São Paulo, quarta-feira, 25 de fevereiro de 2004

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PAINEL

Erva cidreira
Antonio Palocci aproveitou o Carnaval para, em nome de Lula, conversar com empresários. Procurou assegurá-los de que o solavanco político não afetará a economia, descartando a hipótese de o governo abrir o cofre para contornar as pressões.

Em má hora
Abalado pelo caso Waldomiro Diniz, o humor do governo não deve melhorar com o anúncio oficial, a ser feito na virada do mês, do crescimento do PIB em 2003, pouco superior a zero.

Redução de riscos
Já que não pode evitar o ato de desagravo a José Dirceu inventado pelo PT, o governo orientará seus funcionários a não comparecer em carros oficiais. Para completar, o evento não será realizado em espaço público.

Em resposta
O PT gaúcho abriu sindicância interna para apurar as denúncias de doação de empresários do jogo para campanhas do partido feitas por José Vicente Brizola, ex-presidente da Lotergs.

Hora do refresco
Ameaçado de cassação, Joaquim Roriz (PMDB-DF) comemora o desgaste de seus adversários. Primeiro, Cristovam Buarque perdeu o Ministério da Educação. Agora, Geraldo Magela e Agnelo Queiroz estão às voltas com a crise dos bingos.

Nada feito
O Planalto recusou a indicação peemedebista do ex-senador Carlos Bezerra (MT) para a direção do INSS. O partido pode ficar com o cargo, mas terá de sugerir outro nome para ocupá-lo.

Mãos amarradas
Noam Chomsky suavizou suas críticas recentes a Lula. Em Harvard, na véspera do Carnaval, o lingüista disse que o presidente só não faz mais por culpa do neoliberalismo. "Se ele tivesse tentado implementar as políticas para as quais foi eleito, os capitais teriam fugido do pais."

Pão e água
O governo federal não investiu nem um centavo em 548 dos cerca de 1.500 projetos previstos no Orçamento de 2003. As propostas que receberam 100% ou mais do investimento programado foram apenas 35.

Fim da fila
Entre os projetos que atravessaram o ano passado sem investimento nenhum estão as pesquisas sobre o HIV, o controle do diabetes, a reforma do ensino médio, a construção de anéis rodoviários no Sudeste e a integração das polícias estaduais.

Defesa em alta
Dos 35 projetos que cumpriram ou superaram sua meta de investimentos, 7 são do Ministério da Defesa. Nessa pasta estão os três que proporcionalmente mais receberam: Sinalização Náutica, Hidrografia e Cartografia Náutica e Implantação do Sistema de Aviação do Exército.

Conta fechada
Os dados sobre os investimentos foram obtidos no sistema eletrônico de acompanhamento dos gastos federais, que acaba de divulgar a totalização de 2003. A liberação de restos a pagar de anos anteriores permitiu que alguns projetos superassem sua previsão orçamentária.

Só no discurso
Além de não ter construído nenhum dos dez presídios prometidos por Lula em abril de 2003, o governo federal revisou novamente sua a meta para este ano. Agora, planeja erguer três, e não mais cinco detenções.

Geografia carcerária
Dos três presídios federais com inauguração prevista para este ano, um será construído no Paraná e outro em Mato Grosso do Sul. O terceiro virá de reforma a ser feita em uma casa de detenção em Cuiabá (MT).

TIROTEIO

Do presidente do PT, José Genoino, sobre as denúncias de José Vicente Brizola, diretor-geral da Lotergs na administração Olívio Dutra, de que empresários do bingo financiaram campanhas eleitorais de petistas no Rio Grande do Sul:
-O José Vicente entrou no PT denunciando o pai, Leonel Brizola, e vai sair atirando contra o próprio partido. Em respeito ao nome de sua família, prefiro apenas ignorá-lo.

CONTRAPONTO

Um passageiro muito especial

Em depoimento para um livro de histórias da militância petista, o sindicalista Álvaro Cicote narra episódio ocorrido na campanha eleitoral de 1989. Em sua primeira tentativa de chegar ao Planalto, Lula estava longe de contar com a estrutura que teve à sua disposição em 2002.
Na volta de um comício em Uberaba (MG), o candidato descansava no banco traseiro de um carro. Cicote, que dirigia, foi parado pela Polícia Rodoviária.
O soldado perguntou-lhe onde ia com tanta pressa. O sindicalista respondeu que transportava Lula, atrasado para compromissos de campanha.
Cético, o soldado chamou seu superior, que pediu novos esclarecimentos. Lula então levantou-se para cumprimentá-lo:
-Bom dia, companheiro.
Surpreso, o tenente liberou o carro imediatamente e deu ordem a seus comandados:
-O presidente precisa passar!


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