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São Paulo, terça-feira, 25 de fevereiro de 2003

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BASE DO PODER

Em reunião, cúpula petista discute desmembrar Planejamento

Para atrair PMDB, Planalto cogita criar 30º ministério

Bruno Stuckert/Folha Imagem
O senador Aloizio Mercadante, que foi à reunião em que foi discutida a criação de pasta ao PMDB


KENNEDY ALENCAR
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discutiu ontem com a cúpula do governo a possibilidade de criar um novo ministério, cujo comando seria entregue ao PMDB. A hipótese mais forte até ontem era o desmembramento do Planejamento em duas pastas, com o nascimento do Ministério da Administração.
A avaliação governista é que postos de segundo e terceiro escalão, como diretorias de estatais e de bancos oficiais, poderão não ser suficientes para comprometer o partido com o governo. Por comprometer o partido, leia-se: ter o máximo possível dos votos dos 70 deputados federais e 20 senadores. Um ministério daria maior "peso institucional" à integração formal do PMDB à base do presidente Lula.
A reunião que debateu a possibilidade de criar o 30º ministério, um recorde na história recente do Brasil, aconteceu ontem de manhã. Estiveram presentes os ministros José Dirceu (Casa Civil), Antonio Palocci Filho (Fazenda) e Luiz Gushiken (Comunicação de Governo), além do líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), e do presidente do partido, José Genoino.

Desgaste
Genoino e Mercadante participaram da reunião porque Dirceu está desgastado com parte da cúpula do PMDB. No ano passado, Lula desautorizou Dirceu, que chegara a anunciar publicamente a possibilidade de dar dois ministérios ao partido em troca de apoio. Agora, os peemedebistas descartaram Dirceu. Querem falar diretamente com Lula ou com novos interlocutores, como Mercadante e Genoino.
A idéia de desmembrar o Planejamento foi reforçada depois que o próprio ministro da pasta, Guido Mantega, reclamou internamente do excesso de atribuições. Mantega não estaria dando conta do recado. Se nascer o Ministério da Administração, Mantega pode ficar no Planejamento ou ocupar o novo posto. A outra possibilidade, se a idéia vingar, é o PMDB ficar com a Administração.
Não estão descartadas também uma troca de cadeiras ou até o surgimento de uma outra pasta nova, mas ontem essas alternativas tinham menos apoio do que o simples desmembramento do Planejamento.

PMDB no aguardo
Apesar de adotar com maior ênfase a partir de hoje o discurso de que não pleiteia cargos no governo, a direção do PMDB ainda aguarda uma proposta de Lula para aderir. O presidente do partido, deputado Michel Temer (SP), discursará hoje no plenário da Câmara para afirmar que as propostas de reforma previdenciária e tributária divulgadas pelo governo têm muita semelhança com as propostas do PMDB.
Nas palavras de um dirigente do partido, o discurso "significa o segundo passo" rumo ao entendimento. O primeiro teria sido o café da manhã dominical entre Lula e três caciques peemedebistas -o presidente do Senado, José Sarney (AP), e os líderes no Senado, Renan Calheiros (AL), e na Câmara, Eunício Oliveira (CE).


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