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UM ANO DE LULA
Em jantar de confraternização com ministros, Lula diz que governo será cobrado por "mais realizações"
Presidente prevê mais cobrança em 2004
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em jantar de confraternização
anteontem com seus ministros na
Granja do Torto, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva previu
que "2004 será difícil". ""O governo será cobrado a fazer mais realizações, a mostrar mais resultados." De acordo com o relato de
ministros à Folha, Lula também
pediu "desculpa" à sua equipe por
"broncas" e "excessos cometidos
no dia-a-dia".
Ao se desculpar, Lula citou três
auxiliares: o chefe de gabinete,
Gilberto Carvalho, a assessora especial Clara Ant e a secretária Mônica Cristina Zerbinato. Esses
três, antigos colaboradores, são as
pessoas que mais convivem com
Lula no Palácio do Planalto. Emocional, Lula é farto na distribuição
de carinhos, mas também de reprimendas.
Lula não falou da reforma ministerial, apesar de pretender realizá-la na primeira quinzena de janeiro. "Em casa de enforcado não
se fala de corda", brincou um ministro, ao relatar à Folha o discurso de cerca de 20 minutos que Lula fez antes do jantar.
Falando ao microfone, Lula disse que o governo conseguiu "estabelecer um padrão de confiança,
depois de ter tomado posse sem
que ninguém acreditasse [na sua
capacidade de governar]". Logo
depois Lula previu que o governo
seria mais cobrado pela população em 2004 e voltou a dizer que o
ano que vem ainda não será o dos
seus "sonhos", mas que será "melhor" do que 2003.
Numa deferência, o presidente
pediu a José Dirceu (Casa Civil)
que discursasse. "Tenho que falar
rápido porque a Marisa quer dançar com o Lula", brincou Dirceu
sobre a primeira-dama.
O ministro também agradeceu
"o esforço" da equipe. E reconheceu erros: "Nós sabemos que houve problemas, como em todo primeiro ano de governo".
Presentes e sorteio
Em clima descontraído, Marisa
Letícia da Silva organizou de surpresa um sorteio para distribuir
presentes aos ministros. Na chegada, os ministros receberam um
número das mãos dela. Parte dos
presentes, como papiros e caixinhas de jóias, foi trazida da viagem de Lula aos países árabes.
Exemplos: Walfrido Mares Guia
(Turismo) ganhou um papiro
com a figura do faraó egípcio Tutankamon (1340 a.C.-1322 a.C.);
Miro Teixeira (Comunicações),
um licor de amarula, e Márcio
Thomaz Bastos (Justiça), um vinho tinto argelino.
Lula começou o sorteio. Em seguida, convidou o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) a tomar o seu lugar. Palocci, por sua
vez, chamou Dirceu: "Para ninguém falar que estou distribuindo
[presentes] demais, deixa eu chamar o Zé Dirceu", disse, ironizando a si mesmo.
Encerrado o discurso de Dirceu,
que ganhou uma garrafa de cachaça de Januária (MG), Lula
dançou com Marisa. Nem nesse
momento o presidente tirou o
chapéu panamá que ganhara de
presente do ministro Mares Guia.
Ao contrário de outras vezes,
nenhum ministro cantou, apesar
de alguns terem se preparado. A
dupla Thomaz Bastos e Miro Teixeira, por exemplo, chegou a ensaiar uma versão de "Ronda",
canção clássica do compositor
Paulo Vanzolini. Ao ministro da
Justiça caberia apenas o verso final: "Cena de sangue num bar da
avenida São João".
Mas só se ouviam músicas colocadas por um funcionário da Presidência, que atendia a pedidos.
Os poucos ministros que foram
de gravata livraram-se do apetrecho no decorrer da festa. Apenas
o vice-presidente, José Alencar,
não tirou o paletó e a gravata.
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