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São Paulo, quarta-feira, 24 de dezembro de 2003

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UM ANO DE LULA

Em jantar de confraternização com ministros, Lula diz que governo será cobrado por "mais realizações"

Presidente prevê mais cobrança em 2004

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em jantar de confraternização anteontem com seus ministros na Granja do Torto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva previu que "2004 será difícil". ""O governo será cobrado a fazer mais realizações, a mostrar mais resultados." De acordo com o relato de ministros à Folha, Lula também pediu "desculpa" à sua equipe por "broncas" e "excessos cometidos no dia-a-dia".
Ao se desculpar, Lula citou três auxiliares: o chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, a assessora especial Clara Ant e a secretária Mônica Cristina Zerbinato. Esses três, antigos colaboradores, são as pessoas que mais convivem com Lula no Palácio do Planalto. Emocional, Lula é farto na distribuição de carinhos, mas também de reprimendas.
Lula não falou da reforma ministerial, apesar de pretender realizá-la na primeira quinzena de janeiro. "Em casa de enforcado não se fala de corda", brincou um ministro, ao relatar à Folha o discurso de cerca de 20 minutos que Lula fez antes do jantar.
Falando ao microfone, Lula disse que o governo conseguiu "estabelecer um padrão de confiança, depois de ter tomado posse sem que ninguém acreditasse [na sua capacidade de governar]". Logo depois Lula previu que o governo seria mais cobrado pela população em 2004 e voltou a dizer que o ano que vem ainda não será o dos seus "sonhos", mas que será "melhor" do que 2003.
Numa deferência, o presidente pediu a José Dirceu (Casa Civil) que discursasse. "Tenho que falar rápido porque a Marisa quer dançar com o Lula", brincou Dirceu sobre a primeira-dama.
O ministro também agradeceu "o esforço" da equipe. E reconheceu erros: "Nós sabemos que houve problemas, como em todo primeiro ano de governo".

Presentes e sorteio
Em clima descontraído, Marisa Letícia da Silva organizou de surpresa um sorteio para distribuir presentes aos ministros. Na chegada, os ministros receberam um número das mãos dela. Parte dos presentes, como papiros e caixinhas de jóias, foi trazida da viagem de Lula aos países árabes.
Exemplos: Walfrido Mares Guia (Turismo) ganhou um papiro com a figura do faraó egípcio Tutankamon (1340 a.C.-1322 a.C.); Miro Teixeira (Comunicações), um licor de amarula, e Márcio Thomaz Bastos (Justiça), um vinho tinto argelino.
Lula começou o sorteio. Em seguida, convidou o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) a tomar o seu lugar. Palocci, por sua vez, chamou Dirceu: "Para ninguém falar que estou distribuindo [presentes] demais, deixa eu chamar o Zé Dirceu", disse, ironizando a si mesmo.
Encerrado o discurso de Dirceu, que ganhou uma garrafa de cachaça de Januária (MG), Lula dançou com Marisa. Nem nesse momento o presidente tirou o chapéu panamá que ganhara de presente do ministro Mares Guia.
Ao contrário de outras vezes, nenhum ministro cantou, apesar de alguns terem se preparado. A dupla Thomaz Bastos e Miro Teixeira, por exemplo, chegou a ensaiar uma versão de "Ronda", canção clássica do compositor Paulo Vanzolini. Ao ministro da Justiça caberia apenas o verso final: "Cena de sangue num bar da avenida São João".
Mas só se ouviam músicas colocadas por um funcionário da Presidência, que atendia a pedidos. Os poucos ministros que foram de gravata livraram-se do apetrecho no decorrer da festa. Apenas o vice-presidente, José Alencar, não tirou o paletó e a gravata.


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