bom trabalho no ministério. Não penso
em candidatura", disse.
No entanto o ministro tem conversado com peemedebistas abertamente sobre uma aliança em
2002. No jantar com FHC, ouviu
do presidente que era melhor para ambos não antecipar o debate
sobre sucessão.
Para FHC, Covas reforçou Tasso, bombardeando parte da articulação de Serra no PSDB e em setores do PFL. No PMDB, o ministro continua o tucano preferido,
como disse o presidente da Câmara, Michel Temer (SP).
Deputados federais tucanos,
por exemplo, têm ido em grupo
falar com Tasso no Ceará. O articulador das viagens é Nárcio Rodrigues (MG), que deseja ser líder
do seu partido na Câmara com
apoio de Tasso. O candidato de
Serra é Jutahy Magalhães (BA).
Nárcio e Jutahy já estão em
campanha para substituir Aécio
Neves (MG), caso ele se eleja presidente da Câmara. Procurado
pela Folha, Tasso não respondeu.
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