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São Paulo, sábado, 25 de janeiro de 2003

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RIO

Segundo Bispo Rodrigues (PL), Valdeci de Paiva (PSL) recebeu ameaças de morte

Deputado evangélico é assassinado

FABIANA CIMIERI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O deputado federal Valdeci de Paiva (PSL-RJ), 49, foi assassinado ontem de manhã com 19 tiros de pistola, em Benfica, na zona norte do Rio. O deputado chegou a ser levado ao Hospital Central do Exército, no bairro, mas morreu a caminho.
A PF (Polícia Federal) e a Delegacia de Homicídios estão investigando o caso. O chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins, disse que a primeira impressão é a de que houve "execução". "Não acreditamos na hipótese de roubo e não descartamos o crime político", disse.
Deputados e senadores amigos de Paiva ofereceram R$ 30 mil para quem fornecer pistas sobre o mandante do crime. Eles disseram acreditar que tenha havido motivação política. Paiva tinha sido eleito deputado estadual e assumiria o cargo daqui a seis dias.
"Só vejo a causa política. O deputado nunca havia recebido ameaças de morte. Após as eleições, começaram as ameaças por telefone. Diziam que ele não iria assumir", disse o deputado federal Bispo Rodrigues (RJ), vice-presidente do PL.
Rodrigues disse suspeitar do suplente do PSL, o ex-policial militar Marcos Abrahão. O deputado estadual Eli Patrício (PFL) insinuou que o suplente teria motivo e "estrutura" para cometer o crime, "por ser PM".
Até as 19h30 de ontem, a Folha não havia conseguido ouvir Abrahão. Ele estaria em Saquarema, cidade litorânea do Estado do Rio.
Paiva foi eleito deputado federal pelo PSDB fluminense, em 1998. Durante o mandato, se transferiu para o PSL. Radialista e pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, integrava a bancada evangélica na Câmara e era muito ligado a Bispo Rodrigues.
O assassinato aconteceu por volta das 10h15. O deputado dirigia um Passat em direção à sede regional do PL, que costumava visitar às sextas-feiras.

Disparos
Segundo o delegado Luiz Alberto de Oliveira, a cerca de 15 metros da entrada da garagem um Gol cinza emparelhou com o carro do deputado. Um homem saiu do Gol e fez vários disparos. O motorista também atirou. Havia um outro carro participando da ação.
Um funcionário do PL assistiu à cena. Ele ouviu os disparos e foi ver o que acontecia.
De acordo com o funcionário, o motorista do Gol percebeu que estavam sendo vistos e chegou a apontar a arma para ele, que está sob a proteção da polícia e não teve o nome revelado.
Quatro câmeras faziam o monitoramento da rua -duas delas da Rede Record, vizinha da sede do partido. A polícia vai verificar se alguém da Record assistiu o crime pelo monitor. Nenhuma das câmeras gravam.
O corpo do pastor foi velado na Assembléia e será enterrado hoje, às 10h, no cemitério de Inhaúma (zona norte). Era casado e deixa dois filhos.


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