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São Paulo, quarta-feira, 24 de dezembro de 2003

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UM ANO DE LULA

Presidente repete prognóstico de Palocci sobre desemprego em 2004

Crescimento não basta para gerar emprego, discursa Lula

JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que o crescimento da economia em 2004 não será suficiente para que haja maior geração de empregos.
Para Lula, o aquecimento da produção e do consumo, sem a adoção de outras medidas de ampliação do mercado de trabalho, não levará por si só à queda nas taxas de desemprego.
"Não basta a economia crescer. Com os avanços tecnológicos no mundo, muitas vezes uma empresa aumenta sua produtividade, sua rentabilidade e não gera um posto de trabalho", disse o presidente, durante encontro com representantes de catadores de material reciclável.
Em reunião do Diretório Nacional do PT, há dez dias, o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) havia dito a petistas que em 2004 poderá haver aumento do desemprego, mesmo com um melhor desempenho da economia.
Na avaliação do ministro, com o aquecimento da economia muitas pessoas que estavam afastadas do mercado de trabalho voltam a procurar emprego, o que impediria um recuo da taxa.

Mais envolvimento
Ontem presidente afirmou que será necessário "envolver a sociedade brasileira e o que tiver de especialistas neste país para discutir a geração de empregos".
Ao lado de Luiz Marinho, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), pediu também o envolvimento do movimento sindical no combate ao desemprego, mas não chegou a falar em nenhuma medida concreta para que haja a abertura de novos postos de trabalho no ano que vem.
O Ipea (Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada), ligado ao Ministério do Planejamento, prevê um crescimento de 3,6% do PIB no ano que vem. Já a projeção para 2003 é de 0,2%.
Anteontem, em almoço com parlamentares aliados, Lula havia dito que 2004 não será o "ano dos sonhos" na economia. Para uma platéia de pouco mais de cem pessoas, formada em parte por moradores de rua, o presidente tentou ser mais otimista.
Durante seu discurso, em cima de um pequeno palanque, Lula pediu, mais uma vez, paciência aos seus ouvintes. Disse que "as coisas nunca acontecem no tempo e na rapidez que a gente precisa que elas aconteçam".
No mês de novembro, a taxa de desemprego registrada foi de 12,2%, segundo o IBGE. No mês anterior, o desemprego havia sido de 12,9%. Foi a primeira queda significativa do ano em razão do aumento de vagas do setor informal da economia. Em novembro de 2002, a taxa foi de 10,9%.
O presidente fez as declarações ao lado da prefeita paulistana, Marta Suplicy (PT), candidata à reeleição no ano que vem. Minutos antes, Marta também havia feito um discurso para os catadores com o mesmo teor que o de Lula. "O primeiro ato do governo [municipal] petista foi um almoço com o povo de rua no centro da cidade", disse a prefeita. Depois Lula a acompanhou em visita a outro projeto da prefeitura na zona oeste.

Emoções e calculadora
No encontro, Lula disse "não ser possível governar um país" se a cabeça do presidente "funcionar como uma calculadora". "O ser humano é motivado por emoções. Temos de vir aqui [organização não-governamental que faz trabalho com catadores e moradores de rua] para sentir na pele como vive boa parte do povo."
Ao comentar eventual preconceito sofrido pelos catadores, declarou: "O preconceito deveria ser contra aquele que estava no carro e jogou uma latinha no chão".


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