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OUTRO LADO
"Não falei como advogado"
DA REPORTAGEM LOCAL
"Quando houve essa conversa,
falei não como advogado ou
membro do Ministério Público,
mas como o amigo de alguém que
estava em desespero e que havia
cometido um ato bárbaro", diz o
subprocurador-geral da República Antônio Augusto Cesar.
"Estou confirmando o telefonema. O fato existiu, não me furto a
responder. Mas não vejo nada
que tenha a ver com a investigação da Operação Anaconda", diz.
Sobre a orientação que deu para
César Herman Rodriguez provocar lesões e simular legítima defesa, Antônio Augusto diz que, "de
fato, devo ter sugerido. Foi em
consideração à vida dele, que precisava continuar para tomar conta do filho. A ex-mulher dele o
perseguia", diz. "O mal já estava
feito, não é um ato aprovável. Mas
ele é pai, e minha participação era
para dar continuidade à vida dele
e pela manutenção das coisas."
Ele diz que não sabe se Rodriguez fez o que sugeriu. "Eu só tive
a palavra dele", diz. "Não sei se o
fato [a agressão] ocorreu."
Sobre a outra conversa grampeada, diz que eventualmente
"trocava idéias" sobre processos
judiciais com o agente. "Conversamos mais de uma vez", disse.
Ele não revelou quem seria o
"papa", citado em código na conversa gravada pela Operação
Anaconda. "Não tenho a menor
idéia do que se trata." Disse também desconhecer o significado
das expressões "gato" e "telhado",
embora tenha usado essa última.
O subprocurador negou ter
atuado como advogado no processo movido por Norma Cunha
contra seu ex-marido, o juiz João
Carlos da Rocha Mattos. Ele não
quis comentar o teor da conversa
gravada, alegando que, primeiro,
queria conhecer o processo.
"Não conheço absolutamente
nada. O processo para mim é, de
fato, sigiloso", afirmou.
Ele disse ter tido acesso apenas a
um relatório que narra a prisão de
Rodriguez, quando o policial federal teria estranhado o motivo
pelo qual o "procurador não foi
preso", e à alegação da PF de que
ele teria se manifestado contra a
apreensão de documentos seus
no escritório de Passarelli.
"Essa informação é inverídica,
não pedi nada a ninguém", diz.
Sobre o processo envolvendo
Soliman Taman, em que atuou
como subprocurador no Superior
Tribunal de Justiça, ele diz que
Taman foi representado por Rodriguez. "Doutor César havia pedido a revogação da prisão de Taman. Eu me opus. Recorri para
que ele voltasse para a cadeia. Perdi no STJ e recorri contra a concessão de liminar. Eu me opus
duas vezes", afirma.
Ele diz que, depois, o Supremo
Tribunal Federal decidiu contra a
pretensão de Rodriguez.
"Não que eu não conhecesse o
César. Não tinha nenhum impedimento. Mas na época não estava no escritório [de César]. Eu
discuto teses e atuo como fiscal do
cumprimento da lei", diz.
Sobre a compra de uma Mercedes de Rodriguez, disse que precisava "olhar os autos" antes de
confirmá-la ou desmenti-la.
O subprocurador disse que desde novembro último se apresentou "algumas vezes" espontaneamente à corregedoria da Procuradoria Geral da República, em Brasília, para tomar conhecimento
das acusações da Operação Anaconda e "oferecer as explicações".
Disse que a corregedoria ainda
não tomou seu depoimento.
"Darei todas as explicações à
corregedoria", disse. Afirmou
que, para que "ninguém diga que
estou influindo em algum processo", tomou a iniciativa de pedir
uma licença-prêmio e de gozar férias vencidas. As férias acabarão
no dia 7. Antônio Augusto diz que
ainda não decidiu se pedirá afastamento do cargo.
Procurado, o advogado de César Herman Rodriguez, Hermínio
Marques Porto Jr., não ligou de
volta para a Folha.
(FV e RV)
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