São Paulo, quarta-feira, 25 de janeiro de 2006

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FÓRUM SOCIAL MUNDIAL

Alunos de universidade de Minas iam para evento em Caracas

Acidente de ônibus no Peru mata 4 estudantes brasileiros

DA FOLHA ONLINE
DA REDAÇÃO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE


Quatro estudantes brasileiros morreram em um acidente na madrugada de ontem na região da Curva de la Cura, em Uchumayo, departamento de Arequipa (cerca de 1.000 km ao sul de Lima), no Peru. Os estudantes viajavam em um ônibus com outros 36 alunos da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) para o Fórum Social Mundial, que começou ontem em Caracas.
Pedro Coelho D'Ávila Corrêia, de ciências da computação; Roberto Tadeu de Melo Barbosa, de engenharia de produção; Taís Palmerston, de odontologia; e Thiers Laje Bretas, de geografia, não resistiram aos ferimentos provocados pelo acidente, que aconteceu às 23h10 de segunda no horário local (2h10 de ontem em Brasília). Todos tinham menos de 25 anos.
Outros 30 estudantes e os dois motoristas que se revezavam na direção ficaram feridos e foram levados para três hospitais -17 ainda permaneciam internados até o fechamento desta edição, mas, segundo a UFMG, eles não correm risco de morte. Os demais estão em um hotel pago pelo consulado do Brasil em Arequipa.
De acordo com o relato da estudante de comunicação social Marina Utsch à assessoria de imprensa da UFMG, o ônibus não conseguiu fazer uma curva em um terreno muito acidentado, tombou para o lado esquerdo e bateu em uma pedra, que o impediu de cair em uma ribanceira.
Segundo as primeiras informações da polícia peruana, o acidente foi provocado por excesso de velocidade. O estudante de história Adriano Domeniconi de Andrade Ávila, 20, um dos passageiros do ônibus, disse à família que o veículo estava em alta velocidade na hora do tombamento.
"Ele disse que o motorista estava muito acelerado e entrou em uma curva fechada muito rápido", disse Maria Cristina Domeniconi, mãe de Adriano. Segundo ela, o filho disse que o ônibus bateu em várias encostas de pedra e parou a 100 m de uma ribanceira.
"Pela forma como o acidente foi descrito, o ônibus estava em velocidade inadequada para a estrada", disse Osmano Valente, pai do estudante de direito Mário Schettino Valente, 20, que também não se machucou no acidente.
"Agora só desejamos regressar ao nosso país", disse um dos sobreviventes em declarações a um canal de TV local. Outro afirmou que "as janelas se quebraram e alguns saíram disparados por elas". "Alguns de meus companheiros ficaram presos entre as ferragens e foram resgatados pela equipe de socorro", disse um terceiro.

Frete
O ônibus foi contratado pelo diretório dos estudantes da UFMG e fretado pela empresa Labtur Turismo e Excursões. Ele saiu de Belo Horizonte há uma semana para levar os alunos para Cáceres (MT), Bolívia, Peru e Caracas. O fórum começou ontem, mas o ônibus só chegaria à cidade hoje.
A viagem foi autorizada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres até o posto de fronteira de Tumbes, Peru -após o local do acidente. O Brasil não mantém, diz a agência, acordos com Equador, Colômbia e Venezuela para transporte terrestre turístico.
Segundo o representante da Labtur Marcos Lúcio, o atraso na chegada ocorreu porque o ônibus foi impedido de cruzar a fronteira com a Bolívia à noite e, por isso, os estudantes tiveram que dormir em Cáceres. A Polícia Rodoviária do Peru diz que 24 pessoas morreram só neste mês em acidentes de ônibus nas estradas do país.
Outro representante da empresa, Junio Inês da Silva descartou a hipótese de problemas mecânicos no ônibus terem causado o acidente. Disse que o percurso foi escolhido porque a rodovia entre Porto Velho (RO) e Manaus (AM) está em péssimas condições.
O Itamaraty anunciou que o governo brasileiro enviará um avião da FAB a Arequipa para trazer de volta as vítimas. A chegada ao Peru está prevista para 16h de hoje e o pouso em Belo Horizonte, para meia-noite. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a embaixada do Brasil em Lima foi instruída a deslocar funcionário para o local do acidente para acompanhar os trabalhos.
Parentes podem solicitar mais informações na DAC (Divisão de Assistência Consular), pelos telefones 0/xx/61/3411-6999 ou 0/xx/ 61/9976-8205 ou pelo e-mail dac@mre.gov.br.


Com agências internacionais

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