São Paulo, quinta, 24 de dezembro de 1998

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DISTRIBUIÇÃO DE VAGAS
FHC cria mais três secretarias de Estado; ACM é quem mais ganha com mudanças no Executivo
Alianças impedem a redução de cargos

DANIEL BRAMATTI
da Sucursal de Brasília


O presidente Fernando Henrique Cardoso reduzirá o número de ministérios de 24 para 21 no segundo mandato, mas o primeiro escalão do Executivo continuará com o mesmo número de vagas (30), graças à criação de três secretarias de Estado -ao todo, serão agora nove secretarias.
As novas secretarias criadas são: de Administração e Patrimônio; das Relações Institucionais, e de Planejamento e Avaliação.
O enxugamento idealizado por FHC, com a fusão de alguns ministérios, teve de ser deixado de lado por causa da necessidade de acomodar as indicações dos partidos aliados no organograma do Executivo. O presidente contemplou até as alas em que se dividem os partidos governistas.
Quem mais espaço ganhou no rateio dos cargos foi o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Por causa dele, FHC desistiu de criar o Ministério da Infra-Estrutura, que reuniria, sob o comando do PMDB, Transportes, Comunicações e Minas e Energia.
Em vez de ser extinto, o Ministério de Minas e Energia continua nas mãos de um apadrinhado de ACM. Sai o baiano Raimundo Brito, entra o baiano Rodolfo Tourinho. Outro aliado de ACM, o senador Elcio Alvares (PFL-ES), vai comandar o Ministério da Defesa, cuja criação significará a eliminação de quatro pastas: Exército, Marinha, Aeronáutica e Estado-Maior das Forças Armadas.
ACM também avalizou a nomeação do deputado pefelista José Sarney Filho (MA) para o Ministério do Meio Ambiente -indicação que, formalmente, partiu do senador José Sarney (PMDB-AP).
FHC chegou a discutir a nomeação do cantor e compositor Gilberto Gil, do Partido Verde, para o Meio Ambiente. Desistiu da idéia depois que o partido entregou uma lista de condições -uma delas era que o ministério ficasse de fora do rateio político de cargos.
Outra fusão descartada foi a das pastas da Educação e de Ciência e Tecnologia. A última pasta acabou reservada para o tucano Luiz Carlos Bresser Pereira, coordenador financeiro da campanha de FHC, que ficou sem lugar com o fim do Ministério da Administração.
O Ministério dos Esportes, criado em 95 para Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, deveria ser extinto caso ele não voltasse ao governo. Mas FHC resolveu mantê-lo e incrementá-lo com a área do turismo, que "sobrou" na reestruturação do Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo, futuro Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio.
A pasta de Esportes e Turismo foi transformada em prêmio de consolação para o pefelista Rafael Greca, ex-prefeito de Curitiba. Ele era cotado para o anunciado Ministério do Desenvolvimento Urbano, cuja criação FHC decidiu adiar. Greca representa o PFL do Sul, ligado a Bornhausen.
A ala do PMDB goiano de Iris Rezende, ex-ministro da Justiça, subiu de status: a secretaria de Desenvolvimento Regional virou ministério (Políticas Regionais) e deve ganhar a área de irrigação. O afilhado Ovídio de Angelis continuará no comando do setor.
O ministro do Trabalho, Edward Amadeo, perdeu o cargo para o pepebista Francisco Dornelles, mas será compensado com a Secretaria de Estado de Planejamento e Avaliação, subordinada diretamente à Presidência da República.
Cláudia Costin assumirá a Secretaria de Estado da Administração e do Patrimônio. José Gregori, secretário Nacional de Direitos Humanos, deixa ganha o status de secretário de Estado.



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