São Paulo, domingo, 25 de fevereiro de 2007

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Deputados dizem que Estados não param no recesso

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Deputados ouvidos pela Folha defendem o uso da verba indenizatória no mês de recesso do Congresso com o argumento de que os trabalhos nos Estados não são interrompidos no período. Também lembram que o uso da cota tem previsão legal.
Alguns deputados, entretanto, defendem uma rediscussão sobre os diferentes benefícios recebidos além do salário, hoje de R$ 12,8 mil mensais.
O deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO), que afirmou ter gastos de R$ 15,1 mil em janeiro, dos quais R$ 15 mil foram justificados sob a rubrica "divulgação da atividade parlamentar", disse ter gasto o valor na produção e veiculação de vídeos referentes a projetos de sua autoria.
O deputado Gonzaga Mota (PSDB-CE), que não foi reeleito e gastou R$ 15 mil com consultoria no último mês de seu mandato, disse ter utilizado a verba para pesquisas referentes a um centro de estudos avançados do Nordeste, que promete tentar implantar. "Os órgãos do Nordeste vem sendo esvaziados", afirmou.
Também não reeleito, o deputado Babá (PSOL-PA) foi um a alegar que o fato de não ter atividade na Câmara em janeiro não interrompeu suas atividades políticas no período. "Sempre publiquei boletins", afirmou. Ele apresentou gastos de R$ 15 mil em janeiro, dos quais R$ 10,6 mil com "divulgação da atividade parlamentar".
Os ex-deputados Josias Gomes (PT-BA) e José Rajão (PSDB-DF) não quiseram explicitar com o que gastaram as verbas recebidas pela Câmara. Também não reeleito, o ex-deputado João Caldas (PR-AL), que gastou R$ 15 mil em janeiro, disse ter feito uma "prestação de contas do mandato" e defendeu que o político "tem que interagir com a sociedade".
O deputado Clóvis Corrêa (PSB-PE) reconheceu que o melhor seria aumentar o salário dos parlamentares e então reduzir ou pôr fim às cotas extras. Ele disse ter utilizado a verba para enviar correspondências com a descrição do mês em que assumiu o mandato - ele era suplente.
O deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) defendeu o uso da verba em janeiro afirmando que o trabalho do deputado em sua base aumenta no recesso.
Maninha (PSOL-DF), não reeleita, afirmou ter gasto R$ 14 mil em pagamentos de pareceres de advogados sobre a legalidade de ela continuar ou não como integrante do Parlamento do Mercosul. Ela tomou posse neste parlamento em 14 de dezembro, mas foi excluída pela Câmara com o fim de seu mandato.
A assessoria de Osvaldo Reis (PMDB-TO) apresentou à Folha todas as notas fiscais dos gastos relativos a janeiro, no valor de R$ 22,1 mil. O gasto acima do limite será compensado com um gasto menor neste mês.
Júlio César(PFL-PI), com gastos de R$ 22,7 mil, afirmou que parte do valor se refere a uma nota fiscal de fevereiro, embora o serviço tenha sido prestado em janeiro. Ele afirmou que, por estar no interior do Piauí na sexta, não tinha como detalhar em que gastou a verba. O valor excedente também será compensado por gasto menor em fevereiro.
A assessoria do deputado reeleito Alex Canziani (PTB-PR) disse, por escrito, que os R$ 12,5 mil gastos com consultoria tiveram por objetivo "subsidiar e munir o parlamentar" de pareceres sobre a implementação dos consórcios públicos. "O deputado tem como plano de trabalho para 2007 a implantação, no Paraná, de parcerias municipais na área da saúde e também a criação de vários pólos regionais do programa de ensino à distância proposto pelo Ministério da Educação, o que será efetivado através da legislação dos consórcios públicos." O deputado gastou R$ 22 mil.
A reportagem procurou outros deputados e ex-deputados, mas ou não conseguiu localizá-los ou não obteve resposta.


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