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BASE DO PODER
Em reunião, cúpula petista discute desmembrar Planejamento
Para atrair PMDB, Planalto cogita criar 30º ministério
Bruno Stuckert/Folha Imagem
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O senador Aloizio Mercadante, que foi à reunião em que foi discutida a criação de pasta ao PMDB |
KENNEDY ALENCAR
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva discutiu ontem com a cúpula do governo a possibilidade de
criar um novo ministério, cujo comando seria entregue ao PMDB.
A hipótese mais forte até ontem
era o desmembramento do Planejamento em duas pastas, com o
nascimento do Ministério da Administração.
A avaliação governista é que
postos de segundo e terceiro escalão, como diretorias de estatais e
de bancos oficiais, poderão não
ser suficientes para comprometer
o partido com o governo. Por
comprometer o partido, leia-se:
ter o máximo possível dos votos
dos 70 deputados federais e 20 senadores. Um ministério daria
maior "peso institucional" à integração formal do PMDB à base do
presidente Lula.
A reunião que debateu a possibilidade de criar o 30º ministério,
um recorde na história recente do
Brasil, aconteceu ontem de manhã. Estiveram presentes os ministros José Dirceu (Casa Civil),
Antonio Palocci Filho (Fazenda) e
Luiz Gushiken (Comunicação de
Governo), além do líder do PT no
Senado, Aloizio Mercadante (SP),
e do presidente do partido, José
Genoino.
Desgaste
Genoino e Mercadante participaram da reunião porque Dirceu
está desgastado com parte da cúpula do PMDB. No ano passado,
Lula desautorizou Dirceu, que
chegara a anunciar publicamente
a possibilidade de dar dois ministérios ao partido em troca de
apoio. Agora, os peemedebistas
descartaram Dirceu. Querem falar diretamente com Lula ou com
novos interlocutores, como Mercadante e Genoino.
A idéia de desmembrar o Planejamento foi reforçada depois que
o próprio ministro da pasta, Guido Mantega, reclamou internamente do excesso de atribuições.
Mantega não estaria dando conta
do recado. Se nascer o Ministério
da Administração, Mantega pode
ficar no Planejamento ou ocupar
o novo posto. A outra possibilidade, se a idéia vingar, é o PMDB ficar com a Administração.
Não estão descartadas também
uma troca de cadeiras ou até o
surgimento de uma outra pasta
nova, mas ontem essas alternativas tinham menos apoio do que o
simples desmembramento do
Planejamento.
PMDB no aguardo
Apesar de adotar com maior ênfase a partir de hoje o discurso de
que não pleiteia cargos no governo, a direção do PMDB ainda
aguarda uma proposta de Lula
para aderir. O presidente do partido, deputado Michel Temer (SP),
discursará hoje no plenário da
Câmara para afirmar que as propostas de reforma previdenciária
e tributária divulgadas pelo governo têm muita semelhança com
as propostas do PMDB.
Nas palavras de um dirigente do
partido, o discurso "significa o segundo passo" rumo ao entendimento. O primeiro teria sido o café da manhã dominical entre Lula
e três caciques peemedebistas -o
presidente do Senado, José Sarney (AP), e os líderes no Senado,
Renan Calheiros (AL), e na Câmara, Eunício Oliveira (CE).
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