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UM ANO DE LULA
Presidente repete prognóstico de Palocci sobre desemprego em 2004
Crescimento não basta para gerar emprego, discursa Lula
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva afirmou ontem que o crescimento da economia em 2004 não
será suficiente para que haja
maior geração de empregos.
Para Lula, o aquecimento da
produção e do consumo, sem a
adoção de outras medidas de ampliação do mercado de trabalho,
não levará por si só à queda nas
taxas de desemprego.
"Não basta a economia crescer.
Com os avanços tecnológicos no
mundo, muitas vezes uma empresa aumenta sua produtividade, sua rentabilidade e não gera
um posto de trabalho", disse o
presidente, durante encontro
com representantes de catadores
de material reciclável.
Em reunião do Diretório Nacional do PT, há dez dias, o ministro
Antonio Palocci Filho (Fazenda)
havia dito a petistas que em 2004
poderá haver aumento do desemprego, mesmo com um melhor
desempenho da economia.
Na avaliação do ministro, com o
aquecimento da economia muitas
pessoas que estavam afastadas do
mercado de trabalho voltam a
procurar emprego, o que impediria um recuo da taxa.
Mais envolvimento
Ontem presidente afirmou que
será necessário "envolver a sociedade brasileira e o que tiver de especialistas neste país para discutir
a geração de empregos".
Ao lado de Luiz Marinho, presidente da CUT (Central Única dos
Trabalhadores), pediu também o
envolvimento do movimento sindical no combate ao desemprego,
mas não chegou a falar em nenhuma medida concreta para que
haja a abertura de novos postos
de trabalho no ano que vem.
O Ipea (Instituto de Pesquisa e
Economia Aplicada), ligado ao
Ministério do Planejamento, prevê um crescimento de 3,6% do
PIB no ano que vem. Já a projeção
para 2003 é de 0,2%.
Anteontem, em almoço com
parlamentares aliados, Lula havia
dito que 2004 não será o "ano dos
sonhos" na economia. Para uma
platéia de pouco mais de cem pessoas, formada em parte por moradores de rua, o presidente tentou
ser mais otimista.
Durante seu discurso, em cima
de um pequeno palanque, Lula
pediu, mais uma vez, paciência
aos seus ouvintes. Disse que "as
coisas nunca acontecem no tempo e na rapidez que a gente precisa que elas aconteçam".
No mês de novembro, a taxa de
desemprego registrada foi de
12,2%, segundo o IBGE. No mês
anterior, o desemprego havia sido
de 12,9%. Foi a primeira queda
significativa do ano em razão do
aumento de vagas do setor informal da economia. Em novembro
de 2002, a taxa foi de 10,9%.
O presidente fez as declarações
ao lado da prefeita paulistana,
Marta Suplicy (PT), candidata à
reeleição no ano que vem. Minutos antes, Marta também havia
feito um discurso para os catadores com o mesmo teor que o de
Lula. "O primeiro ato do governo
[municipal] petista foi um almoço com o povo de rua no centro da
cidade", disse a prefeita. Depois
Lula a acompanhou em visita a
outro projeto da prefeitura na zona oeste.
Emoções e calculadora
No encontro, Lula disse "não ser
possível governar um país" se a
cabeça do presidente "funcionar
como uma calculadora". "O ser
humano é motivado por emoções. Temos de vir aqui [organização não-governamental que faz
trabalho com catadores e moradores de rua] para sentir na pele
como vive boa parte do povo."
Ao comentar eventual preconceito sofrido pelos catadores, declarou: "O preconceito deveria ser
contra aquele que estava no carro
e jogou uma latinha no chão".
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