|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
INVESTIGAÇÃO
Decisão final da Justiça determina remessa de papéis bancários
Suíça enviará documentos de Maluf
ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Tribunal Federal de Justiça da
Suíça, em Lausanne, autorizou o
envio de cópia da documentação
bancária do ex-prefeito paulistano Paulo Maluf ao Brasil. Não cabe recurso contra a decisão.
Segundo especialistas suíços em
cooperação judiciária internacional ouvidos pela Folha, os papéis
deverão ser entregues à Embaixada do Brasil em Berna no máximo
duas semanas depois da publicação da decisão, o que deve ocorrer
até o final desta semana.
Paulo Maluf sempre negou a
existência de contas suas no exterior, especialmente na Suíça.
Na edição de 10 de junho de
2001, a Folha informou que as autoridades de Jersey, um paraíso
fiscal no canal da Mancha, haviam bloqueado pelo menos US$
200 milhões em contas do ex-prefeito e de familiares dele.
Um mês depois, o governo suíço enviou um ofício ao Brasil no
qual afirma que Maluf abriu uma
conta no Citibank de Genebra em
julho de 1985 e, em janeiro de
1997, transferiu o dinheiro lá depositado para uma outra conta no
mesmo banco, em Jersey.
Desde a publicação da reportagem da Folha, o Ministério Público do Estado de São Paulo e o Ministério Público Federal tentam
obter cópias da documentação
bancária do ex-prefeito.
Em fevereiro de 2002, cada órgão mandou uma carta rogatória
para a Suíça. Depois, elas foram
unificadas. Mas as informações
necessárias para a análise do pedido ainda não eram suficientes e,
por isso, a Justiça suíça pediu uma
complementação.
Foi quando o promotor Silvio
Antonio Marques, da Promotoria
de Justiça da Cidadania, enviou à
Suíça cópias de depoimentos que
acusavam Maluf de ter recebido
propina na construção de obras
viárias durante a gestão dele na
Prefeitura de São Paulo (1993-96).
Com esses documentos nas
mãos, o juiz de instrução genebrino Claude Wenger autorizou a remessa dos documentos bancários
de Maluf para o Brasil. Os advogados de Maluf, porém, entraram
com um recurso contra a decisão
no tribunal cantonal.
O ex-prefeito é defendido no caso pelo escritório Schellenberg
Wittmer, especializado em casos
de lavagem de dinheiro. O recurso de Maluf foi rejeitado pelo tribunal cantonal e seus advogados
interpuseram um último recurso
ao Tribunal Federal de Justiça,
que é a instância máxima. Maluf,
agora, perdeu definitivamente.
Após a publicação da decisão, a
documentação bancária do ex-prefeito e de familiares dele será
entregue à Embaixada do Brasil
em Berna. De lá, será remetida para o Ministério da Justiça que, por
sua vez, deverá enviá-la à Justiça
Federal e à Vara da Fazenda Pública, em São Paulo.
Os documentos são sigilosos e
somente podem ser usados para
instruir processos judiciais. Eles
mostrarão todos os depósitos feitos na conta de Maluf e todas as
transferências realizadas pela
conta -ou seja, quais outras contas receberam dinheiro proveniente dessa. Isso permitirá à Promotoria verificar se Maluf recebeu propina no exterior.
O Ministério Público paulista e
o Ministério Público Federal ainda aguardam decisões do Ministério Público de Jersey e da Justiça
da França sobre o envio de documentação sobre as contas que o
ex-prefeito manteve nos dois países. Maluf confirma a existência
da conta na França -diz que ela é
legal. O Ministério Público de Jersey já proferiu parecer favorável
ao envio da documentação.
Texto Anterior: Reforma da Previdência: Governo não regulamenta teto salarial de funcionário Próximo Texto: Outro lado: Ex-prefeito nega possuir conta bancária na Suíça Índice
|